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O caminho é a Agricultura Regenerativa em Gado de Leite, diz ex-diretor global da Nestlé

Hans Jöhr, presidente da plataforma SAI e ex-chefe global da Nestlé, diz que a agricultura regenerativa na produção de laticínios é uma mudança de paradigma em direção à sustentabilidade

Durante a Live”Uma visão global da produção e consumo de produtos lácteos“, realizada pela ABRALEITE na última terça-feira (09), Hans Jöhr, presidente da Plataforma SAI, ex-Diretor Corporativo Global de Agricultura da Nestlé, trouxe um panorama da demanda mundial por lácteos, produção em diferentes geografias, precificação, percepção do consumidor, mercado variações, novas tendências e a prática da sustentabilidade. (Vídeo completo da transmissão no final deste artigo)

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Agricultura regenerativa na pecuária leiteira

Segundo Hans, o conceito de agricultura regenerativa na pecuária leiteira é extremamente importante, pois representa uma mudança fundamental em nossa abordagem para garantir um futuro sustentável e economicamente viável. “Ficaram para trás os dias em que a única responsabilidade dos fazendeiros era garantir um suprimento constante de leite para atender às demandas de inúmeras fábricas.“, disse o ex-diretor da Nestlé.

A sustentabilidade agora abrange mais do que apenas considerações ambientais; estende-se à saúde financeira da fazenda e ao bem-estar geral das gerações futuras.

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Para Hans, a sustentabilidade é igualmente vital para a viabilidade econômica da fazenda, assim como outros atributos como preservação ambiental, conservação do solo e bem-estar animal. Hoje, os consumidores buscam cada vez mais entender a origem e os métodos de produção por trás dos produtos lácteos que consomem. Eles querem saber que o leite vem de uma fonte sustentável e estão dispostos a pagar um preço mais alto por ele. Portanto, a sustentabilidade não é apenas atender às demandas dos consumidores, mas também resiliência e adaptabilidade.

A sustentabilidade também deve ser comunicada. Então, existem várias abordagens hoje, incluindo a Agricultura Regenerativa. No entanto, ainda não existem muitas regras. Porque, para mim, a Agricultura Regenerativa se baseia muito mais nas melhores aplicações e conhecimento local do que em uma receita padrão“, ele explica.

cenários adversos

Considere o cenário em que um produtor enfrenta circunstâncias imprevistas que impossibilitam o cumprimento de obrigações financeiras. Nessa situação, a continuidade da produção de leite torna-se incerta, colocando em risco toda a operação leiteira. É por isso que a resiliência, um aspecto fundamental da sustentabilidade, desempenha um papel crucial. Se a fazenda tiver implementado práticas regenerativas, como técnicas de retenção de umidade do solo, estará mais bem preparada para enfrentar o impacto de eventos como a seca. Uma fazenda com solo que absorve bem a água tem um desempenho muito melhor do que uma com solo compactado. Esses fatores estão sendo amplamente discutidos como parte de uma nova estrutura para avaliar a sustentabilidade em fazendas, uma abordagem conhecida como agricultura regenerativa.

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relevância mundial

A agricultura regenerativa vem ganhando força, com várias empresas defendendo a causa e impulsionando a inovação na pecuária leiteira. Essa abordagem transformadora está moldando o futuro da pecuária leiteira. Ele serve como o melhor meio de garantir uma nova geração de pecuaristas qualificados e visionários que garantirão a continuidade e a prosperidade do setor.

A capacidade de reestruturar tanto a infraestrutura física da fazenda quanto os métodos práticos de produção são essenciais. Isso vai além de meras considerações teóricas; envolve a implementação prática de técnicas que promovem o bem-estar animal, como garantir vacas felizes, que têm maior produção de leite em comparação com vacas infelizes. Além disso, alimentar essas vacas com forragem produzida na fazenda reduz a dependência de compras externas, mitigando a volatilidade de preços que afeta negativamente o fluxo de caixa. Em última análise, a agricultura regenerativa garante não apenas a sobrevivência econômica, mas também a atratividade para as gerações futuras se dedicarem à pecuária leiteira (sucessão familiar).

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geografias diferentes

Esse problema não está limitado a uma única região ou país. Mesmo na Suíça, onde a paisagem agrícola é dominada por operações de pequena escala, o número de fazendas diminuiu quase 50% nos últimos 20 anos. Embora o contexto suíço seja diferente devido a regulamentações e medidas ecológicas, a diminuição do interesse pela pecuária leiteira entre as gerações mais jovens é uma tendência comum observada em todo o mundo. Mesmo em regiões onde o relevo montanhoso restringe o uso da terra ao pastoreio, a manutenção da paisagem é crucial para o turismo e outras atividades econômicas. Portanto, a importância de sustentar a pecuária leiteira vai muito além de satisfazer os consumidores; é vital garantir a continuidade de todo um estilo de vida.

Em suma, a agricultura regenerativa na pecuária leiteira não é apenas um esforço superficial para agradar os clientes. Embora a satisfação do consumidor seja importante, é igualmente crucial garantir o futuro da agricultura, garantindo uma transição geracional bem-sucedida. Nesse sentido, organizações como SUPORTE desempenham um papel significativo no incentivo e promoção de práticas agrícolas regenerativas. Ao abraçar essa mudança de paradigma, podemos abrir caminho para uma indústria de laticínios resiliente e próspera que continuará a prosperar nas próximas gerações.

Assim, você pode se informar, dar sua opinião e, principalmente, desenvolver um sistema local aqui no Brasil de forma que não sejamos ditados por alguém de fora dizendo o que temos que fazer. Mas, no geral, o conceito de Agricultura Regenerativa é realmente um passo à frente do que tenho visto sendo feito há muitos anos.“, completa Hans Jöhr.

Uma visão global da produção e consumo de produtos lácteos

Assista a Live “Uma visão global da produção e consumo de laticínios” que a ABRALEITE realizou no dia 05/09, às 19h, com a participação internacional de: Hans Jöhr – presidente da SAI Platform, ex-Global Corporate Director of Agriculture da Nestlé .

A abertura foi feita por Roberto Jank Jr, 1º Vice-Presidente da ABRALEITE e Carlos Alberto Pasetti, Conselheiro da ABRALEITE. Mário A Porto Fonseca, Conselheiro da ABRALEITE, foi o moderador desta palestra. Aperte o Play e confira!

Por Vicente Delgado – AGRONEWS®

Fonte: Noticias Agricolas

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