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mesmo com saída da China, mercado interno demonstra certa robustez para sustentar preço do boi gordo em patamares próximos a R$ 250-260/@ • Portal DBO

A confirmação pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) da suspeita de um caso atípico de Encefalopatia Espongiforme Bovina – EEB (popularmente conhecida como “doença da vaca louca”) ocorreu no dia 22/02 no Estado do Pará em um animal de 9 anos, não alimentado com ração.

Segundo a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepara), a sintomatologia indicava tratar-se de uma forma atípica da doença, mas para confirmar a tipificação do agente causador, amostras foram enviadas ao laboratório da Organização Mundial para a Saúde Animal (OIE) no Canadá.

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O animal em questão foi abatido e teve sua carcaça incinerada no local e, seguindo o protocolo sanitário oficial, as exportações para a China foram temporariamente suspensas a partir desta quinta-feira, 23.

VEJA TAMBÉM | Caso de ‘vaca louca’ no Pará é confirmado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária

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Qual o impacto mensal da saída chinesa na pecuária brasileira?

Em média, são 520 mil animais por mês destinados à China e uma receita média de US$ 676 milhões, ou seja, a cada mês que passa sem a retomada das certificações, a pecuária brasileira pode ser impactada em mais de meio bilhão de dólares por mês. mês.

Quanto tempo pode demorar para resolver o caso de saúde com a OIE?

Levando em conta o retrospecto da resolução sanitária junto à OIE, estima-se que ela ocorra, no máximo, no final da próxima semana.

Quanto tempo a China pode demorar para autorizar a retomada das certificações?

É difícil estimar qualquer prazo, pois depende muito dos chineses. Em 2019 foram 10 dias de suspensão, em 2021 foram 103 dias, casos bem diferentes.

Outros países também deixarão de comprar carne brasileira temporariamente?

Provavelmente sim, considerando o que aconteceu em 2021, quando países como Filipinas, Arábia Saudita e Rússia chegaram a anunciar suspensões de importações de carne bovina brasileira.

Os preços da arroba do boi gordo brasileiro vão cair?

Sim, já que o montante que era destinado à China deve ser redirecionado em parte para o mercado interno e, com isso, o equilíbrio entre oferta e demanda ficará desregulado por um período. Mas isso não significa que os preços despenquem para R$ 200/@ em São Paulo, já que o mercado interno mostra certa robustez para sustentar o atual padrão de oferta em patamares próximos a R$ 250-260/@.

Comente detalhadamente o comportamento dos preços do boi gordo durante o caso atípico de “mal da vaca louca” registrado em 2021.

Em 2021, também tivemos casos de EEB atípica dentro do solo brasileiro. Foram dois casos (um no Mato Grosso e outro em Minas Gerais) que causaram a interrupção da certificação para a China.

Ao contrário de 2019, quando houve apenas 10 dias de suspensão, em 2021 foram 103 dias de bloqueio das certificações. Nesse período, o preço do boi gordo caiu 16,72%, atingindo a mínima de R$ 254,10/@, valor que não era observado desde outubro/20.

A recuperação do patamar de 03/09/21, de R$ 305,10/@, ocorreu apenas em 17/11/21, ou seja, 75 dias após a interrupção. Um fato que merece destaque é que essa recuperação ocorreu sem a retomada das certificações chinesas, ou seja, a adaptação dos pecuaristas e indústrias reduzindo a produção (estávamos em um ciclo de retenção feminina) e redirecionando as cargas para outros países e mercado interno. (aquecida até o final do ano) conseguiu recuperar as cotações do boi gordo.

A retomada das importações da China só ocorreu no dia 15/12/21 e, 30 dias após esse retorno, o preço do boi gordo atingiu o patamar de R$ 335,50/@, o maior valor nominal até então. Nos dados de exportação, pode-se ver a mudança no nível de comércio de carne bovina entre a China e o Brasil entre 2019 e 2021.

Até setembro/21, a China era responsável por 55% das exportações brasileiras, respondendo por 17% do consumo da produção brasileira de proteína bovina. A saída chinesa provocou queda de 56% nas exportações de carne bovina entre outubro/21 e setembro/21 e a plena recuperação nos dados oficiais só aconteceu a partir de fevereiro/22.

Diante dessa situação, nota-se que em 2021 os problemas foram mais intensos devido à BSE atípica, tanto pela paralisação nas certificações, quanto pelo patamar de importância que a China adquiriu dentro da demanda total de proteína bovina produzida em Brasil, ou seja, há uma clara relação de interdependência entre os dois países desde 2020 em termos de produção de carne bovina.

Alguma chance de minimizar os efeitos negativos?

O impacto pode ser reduzido se o Brasil conseguir pleitear junto à China a continuidade dos embarques de carne bovina de outros Estados.

Mais detalhes sobre a doença – A encefalopatia espongiforme bovina é uma doença que afeta o sistema nervoso central dos bovinos por meio de lesões degenerativas que conferem ao tecido nervoso o aspecto de uma esponja. Por causar sintomas nervosos, altera a coordenação motora do bovino e provoca intensa vocalização no animal, por isso o jargão popular chama a doença de “vaca louca”.

A etiologia da BSE pode ter várias causas, classificadas entre transmissíveis e não transmissíveis.

BSE clássica (transmissível): transmissão direta, por via oral, pela ingestão de subprodutos animais (principalmente farinha de carne e ossos) contaminados com o príon. Período de incubação de pelo menos 2 anos, possivelmente até 10 anos.

BSE atípica (não transmissível): ocorrência esporádica e espontânea geralmente em animais mais velhos, acima de 8 anos. Existe uma variante da doença conhecida como Creutzfeldt-Jakob. No Brasil já foram identificados quatro casos de EEB atípica (desenvolvida espontaneamente), que logo foram investigados e descartaram completamente a disseminação da doença e risco à saúde humana.

Nenhum caso de EEB clássico foi diagnosticado no território nacional. O Brasil é considerado pela WHOA (WOAH) como um risco insignificante.

Fonte: Portal DBO

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