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La Niña deve acabar até o final do verão

    La Nina esta enfraquecendo

    O ano de 2023 começou com pouca chuva no RS. Janeiro teve chuvas com volumes inferiores a 25 mm nas áreas limítrofes do Uruguai e da Fronteira Oeste. Com isso, a anomalia foi negativa em todo o estado. O impacto da falta de chuva foi observado nas lavouras de sequeiro, como soja e milho, e nas pastagens, que secaram. Por falta de água e pasto, houve relatos de mortes de gado, principalmente na Fronteira Oeste. A água dos reservatórios tem sido escassa na maioria dos municípios do estado do Rio Grande do Sul. Até o dia 23/02, havia 332 municípios em situação de emergência, por conta da estiagem no RS.

    A frequência das precipitações foi baixa, principalmente na Metade Oeste do RS. A temperatura do ar esteve acima da média na maioria dos dias, principalmente em relação às máximas.

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    Se as chuvas foram baixas em janeiro de 2023, a radiação solar foi alta, com anomalias positivas em quase todo o RS. A Fronteira Ocidental tinha valores dentro do NC. Para arroz irrigado e culturas de sequeiro usadas em rotação, desde que sejam irrigadas, é desejável alta radiação solar durante a formação e enchimento dos grãos para obter maiores rendimentos.

    Menos chuvas, maior radiação solar e altas temperaturas resultaram em mais um mês de alta evaporação no RS, principalmente nas regiões da Fronteira Oeste e Campanha. No extremo oeste, os volumes de evaporação de água do solo e dos reservatórios foram superiores a 270 mm.

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    Tomando como exemplo Uruguaiana, localizada na região em situação mais extrema do estado, a estação meteorológica do INMET registrou apenas 16,8 mm de precipitação em janeiro, enquanto a evaporação chegou a 275 mm. Somando-se a precipitação acumulada de setembro/2022 a janeiro/2023, o resultado foi de 204,8 mm, enquanto o NC é de 676,7 mm, ou seja, houve déficit de 471,9 mm, apenas neste período de cinco meses.

    Situação atual do fenômeno ENOS (El Niño – Oscilação Sul) e perspectivas

    A temperatura da água superficial do Oceano Pacífico Equatorial diminuiu de intensidade, mas ainda permanece no limiar que caracteriza o La Niña. A anomalia da temperatura da superfície do mar na região Niño3.4 caiu para -0,7 °C em janeiro e para apenas -0,2 °C na região Niño1+2. A temperatura da água na região Niño1+2 tem forte correlação com a quantidade de chuvas no RS. Quando as anomalias de temperatura são negativas, a tendência é que haja aqui uma diminuição da precipitação, relacionada com as estiagens entre a primavera e o verão. Pode ser que agora, com as temperaturas da água na região Niño1+2 mais próximas da normalidade, as precipitações ocorram com maior frequência no RS, em relação aos últimos meses. Outro fator importante é que as águas do Oceano Atlântico também esquentaram no último mês. Essa mudança pode favorecer as chuvas no RS nos próximos meses, principalmente na região leste. Porém, a regularidade das chuvas, para o RS como um todo, ainda pode demorar alguns meses para acontecer.

    No geral, em janeiro de 2023, o sistema acoplado oceano-atmosfera ainda era consistente com as condições de La Niña. O relatório divulgado pela NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), em 9 de fevereiro de 2023, prevê, com 85% de probabilidade, que a fase Neutra terá início no trimestre fev-mar-abr/2023 e, 94% da Neutralidade permanecerá em trimestre de março a abril a maio.

    Nas águas subterrâneas do Oceano Pacífico também se observa um enfraquecimento da bolsa de água com anomalias negativas de temperatura, principalmente nos meses de janeiro e fevereiro de 2023. Isso corrobora a previsão do fim do La Niña para os próximos meses.

    Previsão de precipitação para março, abril e maio de 2023 no RS

    Para este trimestre, o IRI (International Research Institute for Climate Society) prevê que as chuvas ficarão abaixo do NC na maior parte do RS. As previsões do modelo CFSv2 (Climate Forecast System, da NOAA) indicam chuvas abaixo do NC em março e abril, e próximas do NC em maio. Por sua vez, o modelo do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) prevê chuvas próximas ao NC no RS para o mês de março. Para abril, a previsão é de chuvas abaixo do NC, na maior parte do RS e, para maio, há maior oscilação mas, em geral, o INMET prevê chuvas próximas ao NC.

    Outros modelos apontam chuvas de março e abril de 2023 dentro ou abaixo do NC no RS, sendo que para maio há maior incerteza, com alguns modelos mostrando que as chuvas podem ficar acima do NC.

    Nos últimos dias voltou a chover em algumas regiões do RS. Entretanto, até a data de elaboração deste boletim, o acumulado do mês ainda não atingiu o valor mensal esperado. Muitos reservatórios estão quase secos e ainda há lavouras que precisam de irrigação, portanto, o estado é de grande atenção e preocupação. Os prognósticos mostram que há previsão de chuva para o RS, mas que ainda não deve haver regularização.

    Para melhor tomada de decisão no manejo das lavouras de arroz irrigado e lavouras de sequeiro em rotação, principalmente a soja, é importante o acompanhamento da previsão do tempo por sete a 15 dias, visando maior eficiência na execução das atividades programadas.



    Fonte: Agro