Mercado a termo, de opções ou futuro, de Décio Luiz Gazzoni

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Décio Luiz Gazzoni, agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja e membro do Conselho Científico do Agro Sustentável

Escusado será dizer que a agricultura é, essencialmente, uma atividade de alto risco. Os principais são: riscos de pragas, climáticos e de mercado (preço do produto, taxa de câmbio). Para o primeiro caso, a pesquisa desenvolveu um arsenal que permite ao agricultor solucionar adequadamente os problemas, na maioria dos casos; para o segundo, temos algumas tecnologias, mas ainda estamos desenvolvendo técnicas avançadas para mitigar os riscos climáticos. E, para o terceiro, as ferramentas são operações no mercado a termo, de opções ou futuro.

Atuar nesses mercados significa buscar fórmulas para não vender o produto abaixo do custo ou de uma certa expectativa de margem ou, ao contrário, aproveitar preços atrativos caso o cenário se torne mais favorável.

mercado a termo

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Simplificando, o contrato é uma promessa de compra e venda. As partes registram o objeto (o produto agrícola), sua quantidade, preço, data de entrega e pagamento. O que o comprador compra? O direito de receber um produto agrícola em data futura estabelecida entre as partes, obrigando-se ao pagamento do preço estipulado. E o vendedor tem a obrigação de entregar o produto nas especificações contratadas, pelo que recebe o preço fixado.

O vendedor (produtor) busca evitar o risco de queda no preço de seu produto; o comprador (por exemplo, uma agroindústria) quer garantir a entrega de um produto a um preço compatível com seu plano de negócios. Ou seja, ambos pretendem se proteger do que consideram o maior risco, queda de preços para produtores e alta de preços para processadores.

Embora possam ser negociados em bolsa, são mais comuns os chamados “contratos de balcão”, negociados diretamente entre duas partes. Por serem bilaterais, são liquidados apenas no vencimento, não sendo possível antecipar o seu fechamento. Quando negociadas em bolsa de valores, a liquidação poderá ser antecipada por vontade expressa do comprador.

mercado de opções

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Assim como no mercado a termo, no mercado de opções, negocia-se o direito de compra e venda de determinado produto agrícola. Assim, o produto, sua quantidade, seu preço e prazo também são previamente acordados. O que o diferencia do mercado a termo é que o produtor tem o direito de vender pelo preço e prazo estabelecidos, não havendo obrigação de levar a relação contratual para liquidação.

Para isso, há um pagamento de prêmio, que confere o direito de opção pela liquidação antecipada. Ou seja, se o mercado cair, o produtor embolsa a diferença; porém, se subir, poderá exercer seu direito de liquidação antecipada e buscar outras formas de negociar sua produção, que lhe sejam mais vantajosas. Na prática, ele garante o preço mínimo de venda, mas poderá aproveitar qualquer movimento de alta do mercado a seu favor.

mercado futuro

É o mais amplo e comum. Qualquer cidadão pode operar no mercado futuro como se fosse um agricultor, sem nunca ter plantado um grão ou criado uma cabeça de gado. Aliás, a maioria dos que atuam nesse mercado são investidores, sem interesse direto no agronegócio.

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Uma operação neste mercado envolve um compromisso de compra e venda de um produto, com data e preço fixos. E aí entra uma diferença fundamental: no mercado futuro as posições são ajustadas diariamente, ou seja, se o preço do produto subiu, o comprador terá que depositar a diferença, o mesmo acontecendo com o vendedor, se o preço subiu fui abaixo. Como são reajustados diariamente, é possível liquidar as posições antes do vencimento, permitindo que o contrato seja negociado em bolsa, já que não há obrigatoriedade de entrega efetiva da mercadoria. Os termos utilizados nesse tipo de contrato são padronizados, justamente para permitir sua operação na bolsa de valores.

O mercado de futuros possui características que importa destacar:

– Volume e diversificação. O volume negociado diariamente no mercado futuro é cerca de dez vezes o negociado em ações. A grande quantidade negociada permite diversificar as aplicações. Dessa forma, um cidadão que nunca viu um boi ou um pé de milho pode investir nesse mercado, já que não há necessidade de entregar o produto fisicamente.

– Valor do aplicativo. O produtor (ou investidor) não precisa pagar pelo produto. Você só precisa ajustar suas posições diariamente, o que significa que você pode “alavancar” mais posições investidas do que faria se precisasse ter o produto pronto para entrega ou o valor para comprá-lo.

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– Margem de garantia. O investimento pode ser mais volumoso, pois, além do eventual ajuste diário, o investidor deposita um “garantia” (margem de garantia, em torno de 10% do valor do contrato), que serve como garantia do ajuste diário. E essa “garantia” dá segurança às partes envolvidas no contrato futuro.

Quando o produtor atua diretamente no mercado futuro, via de regra, ele busca um “hedge”, ou seja, uma forma de evitar o risco de queda dos preços futuros, caso efetivamente produza o ativo negociado. No entanto, o próprio produtor, ou um investidor urbano, pode atuar nesse mercado, sendo conhecido como “especulador”, ou seja, apostando na lucratividade decorrente das oscilações de preços no sentido de sua “aposta”. O mercado futuro opera diretamente com produtos como etanol, café, gado, milho ou soja; com a cotação do dólar, que impacta diretamente no preço das commodities; ou com o índice do mercado futuro, uma cesta de ativos negociados nesse mercado.

Gerenciamento de riscos

Além dos citados acima, existe o mercado tradicional à vista ou de balcão. Essas são as ferramentas de que o produtor dispõe para administrar seus riscos de mercado, por meio de um mix de operações, que não dispensa o mercado spot propriamente dito. As ferramentas exigem conhecimento do produtor, porém, se bem utilizadas, permitem não só gerenciar adequadamente os riscos, como também oferecem oportunidades para aproveitar momentos de bons preços de mercado, garantindo a rentabilidade do negócio agrícola.

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Fonte: Noticias Agricolas

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