Os exportadores australianos de carne bovina devem retornar às condições de mercado “mais normais” ao longo desta nova temporada, depois que o país da Oceania registrar o menor abate de bovinos em 37 anos em 2022, período marcado pela alta nos preços do boi gordo e alta volatilidade, que reduziram drasticamente a competitividade das indústrias locais.
A análise acima faz parte de um relatório divulgado recentemente pelo Rabobank e que foi compartilhado pelo portal australiano beefcentral.com.
Os mercados globais de carne bovina estão lentamente ganhando força, diz o relatório.
“No geral, as condições econômicas desafiadoras e a demanda mais lenta do consumidor serão contrabalançadas pela redução da oferta de carne bovina dos EUA e pela recuperação do serviço de alimentação chinês”diz Angus Gidley-Baird, analista sênior de proteína animal do Rabobank.
O Rabobank espera que a produção global de carne bovina permaneça relativamente estável em 2023. “O crescimento da oferta de carne bovina na Austrália e no Brasil será compensado por uma contração nos EUA”diz o relatório.
“Os preços mais altos da carne bovina nos EUA, impulsionados por uma contração na produção local, devem sustentar os preços globais da carne bovina, embora o impacto real não seja esperado até o final do ano, mais provavelmente em 2024 e 2025”.diz Gidley-Baird, que acrescenta: “Isso deve levar a condições comerciais muito mais favoráveis para os fornecedores australianos”.
Segundo o banco, as exportações de carne bovina da Austrália devem aumentar em 10%, impulsionadas pelo crescimento projetado da produção.
“A redução da demanda por carne bovina no Japão e na Coreia do Sul em 2023 nos leva a esperar pouco crescimento nesses mercados”relata Gidley-Baird.
No entanto, o mercado americano – que tem produção de carne bovina em declínio e um mercado consumidor razoavelmente forte – oferece “possivelmente as oportunidades mais prováveis para o crescimento das exportações da Austrália”diz o analista
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A China também oferece oportunidades de crescimento nas exportações australianas de carne bovina, após o relaxamento das restrições do Covid-19, o que deve apoiar uma recuperação na demanda por carne bovina no serviço de alimentação.
No entanto, o analista Gidley-Baird cita alguns entraves ao avanço das vendas para o mercado chinês: A esperada “enfraquecimento da economia local e também crescimento dos embarques de carne bovina brasileira” ao país asiático.
Preços – Segundo o banco holandês, uma faixa de preço mais estável (para boi gordo) para 2023 permitirá um reequilíbrio da cadeia de suprimentos.
“Os preços do gado voltaram a níveis intermediários, tornando a carne bovina australiana competitiva novamente e criando um mercado mais sustentável para todos na cadeia de suprimentos”diz um analista do Rabobank.
Essa estabilidade de preços também oferece uma oportunidade ideal para os produtores de gado planejarem o futuro, acrescenta.
“O aumento da estabilidade, juntamente com a expectativa de que os lucros agrícolas ainda serão fortes, também oferece um momento ideal para planejar e preparar o futuro”aponta Gidley-Baird.
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Na avaliação do banco, as cotações do boi gordo estarão mais “normais” em 2023, ao invés de continuar com as oscilações dramáticas observadas nos últimos três anos.
“Os preços recordes do gado no início de 2022 não podem durar para sempre. Agora, após uma contração significativa, acreditamos que as cotações atuais estão mais equilibradas com os fundamentos do mercado”.observa Gidley-Baird.
Produção – O abate de gado e, consequentemente, a produção de carne bovina australiana devem aumentar em 2023, prevê o relatório do Rabobank.
O banco espera que os números de abate aumentem 16% em 2023, para pouco menos de 7 milhões de cabeças, com um aumento adicional em 2024.
No entanto, espera-se que os volumes de produção de carne bovina aumentem apenas 7%, para pouco mais de 2 milhões de toneladas, refletindo uma maior presença de gado alimentado a pasto no sistema e pesos de abate mais leves.
“Isso deixaria os volumes de produção ainda 9% abaixo da média de 10 anos”, relata Gidley-Baird. Segundo o relatório, o rebanho de gado da Austrália está “quase voltando ao normal”.
“Os últimos dois anos de preços elevados do gado e condições sazonais favoráveis incentivaram os produtores a comercializar mais animais”disse o analista, que acrescenta: “Agora, com preços mais baixos do gado e condições sazonais mais secas, esperamos que os produtores retornem às práticas anteriores e reduzam o nível de comercialização”.
O relatório prevê que o consumo australiano per capita da carne bovina cairá em 2023 – 1,6% –, após aumentar em 2022 para uma média de 23,8 kg/habitante ao ano, apesar dos altos preços da carne bovina no varejo nos últimos dois anos.
Exportação de gado vivo – No que diz respeito ao setor de embarque de animais em pé, diz o relatório, o número de bovinos disponíveis crescerá em 2023, acompanhando o aumento do plantel.
“Espera-se que os números avancem 14%, para pouco mais de 700.000 cabeças, depois de cair para o menor nível em 17 anos em 2022”, prevê Gidley-Baird. A Indonésia deve continuar sendo o principal destino das exportações australianas de gado vivo, acrescentou o analista.
