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“Menos poluentes com pecuária regenerativa” – Jornal da USP

    Pecuária regenerativa pode contribuir para a emissão de menos poluentes – Jornal da USP

    Introdução

    A pecuária regenerativa na América Latina e Caribe é um tema de extrema importância, pois desvenda os benefícios dessa prática para a redução de emissões de gases, a regeneração da biodiversidade e a oferta de alimentos essenciais para a saúde humana. Neste artigo, o professor Ricardo Abramovay, renomado especialista no assunto, comenta os dados do relatório sobre a pecuária regenerativa na região, revelando elementos contraintuitivos e apontando soluções para melhorar a prática pecuarista.

    A pecuária como prática nociva

    Muitas pessoas ainda têm uma visão negativa da pecuária devido à associação com o desmatamento. No entanto, o relatório mostra que a pecuária regenerativa pode reverter essa percepção, ao reduzir as emissões de gases de efeito estufa e contribuir para a regeneração da biodiversidade.

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    A peculiaridade da pecuária bovina

    Segundo Abramovay, a pecuária bovina é considerada energicamente ineficiente, mas os bovinos possuem a capacidade de digerir alimentos vegetais que outros animais não são capazes. Isso permite o uso de componentes de baixo custo de oportunidade da alimentação natural dos bovinos.

    O papel da pecuária na Amazônia

    O relatório destaca a pecuária na Amazônia, onde há um grande rebanho bovino. Abramovay ressalta a importância de reduzir a superfície de pastagem na região e introduzir leguminosas e plantas arbóreas para enriquecer a biodiversidade e captar gases de efeito estufa.

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    Transformando a pecuária em benefício

    A associação entre pecuária bovina e desmatamento é uma desvantagem que muitas pessoas têm em mente. No entanto, Abramovay acredita que é possível transformar essa situação, desde que a pecuária seja bem manejada. Ele aponta a estabulação dos animais como uma oportunidade de reduzir as emissões e aumentar a oferta de produtos de qualidade.

    Superando a visão negativa

    Além do desmatamento, a visão negativa da pecuária também se deve às políticas de crédito rural que favorecem a aquisição de animais sem levar em consideração o manejo adequado da alimentação baseada em pastagem. O consumo excessivo de carne ao redor do mundo também é um fator que contribui para essa percepção negativa.

    Emissão de gases e o manejo das pastagens

    A medição das emissões de gases poluentes nas criações a pasto é diferente daquelas registradas em outros tipos de pecuária, devido ao crescimento das pastagens, que absorvem gases de efeito estufa. Além disso, pastagens bem manejadas com introdução de leguminosas reduzem o uso de produtos químicos e agrotóxicos.

    No próximo artigo, exploraremos mais a fundo os dados do relatório sobre a pecuária regenerativa na América Latina e Caribe, e como essas descobertas podem impactar positivamente o setor.

    Gostou das nossas dicas? Possui alguma outra que gostaria de compartilhar com a gente?
    Sumário em HTML:

    1. Introdução

    1.1. Associação entre pecuária e desmatamento

    1.2. Relatório sobre Pecuária Regenerativa

    2. Pecuária Regenerativa

    2.1. Elementos contraintuitivos da pecuária bovina

    2.2. Pecuária no Uruguai, Argentina e regiões de pastagens naturais

    2.3. Funções ecossistêmicas da pecuária

    3. Pecuária na Amazônia

    3.1. Presença da pecuária bovina na Amazônia

    3.2. Redução das pastagens e introdução de leguminosas e plantas arbóreas

    4. Visão negativa da pecuária

    4.1. Associação entre pecuária e desmatamento

    4.2. Políticas de crédito rural e manejo da alimentação dos animais

    4.3. Consumo exacerbado de carne

    5. Emissão de gases

    5.1. Estudos de ciclo de vida da produção de carne bovina

    5.2. Redução de emissões nas criações a pasto

    6. Conclusão

    Note que os tópicos foram organizados em três níveis de subseções (h2, h3, h4) para fornecer uma estrutura clara do conteúdo abordado no documento.

    Ricardo Abramovay comenta dados do relatório Pecuária Regenerativa na América Latina e Caribe

    Muitas pessoas ainda enxergam a pecuária como uma prática altamente nociva e um dos motivos é a associação entre pecuária e desmatamento – Foto: Alex S. Araujo/Wikimedia Commons/CC by 3.0
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    Um relatório a respeito da prática de Pecuária Regenerativa na América Latina e Caribe mostra como diminuir as emissões de gases liberados pela pecuária, como fazer da criação de bovinos um componente da regeneração da biodiversidade e como ampliar a oferta de alimentos indispensáveis à saúde humana. 

    Ricardo Abramovay, professor titular da Cátedra Josué de Castro da Faculdade de Saúde Pública da USP dedicada à produção de conhecimento sobre sistemas alimentares e um dos autores do relatório, comenta a respeito da prática de pecuária regenerativa. 

    Pecuária regenerativa

    Segundo Abramovay, alguns elementos contraintuitivos – revelados pelo estudo realizado – vêm à tona quando o assunto é pecuária regenerativa. Considera-se, por exemplo, a pecuária bovina energeticamente ineficiente, porque é preciso ingerir uma quantidade muito grande de calorias vegetais para produzir uma caloria animal. “Mas os bovinos são capazes de digerir alimentos vegetais que nós, animais monogástricos, não somos capazes de digerir”, aponta. 

    Dessa forma, a pecuária praticada no Uruguai, na Argentina, nos pampas, e em regiões de pastagens naturais usa componentes de baixo custo de oportunidade da alimentação natural; ou seja, se esses alimentos não fossem oferecidos para os bovinos, não haveria quase nenhuma outra utilidade. “É diferente do milho e da soja, que são alimentos que podem ser consumidos por seres humanos, então tem um alto custo de oportunidade”, explica o professor. Além disso, a pecuária desempenha funções ecossistêmicas muito importantes. 

    Pecuária na Amazônia 

    De acordo com Abramovay, na Amazônia há 26 milhões de cabeças de gado, o que corresponde a 40% do rebanho bovino brasileiro. Esse território abarca não só o território do Brasil, mas também a Amazônia colombiana. Se fosse possível escolher, hoje em dia, o professor comenta que não seria adequado estabelecer práticas pecuaristas na Amazônia. A solução, portanto, é reduzir drasticamente a superfície de pastagem do território e introduzir leguminosas e plantas arbóreas nessa paisagem, de maneira a enriquecer a biodiversidade e contribuir para a captação de gases de efeito estufa. 

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    Ricardo Abramovay – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

    Atualmente, há uma imensa desvantagem, que é a associação entre pecuária bovina e desmatamento. Porém, o professor acredita que é possível transformar esse cenário em um trunfo, caso a pecuária seja bem manejada; 70% da pecuária dos Estados Unidos é estabulada e os animais consomem grãos que poderiam ser consumidos por seres humanos. Já no Brasil, apenas 16% da prática é estabulada. “Se isso for bem manejado, é uma oportunidade extraordinária para reduzir as emissões e aumentar a oferta de produtos de qualidade.” A pecuária a pasto estimula e favorece o bem-estar animal nas pastagens, justamente porque não estão estabulados. 

    Visão negativa 

    Muitas pessoas ainda enxergam a pecuária como uma prática altamente nociva e um dos motivos é a associação entre pecuária e desmatamento. O professor comenta que não é possível dissociar as emissões de metano da produção pecuária, já que o gás poluente é produzido organicamente pelos bois. Entretanto, a pecuária e o desmatamento não podem ser entendidos como práticas semelhantes. 

    Outro motivo que justifica a visão negativa que algumas pessoas têm dessa prática tem relação com as políticas de crédito rural do Brasil, que favorecem a aquisição de animais. De acordo com Abramovay, o País deveria oferecer políticas de crédito que favoreçam o manejo da alimentação desses animais com base em pastagem, e que seja uma prática que preste serviços ecossistêmicos. 

    Além disso, o professor aponta outro motivo: o consumo exacerbado de carne ao redor do mundo. O Brasil, por exemplo, é o terceiro maior consumidor de carne bovina do mundo. “Isso não é bom para a saúde humana. Nós temos que consumir proteínas numa proporção adequada às nossas necessidades metabólicas”, comenta. É possível compatibilizar as necessidades metabólicas dos humanos à oferta de serviços baseados na preservação de serviços ecossistêmicos. Entretanto, se a ideia for aumentar a produção à medida que o consumo aumenta, então nenhum método de criação será sustentável.

    Emissão de gases 

    Abramovay comenta que 86% dos estudos de ciclo de vida da produção de carne bovina em que o Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) se baseia para medir as emissões vêm da Europa e dos Estados Unidos, locais em que o gado é predominantemente estabulado. 

    “O que não se leva em consideração, no caso das pastagens, é que as pastagens, ao crescer, absorvem gás de efeito estufa, e pastagens mais bem manejadas com introdução de leguminosas têm a propriedade de reduzir o uso de produtos químicos e de agrotóxicos, além do crescimento das árvores das pastagens.” No momento em que a medição da emissão de gases poluentes nas criações a pasto é medido, o resultado é diferente da medição registrada nos outros tipos de pecuária.


    Jornal da USP no Ar 
    Jornal da USP no Ar é uma parceria da Rádio USP com a Escola Politécnica e o Instituto de Estudos Avançados. No ar, pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h e às 16h45. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 

    Ricardo Abramovay comenta dados do relatório Pecuária Regenerativa na América Latina e Caribe

    Muitas pessoas ainda enxergam a pecuária como uma prática altamente nociva e um dos motivos é a associação entre pecuária e desmatamento. No entanto, um relatório recente sobre a prática de Pecuária Regenerativa na América Latina e Caribe mostra que é possível reduzir as emissões de gases liberados pela pecuária, transformar a criação de bovinos em um componente da regeneração da biodiversidade e ampliar a oferta de alimentos indispensáveis à saúde humana.

    Ricardo Abramovay, professor titular da Cátedra Josué de Castro da Faculdade de Saúde Pública da USP, que se dedica à produção de conhecimento sobre sistemas alimentares e um dos autores do referido relatório, comenta os aspectos da prática de pecuária regenerativa. Segundo Abramovay, o estudo revela elementos contraintuitivos sobre a pecuária bovina, como sua eficiência energética. Embora seja considerada energeticamente ineficiente, uma vez que é necessário ingerir uma grande quantidade de calorias vegetais para produzir uma caloria animal, os bovinos são capazes de digerir alimentos vegetais que nós, animais monogástricos, não somos capazes de digerir.

    Na região do Uruguai, Argentina e pampas, onde a pecuária é praticada em pastagens naturais, são utilizados componentes de baixo custo de oportunidade da alimentação natural dos bovinos. Isso significa que esses alimentos não teriam praticamente outra utilidade se não fossem oferecidos aos bovinos. Diferentemente do milho e da soja, por exemplo, que são alimentos com alto custo de oportunidade, pois podem ser consumidos por seres humanos. Além disso, a pecuária desempenha funções ecossistêmicas importantes.

    No entanto, quando se trata da Amazônia, Abramovay destaca a necessidade de reduzir drasticamente a superfície de pastagem na região e introduzir leguminosas e plantas arbóreas para enriquecer a biodiversidade e contribuir para a captação de gases de efeito estufa. Atualmente, há 26 milhões de cabeças de gado na Amazônia, o que corresponde a 40% do rebanho bovino brasileiro.

    O professor ressalta que a pecuária e o desmatamento não devem ser entendidos como práticas semelhantes. Embora as emissões de metano pela produção pecuária sejam inevitáveis, a associação entre pecuária e desmatamento pode ser transformada em um trunfo se a pecuária for bem manejada. Nos Estados Unidos, por exemplo, 70% da pecuária é estabulada, ou seja, os animais consomem grãos que poderiam ser consumidos por seres humanos. No Brasil, por outro lado, apenas 16% da pecuária é estabulada. Se essa prática for bem gerenciada, pode-se reduzir as emissões e aumentar a oferta de produtos de qualidade.

    O professor também menciona a associação entre a visão negativa da pecuária e as políticas de crédito rural no Brasil, que favorecem a aquisição de animais. Ele defende a necessidade de oferecer políticas de crédito que incentivem o manejo da alimentação dos animais com base em pastagens, promovendo serviços ecossistêmicos. Além disso, ele aponta o consumo exacerbado de carne ao redor do mundo como outro motivo para a visão negativa da pecuária. O Brasil é o terceiro maior consumidor de carne bovina do mundo, mas consumir carne em quantidades inadequadas não é saudável. É preciso equilibrar as necessidades metabólicas humanas com a oferta de serviços baseados na preservação dos ecossistemas.

    Abramovay destaca que os estudos sobre as emissões de gases da produção de carne bovina, em sua maioria, se baseiam em dados da Europa e dos Estados Unidos, onde o gado é predominantemente estabulado. Esses estudos não consideram que as pastagens, quando bem manejadas, absorvem gás de efeito estufa e reduzem o uso de produtos químicos e agrotóxicos. Portanto, medir as emissões de gases poluentes nas criações a pasto resulta em valores diferentes dos observados em outros tipos de pecuária.

    Em resumo, a pecuária regenerativa na América Latina e Caribe tem o potencial de reduzir as emissões de gases, contribuir para a regeneração da biodiversidade e aumentar a oferta de alimentos saudáveis. No entanto, é fundamental adotar práticas sustentáveis, como o manejo adequado das pastagens e a redução do desmatamento na região amazônica. As políticas de crédito e o consumo responsável também desempenham um papel importante na construção de um sistema pecuário mais sustentável.

    Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo

    Conclusão:

    Portanto, a prática de pecuária regenerativa na América Latina e no Caribe tem potencial para promover a redução das emissões de gases liberados pela pecuária, contribuir para a regeneração da biodiversidade e ampliar a oferta de alimentos essenciais à saúde humana. As descobertas do estudo realizado destacam a importância de repensar a relação entre a pecuária e o meio ambiente, assim como ressaltam a necessidade de políticas e práticas que favoreçam a sustentabilidade da criação de bovinos.

    Perguntas e respostas:

    Qual é a importância da pecuária regenerativa na América Latina e no Caribe?

    A pecuária regenerativa tem potencial para reduzir as emissões de gases liberados pela pecuária, contribuir para a regeneração da biodiversidade e ampliar a oferta de alimentos essenciais à saúde humana.

    Por que a prática de pecuária regenerativa é considerada inovadora?

    A prática de pecuária regenerativa é inovadora devido aos seus elementos contraintuitivos, como o uso de componentes de baixo custo na alimentação dos bovinos e seu papel na regeneração da biodiversidade.

    Como a pecuária na Amazônia pode ser transformada em uma prática sustentável?

    A pecuária na Amazônia pode ser transformada em uma prática sustentável através da redução drástica da superfície de pastagem, introdução de leguminosas e plantas arbóreas, e manejo da alimentação dos animais com base em pastagem.

    Quais são os benefícios de promover a pecuária a pasto em relação à redução das emissões de gases poluentes?

    Promover a pecuária a pasto pode reduzir o uso de produtos químicos e agrotóxicos, além de contribuir para o crescimento das árvores das pastagens e a absorção de gás de efeito estufa.

    Quais são as consequências do consumo exacerbado de carne ao redor do mundo?

    O consumo exacerbado de carne ao redor do mundo pode impactar negativamente a saúde humana, assim como aumentar a pressão sobre os sistemas de produção de carne, tornando nenhum método de criação sustentável à medida que a demanda aumenta.

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