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Leite: preos vo cair ainda mais?

    Lula volta a protestar contra imposies da UE

    Publicado em 21/07/2023

    O preço médio do leite cru arrecadado pelos lácteos em maio registrou a primeira queda desde dezembro/22, atingindo R$ 2,7229/litro, na “Média Brasil” líquida – reduções reais de 6,2% e 2,2% em relação a abril/23 e maio/22, respectivamente (valores deflacionados pelo IPCA de maio/23). Com esse resultado, o aumento acumulado desde o início do ano ficou limitado a 4,9%.

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    E a tendência observada é que o movimento de queda continua: pesquisa do Cepea ainda em andamento aponta para uma redução de cerca de 5% no preço do leite arrecadado em junho. Assim, os preços ao produtor tendem a se mover para patamares inferiores aos observados no mesmo período do ano passado.

    Mesmo sendo uma entressafra típica das regiões Sudeste e Centro-Oeste, quando a produção não é estimulada pelo clima (já que o inverno seco limita a disponibilidade e a qualidade das pastagens, afetando os custos de alimentação do rebanho), os preços não têm acompanhado a alta sazonal. Esse comportamento atípico é explicado pela combinação de três fatores: consumo enfraquecido, aumento das importações e queda nos custos de produção.

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    O consumo de lácteos continuou em queda em junho, limitado pelo menor poder aquisitivo da população. Isso, aliado à pressão dos canais de distribuição e preços mais competitivos dos lácteos importados, reduziu os preços dos derivados comercializados pelos lácteos.

    A pesquisa realizada pelo Cepea com o apoio da OCB mostrou que os preços do leite UHT, do leite em pó (400g) e da mussarela negociados entre indústrias e canais de distribuição no estado de São Paulo caíram 5,2%, 5,4% e 1,1% de maio a junho (ver seção Derivados, na página 5). Considerando a média do primeiro semestre, esses mesmos derivativos tiveram suas respectivas médias 5,4%, 5,7%, 2,2% superiores às registradas no mesmo período de 2022.

    O aumento das importações de lácteos no primeiro semestre de 2023 é um fator importante porque, além do volume ser quase três vezes superior ao do ano passado, os preços negociados continuam mais competitivos em relação aos nacionais – o que pressiona os preços domésticos em toda a cadeia. Dados da Secex mostram que, em junho, as importações somaram mais de 212,1 milhões de litros equivalentes de leite, elevando o déficit da balança comercial a níveis recordes (ver seção Mercado Internacional, na página 5). A quantidade importada no primeiro semestre de 2023 representa aproximadamente 9,5% do consumo formal de leite cru (com base nos dados da Pesquisa Trimestral de Leite 2022 do IBGE). Vale lembrar que, no mesmo período do ano passado, as importações representavam apenas 3,2% do consumo nacional.

    Além disso, vale destacar que os custos de produção de leite continuam em queda, influenciados principalmente pela desvalorização de concentrados, fertilizantes e corretivos. A pesquisa do Cepea mostra que, em junho, o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira caiu 1,7% na “Média Brasil”. Considerando a relação de troca, o poder de compra do produtor frente ao milho melhorou 17,4% de abril a maio e 34,5% na comparação anual (veja a seção Custos de Produção, na página 6). Mesmo com a possível queda do preço do leite em junho, a queda dos preços dos grãos deve manter a relação de troca ainda favorável ao produtor, em torno de 21,5 litros.

    Esse contexto incentiva investimentos na produção, o que tem feito com que a oferta de leite se recupere mesmo na entressafra. O Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L) registrou em maio o segundo aumento consecutivo, avançando 1,55% na Média Brasileira. Esse aumento nas captações é explicado principalmente pela melhora nos custos de produção. Mesmo com o inverno seco no Sudeste e Centro-Oeste, na média dessas regiões, a captação industrial amostrada pelo Cepea ficou praticamente estável na passagem de abril para maio, com aumento de 0,3%. No Sul do país, as captações cresceram, em média, 2,4% no período. Assim, a expectativa dos agentes de mercado é de que o volume produzido entre junho e julho seja menos afetado pela sazonalidade. Com informações do CEPEA.


    **Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo**

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