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As fibras são cruciais para um melhor desempenho e saúde em confinamento • Portal DBO

    As fibras sao cruciais para um melhor desempenho e saude

    Por Eder Pereira Pimenta*

    Foto: Divulgação

    As fibras são carboidratos que não são digeridos pelas enzimas dos mamíferos e requerem a ajuda de microrganismos presentes no rúmen para a digestão. A maioria deles está localizada na parede celular das plantas, protegendo o conteúdo celular e fornecendo suporte. São formados principalmente por: Celulose, Hemicelulose, Lignina, Frutosanos e Pectinas β Glucanas.

    Alguns desses carboidratos, como a celulose, existem em grande quantidade na natureza, proporcionando aos ruminantes volume alimentar e capacidade de sobrevivência com carboidratos que não seriam utilizados por diferentes espécies de animais com estômago único (animais monogástricos como aves e porcos).

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    As fibras são de grande importância para os ruminantes, pois servem de substrato para os microrganismos do rúmen produzirem os ácidos graxos voláteis (AGV): Acetato, Propionato e Butirato. Geram até 95% da energia necessária para crescimento, ganho de peso e desempenho animal. A proporção entre cada tipo de AGV produzido está relacionada com a composição da dieta, sendo que dietas com maior teor de fibras terão maior concentração de acetato.

    Nas dietas, a qualidade da fibra determina o tempo de degradação no rúmen e a quantidade de ração ingerida. Por isso, é muito importante usar fibras de boa qualidade para não limitar o desempenho dos animais.

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    Fibras com menor digestibilidade permanecem mais tempo no rúmen, ocupando espaço físico, demorando mais para serem digeridas e reduzindo o consumo pelo animal. Possuem baixa taxa de degradação por microorganismos, produzindo pequenas quantidades de ácidos graxos voláteis e proteína microbiana.

    A qualidade e digestibilidade das fibras variam de acordo com a espécie e maturidade da planta. Como exemplo entre diferentes espécies, podemos citar as fibras de silagem de milho em ponto de colheita adequado, que são de melhor qualidade quando comparadas às fibras de cana-de-açúcar.

    Outro exemplo relacionado à maturidade são as fibras do capim mombaça com 90 dias, que são melhores quando comparadas a um capim mombaça de 150 dias. A menor digestibilidade está associada à maior concentração de lignina em algumas espécies forrageiras e também maior deposição de acordo com a maturidade. Nas análises podemos estimar as qualidades das fibras analisando os valores de Fibra em Detergente Ácido (ADF), Lignina, FDN e digestibilidade da FDN.

    A característica mais importante das fibras é possuir propriedades físicas para promover a formação de uma camada de partículas na superfície do conteúdo ruminal (Fibrous Mat). Essa camada ficará retida no rúmen e no retículo por um período maior, estimulando o retorno do alimento à boca para que ocorra a remastigação.

    Essa nova mastigação, também chamada de ruminação, serve para expor o conteúdo celular ao melhor ataque de microrganismos e atingir o tamanho adequado para passar para o próximo pré-estômago até a digestão química no abomaso.

    Bovinos alimentados com quantidades adequadas e com características físicas ideais de fibras irão ruminar por mais tempo e neste momento é produzida maior quantidade de saliva, podendo chegar de 110 a 360 litros por dia. Essa saliva é composta por um grande volume de bicarbonato, que servirá como o principal regulador de pH no rúmen. Através da saliva, os ruminantes também são capazes de reciclar nutrientes como Fósforo e Nitrogênio.

    As fibras são as principais responsáveis ​​pelo bom funcionamento do rúmen. Quando utilizamos formulações adequadas, podemos prevenir e evitar que distúrbios digestivos como Acidose e Timpanismo ocorram durante o período de confinamento. Esses distúrbios ocorrem quando utilizamos na dieta uma alta inclusão de concentrados (carboidratos de degradação rápida) e baixa inclusão de fibras (carboidratos estruturais de degradação lenta).

    Assim, esse desequilíbrio diminuirá a ruminação, resultando em menor produção de saliva. A alta velocidade de fermentação do concentrado leva à formação de grande volume de ácidos, diminuindo o pH ruminal e levando à acidose. Animais com acidose diminuem a ingestão alimentar, a digestibilidade dos alimentos, diminuem o ganho de peso e podem até desenvolver Ruminite e suas complicações como Laminite e abscessos hepáticos.

    Também temos casos de desequilíbrios na dieta com alta inclusão de concentrados ou forragens altamente fermentativas que podem levar a quadros agudos de timpanismo, que requerem intervenção rápida para evitar a morte do gado.

    A quantidade e a qualidade das fibras utilizadas na dieta são determinantes na saúde do rúmen e nos resultados durante o período de confinamento. É fundamental produzir fibras de boa qualidade para que possamos incluir quantidades adequadas na dieta, promovendo um ambiente ruminal saudável, reduzindo custos sem comprometer o desempenho.

    * Eder Pereira Pimenta é médico veterinário formado pela Universidade Estadual de Londrina e faz parte do Departamento Técnico de Nutrição do Grupo Matsuda

    Fonte: Portal DBO