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Laringe Hemiplégica em Equinos – Causas e Opções de Tratamento

    Laringe Hemiplegica em Equinos Causas e Opcoes de Tratamento

    De acordo com Dornbusch et al. (2008), as principais doenças que acarretam em perdas econômicas nos cavalos atletas são as afecções de locomotor e problemas respiratórios (como a hemiplegia laríngea por exemplo).

    Prevalência de doenças em equinos atletas:

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    • 1º Lugar: Distúrbios do sistema musculoesquelético;
    • 2º Lugar: Doenças respiratórias.

    Ambas são as que mais limitam o desempenho atlético dos animais, gerando grandes perdas e prejuízos econômicos, quando o treinamento é interrompido devido a essas enfermidades (DORNBUSCH et al., 2008).

    Dentre as principais causas de doenças respiratórias está a hemiplegia laríngea idiopática que é considerada uma das principais doenças do trato respiratório superior dos cavalos atletas (DIXON, 2011; OLIVEIRA, 2013; RADOSTITS et al., 2010).

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    Vamos aprender mais sobre esta doença a seguir.

    Anatomia do Sistema Respiratório do Equino

    Antes de analisar a doença hemiplegia laríngea em si, precisamos conhecer a parte anatômica do sistema respiratório equino.

    O sistema respiratório equino é composto de:

    • Narinas
    • Coanas
    • Seios paranasais
    • Laringe
    • Traqueia
    • Brônquios
    • Bronquíolos
    • Alvéolos (DYCE et al., 2004; FEITOSA, 2014).
    sistema respiratório do equino
    Sistema Respiratório Equino

    Nasal valve – Válvula nasal
    Larynx – Laringe
    Nostril – Narina
    Nasal passage – Passagem nasal
    Trachea – Traquéia
    Lungs – Pulmões
    Alveoli – Alvéolos
    Diaphragm – Diafragma
    Pulmonary capillary – Capilar pulmonar

    Função da Laringe

    A Laringe é a responsável pela conexão da faringe com a árvore traqueobrônquica. Está localizada abaixo da faringe e atrás da boca. 

    Ela protege o sistema respiratório contra a entrada de corpos estranhos (KÖNIG; LIEBICH, 2016). Isso se dá, devido a conexão que ocorre entre a laringe, o aparelho hioide e a língua, fazendo com que a posição da laringe mude, conforme o animal deglute (DYCE et al., 2004).

    A proteção ocorre de duas formas:

    • Na deglutição, em que a laringe é tracionada para frente e a epiglote inclina-se um pouco para trás, encostando-se contra a raiz da língua, formando a cobertura parcial à entrada da laringe; 
    • E a segunda proteção é proporcionado em um nível mais profundo pela glote, que se fecha pela adução das pregas vocais (DYCE et al., 2004).
    Laringe do cavalo
    Laringe do Cavalo

    A laringe é suspensa pelo aparelho hioide e encontra- se em algumas espécies entre os ramos da mandíbula, sendo facilmente palpável no animal vivo (DYCE et al., 2004). É um órgão musculocartilaginoso, cilíndrico, e bilateralmente simétrico (KÖNIG; LIEBICH, 2016).

    Durante a deglutição, a epiglote pende para trás com a finalidade de cobrir parcialmente a abertura da laringe, tendo também a vocalização, como outra função (KÖNIG; LIEBICH, 2016; FIGURA 1).

    anatomia da laringe do cavalo
    Representação da anatomia da Laringe
    Fonte: König e Liebich, 2016

    Cartilagens

    A laringe é composta por quatro cartilagens principais: epiglótica, tireóide aritenóideas e cricóidea (DYCE et al., 2004; KÖNIG; LIEBICH, 2016; FIGURA 1).

    Cartilagem Epiglótica

    Nos equinos apresenta a forma mais pontiaguda.

    Durante a deglutição, tende a cobrir a entrada da cavidade da laringe (DYCE et al., 2004; KÖNIG; LIEBICH, 2016).

    Cartilagem Tireóide

    É a maior cartilagem do grupo, sendo formada por duas lâminas laterais que se encontram ventralmente.

    Seu corpo é menos extenso nos equinos, possuindo dois processos, um rostral e outro caudal, que se articulam com o osso hioide e com a cartilagem cricóidea, respectivamente.

    Devido a sua composição de cartilagem hialina, com o avanço da idade do animal, pode ocorrer ossificação da mesma (DYCE et al., 2004; KÖNIG; LIEBICH, 2016).

    Representação das cartilagens dos cavalos
    Representação das cartilagens da laringe dos cavalos
    Fonte: UFSC

    Cartilagens Aritenóideas

    São pares, de formatos irregulares, porém descritas como piramidais.

    Encontram-se dorsalmente, a fim de fechar a abertura deixada pela cartilagem tireóide, formando a maior parte do teto da laringe.

    Cartilagem Cricóidea

    Formato de anel completo na extremidade caudal da laringe.

    Possui uma lâmina dorsal expandida e um arco ventral mais estreito, além de uma crista mediana e duas facetas para as cartilagens aritenóideas (DYCE et al., 2004).

    Articulações e Ligamentos

    No geral as articulações das cartilagens são do tipo sinoviais (KÖNIG; LIEBICH, 2016).

    As articulações entre a cartilagem cricóidea e as cartilagens aritenóideas, permitem a cartilagem cricóidea a execução dos movimentos de abdução e adução (KÖNIG; LIEBICH, 2016).

    É esta última articulação que permite a abertura da glote (DYCE et al., 2004). Já a epiglote se liga a cartilagem tireóide pelas fibras elásticas e às cartilagens aritenóideas por membranas elásticas (KÖNIG; LIEBICH, 2016).

    Anatomia equina
    Anatomia da face equina

    Tongue – Língua
    Pharynx – Faringe
    Epiglottis – Epiglote
    Larynx – Laringe
    Esophagus – Esôfago
    Trachea – Traqueia

    Fonte: Press Reader

    As cartilagens ainda são unidas por diversos ligamentos e membranas que estabilizam a musculatura da faringe e determinam sua posição em repouso (DYCE et al., 2004).

    Músculos

    Dois grupos de músculos compõem a laringe. São eles:

    • Extrínsecos: músculos longos que unem o esterno à laringe, e que retraem a laringe caudal e rostralmente (KÖNIG; LIEBICH, 2016);
    • Intrínsecos: são um conjunto de músculos pequenos, pares e que se unem às cartilagens laríngeas e influenciam suas relações mútuas (DYCE et al., 2004; KÖNIG; LIEBICH, 2016).

    Esses músculos são divididos em cricotireóides, cricoaritenóideos dorsais, cricoaritenóideos laterais, aritenóideo transverso e tireoaritenóideo.

    músculos da laringe do cavalo
    Músculos Intrínsecos da Laringe
    Fonte: UFSC
    • Cricotireóides: se prolongam entre a face lateral da lâmina tireóide e o arco cricóidea.
      São inervados pelo nervo laríngeo cranial e sua contração tenciona as pregas vocais;
    • Cricoaritenóideos dorsais: são os principais abdutores da prega vocal;
    • Cricoaritenóideos laterais: se prolongam entre o arco cricóidea e o processo muscular.
      Sua contração estreita a rima da glote; 
    • Aritenóideo transverso: é um músculo relativamente delgado, que liga os processos musculares de ambos os lados.
      Realiza a adução de ambas as cartilagens aritenóideas levando ao estreitamento da rima da glote;
    • Tireoaritenóideo: no equino se divide em músculo vestibular e vocal.
      Eles aumentam a tensão das pregas vocais e estreitam a rima da glote (KÖNIG; LIEBICH, 2016).

    Os quatro últimos músculos recebem ramos do nervo laríngeo (recorrente) caudal.

    No equino possui uma grande importância clínica, já que há o risco de paralisia do lado esquerdo que resulta no chiado, durante a inspiração (KÖNIG; LIEBICH, 2016).

    Hemiplegia Laríngea

    A HL é uma neuropatia periférica do nervo laríngeo recorrente. Ela resulta na atrofia neurogênica da musculatura laríngea intrínseca.

    A atrofia neurogênica dos músculos intrínsecos da laringe, resulta na perda progressiva das funções abdutoras e adutoras das aritenóideas

    Hemiplegia Laringea no cavalo
    Laringe normal (esquerda) e hemiplegia laringea (direita)

    Prevalência

    • Todas as raças são afetadas;
    • Prevalência é maior em machos;
    • Animais altos e de pescoço comprido.

    Etiologia

    Uma etiologia específica pode ser identificada em alguns cavalos com paralisia laríngea unilateral ou bilateral adquirida

    O nervo laríngeo recorrente pode ser danificado como resultado de:

    • Injeção perivascular, injeção na veia jugular;
    • Micose das bolsas guturais;
    • Trauma, lesões ou procedimentos cirúrgicos no pescoço;
    • Gurma, abcesso na cabeça e pescoço e neoplasias do pescoço ou tórax;
    • Intoxicação por organofosfatos, plantas, chumbo;
    • Encefalopatia hepática e doenças do sistema nervoso central, demonstraram poder também causar paralisia laríngea (ANDERSON BH, 2007).
    nervos na hemiplegia laringea
    Desenho (em plano transversal) da face proximal da região cervical do cavalo.
    O nervo laríngeo recorrente é o “Recurrent laryngeal n” na imagem.

    Fonte: Veterian Key

    A razão exata para o envolvimento diferencial da atrofia do músculo abdutor e adutor observada em cavalos com NLR é desconhecida, mas várias hipóteses foram propostas. Elas incluem:

    • Diferenças no diâmetro das fibras, comprimento ou posição;
    • Alterações no transporte axonal; 
    • Presença de áreas focais de compressão; 
    • Deficiência em tiamina e lesão por neurotoxinas Streptococcus equi.

    Incidência

    A incidência é mais elevada em cavalos jovens, muitas vezes diagnosticados antes de terem começado qualquer tipo de treino ou com 2 e 3 anos de idade, na altura que já estão a correr.

    Em PSI, particularmente aqueles destinados a corridas, os sinais clínicos geralmente ocorrem quando o treino e a corrida começam, ou seja, em cavalos de 2 a 3 anos.

    hemiplegia laringea cavalos de corrida

    Porém, aproximadamente 80% dos cavalos afetados mostram sinais clínicos até aos 6 anos de idade.

    Concluindo, esta patologia é suscetível de poder aparecer em quase todas as idades, porém os sinais clínicos são mais notórios entre 1 a 6 anos de idade.

    Fisiopatogenia

    A hemiplegia laríngea se dá pela atrofia neurogênica do músculo criocoaritenóide dorsal e outros intrínsecos a laringe (RADOSTITS et al., 2010). 

    Esta atrofia está relacionada a degeneração idiopática do nervo laríngeo recorrente (DIXON, 2011; RADOSTITS et al., 2010; RAKESH et al., 2008; SANTOS; ALESSI, 2016). Segundo Dixon (2011), a neuropatia degenerativa mais comum acontece do lado esquerdo

    hemiplegia laringea
    A) Imagem normal da laringe, cavalo. B) Hemiplegia laríngea, cavalo.
    Fonte: MSD Vet Manual

    Santos e Alessi, 2016, acreditam que a predisposição do lado esquerdo aconteça devido os axônios do nervo do lado esquerdo serem maiores que o do lado direito, assim sendo mais susceptíveis a lesões.

    Quando o nervo laríngeo recorrente esquerdo sofre degeneração em suas fibras nervosas, causa uma atrofia da musculatura laríngea intrínseca, menos frequente e menos grave no nervo laríngeo recorrente direito (AINSWORTH et al., 2000). 

    Trauma ou neurite consequente à extensão de processos inflamatórios da bolsa gutural são algumas das causas de lesões axônicas (SANTOS; ALESSI, 2016).

    Outras Causas da Hemiplegia Laríngea

    Uma das causas metabólicas, segundo Cahill e Goulden (1987), é a anormalidade energética no axônio, que leva a uma deficiência enzimática hereditárias e/ou cofatores associados a produção de energias que afeta principalmente os nervos mais alongados. 

    Laguna Legorreta (2006) sugere que a seleção genética feita pelo homem com o intuito de criar cavalos maiores e mais velozes, e consequentemente, animais com os pescoços mais compridos, leva ao surgimento de fibras nervosas maiores, predispondo os animais a neuropatia do nervo laríngeo recorrente.

    Quando a musculatura é afetada leva a não abdução da cartilagem aritenóidea, provocando uma oclusão parcial ou total da passagem do ar pela laringe, o que leva o animal a fazer um esforço maior durante o exercício para respirar.

    Isso resulta na limitação do animal em realizar esforço físico e provocando os ruídos durante a inspiração (RADOSTITS et al., 2010; SANTOS; ALESSI, 2016). 

    Durante o exercício pode ocorrer um aumento da hipoxemia. Isso causa uma intolerância ao exercício e o aumento do trabalho da respiração pode predispor a uma fadiga muscular respiratória (AINSWORTH et al., 2000).

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    Sinais Clínicos 

    Os ruídos respiratórios são considerados o sinal clínico mais evidente da hemiplegia laríngea (DIXON, 2011; OLIVEIRA, 2013; RADOSTITS et al., 2010; SANTOS; ALESSI, 2016). 

    Os ruídos respiratórios podem aparecer durante a expiração ou inspiração (LAGUNA LEGORRETA, 2006), sendo a inspiração durante o exercício mais evidente (SANTOS; ALESSI, 2016). 

    O som produzido assemelha-se com um assobio ou um ronco durante o exercício intenso (RADOSTITS et al., 2010; SANTOS; ALESSI, 2016). 

    Som de “ronco” em um cavalo

    Devido a inadequada abdução, ocorre a dificuldade de passagem do ar, o que leva a uma menor troca gasosa e isso vai predispor a intolerância ao exercício (LEPKA, 2006). 

    A intolerância ao exercício é relatada por Radostits et al. (2010) e Santos e Alessi (2016). Quando a hemiplegia é bilateral o animal pode apresentar desconforto respiratório, e durante o exercício pode ser observado hipercapnia e hipoxemia fisiológicas (STEINER et al., 2013).

    Diagnóstico 

    Para realizar o diagnóstico é necessário levar em consideração o histórico e os sinais clínicos do animal

    O proprietário comumente relatará intolerância ao exercício ou diminuição do rendimento associado a um ronco respiratório em graus variados (GUEVARA; MAJÍA, 2005). 

    O exame físico deve incluir:

    • Palpação da laringe auxiliando na detecção da atrofia do músculo da laringe. Em cavalos com defeito no quarto arco braquial, a palpação da laringe pode revelar uma laringe curta, vertical e um espaço anormal pode ser palpado entre o aspecto caudal da cartilagem tireóide e da cartilagem cricóidea. 
    • Reflexo toracolaríngeo – Para avaliar a função adutora dos músculos da laringe pode-se utilizar o teste de reflexo toracolaríngeo, ou “slap test”, ou teste da palmada. 
      Essa técnica consiste em aplicar uma palmada na região da cernelha, que em animais sadios tendem a apresentar um reflexo de adução da cartilagem aritenóidea, servindo de auxilio no exame da palpação ou ao uso do endoscópio (OLIVEIRA, 2013). 
    • Ultrassom – Recentemente o ultrassom também tem sido utilizado para determinar a presença de espessamentos ou irregularidades do corpo da aritenóidea, sendo observado um aumento da ecogenicidade do músculo cricoaritenoídeo (PARENTE, 2011).

    Endoscopia

    As avaliações endoscópicas das vias aéreas superioras são realizadas inicialmente com a inserção da sonda na narina

    Esta via oferece a observação da faringe, palato mole, abertura de bolsas guturais e a porção superior da laringe. Se avalia então o movimento das cartilagens aritenóideas durante a inspiração e expiração. 

    Tem sido utilizada a avaliação endoscópica logo após exercícios extenuantes, porém não é uma técnica adequada.

    Atualmente a vídeo endoscopia em esteira é o que se tem de melhor, podendo ser gravado um vídeo e analisá-lo em câmera lenta para se ter mais precisão ao observar a dinâmica do colapso da cartilagem aritenóidea e das cordas vocais (BYARS, 2004; FULTON, 2012). 

    Exame de endoscopia

    Algumas manobras podem ser realizadas para melhorar avaliação do funcionamento da laringe, como o “slap test”, a oclusão nasal e a indução da deglutição durante a endoscopia, que deve ser realizada com o animal em estação, se possível sem sedação, para que não ocorram alterações anatomofisiológicas que possam mascarar o diagnóstico (DIXON, 2011). 

    O exame da laringe pode ser realizado com o animal em repouso (RADOSTITS et al., 2010). 

    O diagnóstico da hemiplegia é confirmado quando a cartilagem não for capaz de abduzir por completo afetando a simetria e sincronia quando comparada com a cartilagem oposta (ROBERTSON; DUCHARME, 2002). 

    Gravidade da Hemiplegia Laríngea

    A gravidade dessa doença é dada em uma graduação que vai do I ao IV, baseado na movimentação da cartilagem (RADOSTITS et al., 2010):

    • Grau I: É normal, sincronizado, com abdução completa e adução de ambas as cartilagens; 
    Hemiplegia Laringea grau I
    Hemiplegia laringea de grau I. (Ieve assimetria da cartilagem aritenóidea esquerda). (THOMASSIAN, 2005).
    • Grau II: Apresenta-se com fraqueza dos adutores, evidenciada pelo movimento assíncrono e o flúter da cartilagem aritenóidea durante a inspiração e expiração.
      Porém, com abdução completa durante a deglutição ou oclusão nasal; 
    • Grau III: Demonstra movimentos assíncronos da cartilagem aritenóidea durante a inspiração ou a expiração. A abdução completa não é conseguida durante a deglutição ou a oclusão nasal; 

    Hemiplegia Laríngea de Grau III
    • Grau IV: Implica a acentuada assimetria da laringe durante o repouso e nenhum movimento substancial da cartilagem aritenóidea durante a respiração, deglutição ou oclusão nasal.
    Hemiplegia Laringea grau IV
    Hemiplegia laríngea de grau IV. (Severa assimetria da cartilagem aritenóidea esquerda).
    Fonte: THOMASSIAN, 2005.

    Diagnóstico Diferencial 

    Segundo Radostits et al. (2010), os diagnósticos diferenciais incluem:

    • Deslocamento dorsal do palato mole;
    • Aprisionamento da prega ariepiglótica;

    Nessas patologias os sinais clínicos incluem intolerância ao exercício e sons respiratórios induzidos por esforço

    Tratamento para a Hemiplegia Laríngea

    O tratamento cirúrgico apresenta uma boa porcentagem de resolução dos casos.

    São propostas inúmeras técnicas para a resolução do ruído e da asfixia. Entretanto, são incapazes de reparar as funções normais da laringe (THOMASSIAN, 2005). 

    Segundo Radostits et al. (2010), o tratamento ocorre realizando-se:

    • Laringoplastia prostética associada ou não a ventriculectomia;
    • Reinervação do músculo cricoaritenóide dorsal;
    • E ocasionalmente aritenóidectomia (DORNBUSCH et al., 2008; STEINER et al., 2013).

    Apesar da laringoplastia ser a mais utilizada, a ventriculocordectomia vem apresentando várias vantagens, pois além de reduzir os ruídos, melhora o fluxo do ar

    Outras vantagens da ventriculocordectomia é que nos animais que foram realizados a laringoplastia são comumente observados dispneia, pneumonias por aspiração de alimentos, água e saliva, entre outras complicações, o que não são observados na ventriculocordectomia (DORNBUSCH et al., 2008; FULTON, 2012; STEINER et al., 2013). 

    Segundo Steiner et al. (2013), a aritenóidectomia parcial é indicada quando ocorre falha na laringoplastia. 

    Quanto a reinervação da laringe, sua indicação é para animais mais jovens e ou animais com grau III (FULTON; ANDERSON, 2009). 

    Fatores para a Cirurgia

    Muitos fatores devem ser levados em consideração para escolha da técnica cirúrgica entre elas:

    • Atividade pretendida do cavalo; 
    • O grau do movimento da cartilagem aritenóidea (STEINER et al., 2013).

      Equinos com grau I e II não tem comprometimento quando estimulados ao exercício, com isso, não são indicados a cirurgia.

      Os de grau III é indicado um exame durante o exercício para que seja tomada a decisão da cirurgia ou não, de acordo com a sua performance atlética e intolerância ao exercício; 

      E os animais com o grau IV são indicados o tratamento cirúrgico (AINSWORTH et al., 2000). 

    Por não apresentar riscos de vida para o animal, nem sempre há necessidade de procedimento cirúrgico, principalmente quando não é exigido esforços do animal ou quando durante os exercícios os ruídos não incomodem o cavaleiro (RADOSTITS et al., 2010).

    LEMBRE-SE

    Este artigo tem apenas caráter informativo. SEMPRE procure por um profissional!

    Aproveitando os estudos, confira o nosso artigo sobre a Síndrome do Navicular

    Referências

    ANDERSON BH (2007) “Recurrent Laryngeal Neuropathy: Clinical Aspects and Endoscopic Diagnosis” Equine Respiratory Medicine and Surgery,1a Ed,483-494.

    DIXON, P. M.; MCGORUM, B. C.; RAILTON, D. I.; HAWE, C.; TREMAINE, W. H.; PICKLES, K.; MCCANN, J. Laryngeal paralysis: a study of 375 cases in a mixed breed population of horses. Equine Veterinary Journal, v.33, n.5, p.452-458, 2001.

    DORNBUSCH, P. T.; LEITE, S. C.; CIRIO, S. M.; PIMPÃO, C. T.; LUNELLI, D.; MICHELLOTTO JR, P. V.; LEITE, L. C. Análise dos ruídos respiratórios de cavalos atletas no diagnóstico da hemiplegia de laringe. Archives of Veterinary Science, v.13, n.3, p.184- 190, 2008.

    DYCE, K. M.; SACK, M. O.; WENSING, C.J. G. Tratado de anatomia veterinária. 3.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. 813p. 

    FEITOSA, F. F. Semiologia Veterinária – A Arte do Diagnóstico. 3.ed. São Paulo : Roca, 2014. 640p. 

    FULTON, I. C; ANDERSON, B. H. Larygeal reinervation – An update. Archives of 19th Annual Conference European College Veterinary Surgery, p.345-349, 2009.

    GARRETT, K. S.; PIERCE, S. W.; EMBERTSON, R. M.; STROMBERG, A. J. Endoscopic evaluation of arytenoid function and epiglottic structure in thoroughbred yearlings and association with racing performance at two to four years of age: 2,954 cases (1998-2001). Journal of American Veterinary Medicine Association. v.236, n.6, p.669-673, 2010.

    GUEVARA, F. B. E.; MEJÍA, G. Hemiplejía laríngea idiopática: caracterización y procedimentos quirúrgicos de tratamento. Ver. Med. Vet. Zoot. v.52, n.1, p.56-63, 2005 In: Proceedings of the 11th International Congress of the World Equine Veterinary. 

    KÖNIG, H. E.; LIEBICH, H. G. Anatomia dos Animais Domésticos – Textos e Atlas Colorido. 6.ed. Porto Alegre: Artmed, 2011, 804p. 

    LAGUNA LEGORRETA, G. G. Estudo analítico das endoscopias das doenças das vias aéreas de equinos PSI durante o período de 1993-2003 e avaliação dos resultados de procedimentos cirúrgicos laringeanos realizados no Jockey Club de São Paulo durante o período de 1998-2003. 269f. Tese (Doutorado). UNESP – Botucatu, 2006. 

    LEPKA, L. M. Hemiplegia laringeana. 2006. 78 f. Monografia (Curso de Medicina Veterinária) – Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba, 2006.

    OLIVEIRA, N. F. O. Patologias da laringe de equinos. 2013. 108f. Monografia (Curso de Medicina Veterinária) – Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília, Brasília, 2013. 

    PARENTE, E. J. Treatment and Prognosis for Laryngeal Hemiplegia. Australian Equine Veterinary Association. v.32, p.68-71, 2011.

    RADOSTITS, O. M.; GAY, C. C.; BLOOD, D. C.; HINCHCLIFF, K. W. Clínica Veterinária: Um tratado de doenças dos bovinos, ovinos, suínos, caprinos e equinos. 9.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. 1737p. 

    RAKESH, V.; DUCHARME, N. G.; CHEETHAM, I.; DATTA, A. K.; PEASE, A. P. Implications of different degrees of arytenoid cartilage adduction on equine upper airway characteristics. Equine Veterinary Journal. v.40, n.7, p.629-635. 2008.

    SPINOSA, H. DE S.; GÓRNIAK, S. L.; BERNARDI, M. M. Farmacologia aplicada à medicina veterinária. 6.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. 742p. 

    STEINER, D.; ALBERTON, L. R.; BELETTINI, S. T. Hemiplegia laríngea em equinos. Enciclopédia biosfera, v.9, n.17, p.1583-1600, 2013. 

    THOMASSIAN, A. Afecções do aparelho respiratório. In: THOMASSIAN, A. Enfermidades dos cavalos. São Paulo: Varela, 2005.


    Jornal do campo
    A HL é uma neuropatia periférica do nervo laríngeo recorrente. Ela resulta na atrofia neurogênica da musculatura laríngea intrínseca. A atrofia neurogênica dos músculos intrínsecos da laringe resulta na perda progressiva das funções abdutoras e adutoras das aritenóideas.

    Prevalência: A HL afeta todas as raças, com maior prevalência em machos e em animais altos e de pescoço comprido.

    Etiologia: A HL pode ser causada por injeção perivascular, micose das bolsas guturais, trauma, lesões ou procedimentos cirúrgicos no pescoço, intoxicação por organofosfatos, entre outras causas.

    Incidência: A incidência é mais alta em cavalos jovens, geralmente sendo diagnosticada antes do início do treinamento ou por volta dos 2 e 3 anos de idade, quando os cavalos já estão correndo.

    Fisiopatogenia: A HL está relacionada à degeneração idiopática do nervo laríngeo recorrente, resultando na atrofia dos músculos da laringe.

    Conclusão:
    A hemiplegia laríngea é uma doença comum em cavalos atletas, que provoca perda de desempenho e prejuízos econômicos. É causada por danos ao nervo laríngeo recorrente e resulta em atrofia dos músculos da laringe. É mais prevalente em machos e em animais altos e de pescoço comprido. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para minimizar os impactos da doença na carreira do cavalo.

    Perguntas e Respostas:

    1. A HL afeta apenas cavalos de raça específica?
    Não, a HL pode afetar todas as raças de cavalos.

    2. Quais são as principais causas da HL?
    As principais causas da HL incluem injeção perivascular, micose das bolsas guturais, trauma, lesões ou procedimentos cirúrgicos no pescoço, intoxicação por organofosfatos, entre outras.

    3. Quais são os principais sintomas da HL?
    Os principais sintomas da HL incluem dificuldade respiratória, chiado durante a inspiração, perda de desempenho atlético e ruídos anormais durante o exercício físico.

    4. A HL tem cura?
    Não há cura para a HL, mas o tratamento adequado pode ajudar a minimizar os sintomas e melhorar a qualidade de vida do cavalo.

    5. A HL pode ser prevenida?
    A HL não pode ser completamente prevenida, mas medidas como evitar lesões no pescoço, garantir uma alimentação adequada e monitorar a saúde respiratória do cavalo podem ajudar a reduzir o risco de desenvolver a doença.

    Fonte
    **Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo**