Pular para o conteúdo

Incêndios podem causar danos irreparáveis ​​ao solo

    Incendios podem causar danos irreparaveis ​​ao solo

    Passado o incêndio, o saldo da destruição vai além da perda da fauna e da flora locais. O solo também é danificado por incêndios que podem atingir temperaturas de até 700 graus na camada de até um metro de profundidade. Os danos causados ​​por essa esterilização da camada superficial são tão significativos que pesquisadores da área apontam que as perdas, em termos de nutrientes e características composicionais, podem ser irreparáveis.

    Para exemplificar o tamanho do estrago, basta pegar um hectare de uma lavoura típica do Paraná, que tem, em média, 2 milhões de quilos de solo em uma camada de um metro. Desse volume, 80 mil quilos são de matéria orgânica (4%), aproximadamente 1,2 mil quilos de nitrogênio. Só para repor esse nitrogênio no solo, que evapora completamente em situação de incêndio, o produtor teria que gastar R$ 4.500 em 1.800 kg de uréia por hectare.

    Patrocinadores

    Segundo o técnico do Departamento Técnico e Econômico do Sistema FAEP/SENAR-PR, Bruno Vizioli, esse é apenas um dos vários problemas que surgem em uma área que sofre incêndios. Afinal, existe uma série de microrganismos essenciais para o bom desempenho das plantas, que se perdem completamente.

    “Não adianta ter nitrogênio no solo se não houver vida nele. As plantas dependem da atividade de minhocas, bactérias, fungos e outros seres vivos para conseguir absorver os nutrientes necessários ao seu desenvolvimento. A própria vida é baseada nisso”, alerta Vizioli.

    Patrocinadores

    Chama a atenção a perda financeira considerando apenas o nitrogênio. Afinal, se um incêndio carboniza 100 hectares de solo, só o custo do insumo, sem contar o custo da aplicação, chega perto de R$ 500 mil. “Uma área que pegou fogo nunca mais voltará ao que era em nossa escala de tempo. As partículas passam por um processo de fusão que altera toda a bioquímica que ocorre no solo. É prejudicial em todos os aspectos”, analisa Vizioli.

    Mesmo que o produtor se esforce para recuperar uma área queimada, são necessárias décadas de trabalho só para conseguir repor a matéria orgânica para atingir o nível médio de 4%. “Para formar 1% de matéria orgânica no solo, são necessárias 10 toneladas de palha por hectare durante 10 anos. Mesmo que fosse possível colocar esse volume anualmente, chegar a 4% levaria pelo menos 40 anos”, projeta o técnico do Sistema FAEP/SENAR-PR.

    mitos

    Nas áreas rurais, existe o mito de que o fogo faz o pasto brotar com mais vigor. O que acontece, segundo Vizioli, é que as gramíneas tendem a armazenar nutrientes em suas raízes mais profundas em períodos críticos. Assim, quando houver uma queima, a planta buscará esses nutrientes em sua última reserva. Mas a perda de nutrientes pelo calor nas camadas superficiais não será recuperada, o que empobrece e danifica o solo.

    Outro ponto, segundo o especialista, é a história de que a cinza tem potássio e que, diante disso, seria benéfico colocar fogo em algumas plantações. “Na verdade, cinza tem potássio. Mas você não precisa colocar fogo em tudo para obter o potássio. Existem inúmeras outras formas de repor esse nutriente no solo sem o uso do fogo”, ensina.

    SENAR-PR oferece cursos de prevenção

    O SENAR-PR oferece três cursos voltados especialmente para o combate a incêndios: “Prevenção e combate a incêndios florestais”, “Prevenção e combate a incêndios em áreas rurais” e “NPT 017 – brigada de incêndio”. O primeiro está disponível desde 2010, com carga horária de 16 horas, enquanto o segundo desde 2021, com 24 horas de conteúdo e envolve conceitos voltados para profissionais que atuam em indústrias de base florestal, cooperativas, agroindústrias e usinas sucroalcooleiras. Para complementar a formação em combate a incêndio, o SENAR-PR também oferece o curso de brigada de incêndio, com carga horária de 40 horas.

    Sistema FAEP/SENAR-PR integra campanha de prevenção de incêndios

    De cada dez ocorrências de focos de incêndio em áreas rurais, nove são causadas pela ação antrópica, segundo dados da Associação Paranaense das Empresas de Base Florestal (Apre). Diante desse cenário preocupante, a entidade lançou uma campanha de prevenção às queimadas no campo. “O principal é conscientizar que todos podem atuar na prevenção, inclusive vizinhos de propriedades rurais e até mesmo pessoas que passam pelas estradas e presenciam as ocorrências”, comenta Zaid Nasser, presidente da Apre. “Temos que trabalhar a prevenção constantemente. E precisamos destacar que, ao longo dos anos, as propriedades vêm fazendo esse trabalho de se estruturar para criar brigadas e ter planos para conter possíveis danos causados ​​pelo incêndio”, reforça.

    Ainda segundo o dirigente, uma pessoa sem preparo jamais poderá atuar diretamente no combate ao fogo. Além disso, os incêndios, além de causarem danos aos próprios imóveis, também colocam em risco tudo ao seu redor. “O ato de espalhar fogo, colocar fogo em uma propriedade, mata nativa ou reflorestamento, agride não só o meio ambiente em si, mas as comunidades, colocando em risco os moradores, a fauna e a flora específica daquele local. O papel da campanha é de extrema importância no esclarecimento e prevenção de ocorrências”, enumera Nasser.

    Prevenção

    Confira as ações indicadas pelo Ibama para evitar a ocorrência de incêndios:

    • Sempre capine ao redor e remova as ervas daninhas do local onde você vai fazer fogo ou colocar velas;
    • Ao sair de uma fogueira, apague-a com água ou terra;
    • Mantenha fósforos e isqueiros fora do alcance das crianças;
    • Fazer aceiros ao redor de casas, currais, celeiros, armazéns, galpões e outros;
    • Mantenha sempre os aceiros bem aparados;
    • Optar, sempre que possível, por estratégias alternativas ao uso do fogo, como roçada manual ou mecanizada e plantio direto.



    Fonte: Agro