Qual produtor de carne nunca ouviu a máxima: pecuarista é antes de tudo um bom criador de capim!
Acontece que hoje existem uma infinidade deles, a maioria deles desenvolvidos por instituições de pesquisa e, até certo ponto, por empresas conceituadas. O problema muitas vezes está na desnutrição do solo, que se reflete na produtividade das plantas.
“Sem solo não é saudável, não há variedade que resolva a debilidade nutricional do rebanho”, afirma Alexandre Campos Gonçalves, agrônomo e sócio-diretor da Alecrim Consultoria. Para ele, arrumar o terreno já é uma tarefa difícil e que vem antes.
Mas se o pecuarista já fez o dever de casa, o próximo passo pode ser oferecer um capim mais adequado.
A dieta dos animais deve incluir a quantidade ideal de fibras, proteínas e energia para que o potencial genético se manifeste e a carne tenha as qualidades desejadas pelo consumidor.
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Assim, os tipos de capim devem ser escolhidos com cuidado, levando em consideração a produtividade do próprio pasto e, claro, o gosto e as necessidades do rebanho.
Definida a forragem, ainda é de extrema importância aplicar o manejo correto do pasto, para que os animais tenham uma alimentação nutritiva o ano todo.
Estima-se que 95% da carne bovina brasileira seja produzida a pasto. Isso a torna competitiva no mercado internacional, pois o regime de pastagem reduz consideravelmente o custo de produção.
Portanto, a escolha certa da grama pode contribuir muito para que o sistema seja, de fato, eficiente.
Os principais tipos de pastagens existentes no país – Existem espécies vegetais que, por sua palatabilidade e rusticidade, são mais utilizadas como pastagem no Brasil. São eles:
• Braquiária reclinável É uma forrageira muito explorada no cerrado, em solos de alta acidez e baixa fertilidade. É bastante resistente ao pastoreio e ao pisoteio intenso.
• O capim mombaça é um dos preferidos dos bovinos, além de ser muito produtivo e se adaptar muito bem a diferentes condições climáticas. No entanto, é mais exigente porque precisa de solo fértil; portanto, devido ao maior custo de produção, é mais indicado para áreas menores, com manejo.
• Capim-marandu também é conhecido como braquiarão. Há mais de 30 anos é a mais comercializada no Brasil, devido à sua adaptabilidade a diferentes condições climáticas e níveis de fertilidade do solo. A Embrapa desenvolveu híbridos superprodutivos dessa variedade.
Mais recomendados e suas particularidades – As braquiárias são, de longe, as mais exploradas no Brasil. Isso porque suas plantas forrageiras são bastante flexíveis, adaptando-se bem aos diferentes climas e níveis de fertilidade do solo do país.
Suas raízes são profundas e vigorosas, uma boa alternativa em solos inférteis e são mais tolerantes ao frio e à seca.
É comum dividir o pasto com mais de uma braquiária, de forma que uma compense um ponto negativo da outra. São eles: Brachiaria decubens e Brachiaria ruziziensis.
A Embrapa desenvolveu cultivares híbridas da espécie Brachiaria brizantha e Marandu, altamente produtivas, além de apresentarem alta plasticidade e capacidade adaptativa. São elas: BRS Piatã, BRS Paiaguás e BRS Ipyporã.
Colônias – Estas estão entre as de maior capacidade produtiva e alto valor nutricional, suportando de quatro a cinco animais por hectare. Além disso, possui alta palatabilidade e, por produzir muitas folhas e poucos talos, é a preferida pelos bovinos.
Mas para que a forrageira expresse todo o seu potencial nutritivo, o solo precisa ser bastante fértil, o que pode acarretar em maiores investimentos, dependendo da localização da sua propriedade. Também é preciso atentar para o fato de que sua rotação cai em períodos de estiagem.
As variedades são: capim mombaça, capim massai, capim tanzânia, BRS Zuri e BRS Quênia.
As BRS são variedades resultantes de pesquisas da Embrapa, cultivares híbridas mais resistentes ao ataque de fungos e cigarrinhas das pastagens. Até se adaptam melhor a solos encharcados e menos férteis.
Tiftons – Reúna as forrageadoras do gênero Cynodon, que são ainda mais produtivas que as colônias, resultando em boa produção de matéria seca, bom aporte de proteína bruta e boa digestibilidade. São excelentes para pastagem e produção de feno.
Os tiftons demonstram alta capacidade adaptativa, pois se dão bem em regiões quentes e são as espécies mais resistentes ao gelo. Aceitam solos arenosos, argilosos ou mistos, desde que bem adubados, pois esses tipos de gramíneas são exigentes nesse quesito.
No entanto, vale a pena considerar que os tiftons não toleram solos encharcados ou ambientes sombreados. Outra desvantagem é que não se propagam por sementes, sendo necessário o plantio por mudas. Cabe ao gestor considerar a viabilidade de sua produção.
São conhecidas como capim-bermuda ou capim-estrela, e as espécies e cultivares mais utilizadas são Cynodon dactylon, Cynodon nlemfuensis, Cynodon plectostachyusTifton 68 e Tifton 85.
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Jornal do campo
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