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Hortifruti/Cepea: Clima para hortaliças: balanço 2022 e verão 2022/23

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    BATATAS: La Niña favorece produção em grande parte do sul do país

    SUL: No período chuvoso 2022/23, o volume de chuvas no sul do Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul, é limitado pelo segundo ano consecutivo, o que, conforme observado em 2022, beneficia a produção de batata. No geral, apenas algumas parcelas no estado do Rio Grande do Sul tiveram problemas, devido à escassez de chuvas no final do ciclo. No Paraná e em Santa Catarina, embora abaixo do normal, a precipitação pluviométrica em 2023 é superior à do ano anterior. Assim, de maneira geral, a produção desses estados do Sul foi considerada boa em relação à média histórica. Entre os casos em que houve problemas relacionados ao clima, alguns produtores da região de Guarapuava (PR) relataram chuvas e temperaturas e fotoperíodo mais baixos na atual safra 2022/23, o que resultou em batatas menores, com matéria seca abaixo do ideal . Diante disso, a produtividade neste início de 2023 na região do Paraná é inferior à registrada no mesmo período do ano passado. Em Ponta Grossa (PR), o ciclo da batata foi prolongado e o período de tuberização prejudicado, atrasando o calendário de colheita na região. Além disso, alguns colaboradores relataram que a chuva ocasionou perda de áreas, devido ao alagamento de parte do campo, ocasionando queda na produção. Chuvas e temperaturas mais baixas aumentaram a incidência da requeima em todas as praças do Paraná e também em Água Doce (SC).

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    SUDESTE: No Sul e Cerrado Mineiros, houve excesso de chuvas entre 22/dez e 23/janeiro, o que atrapalhou o pleno andamento da safra nas primeiras áreas da captação de água e gerou atraso no calendário de abastecimento. Colaboradores afirmaram que o clima também aumentou a incidência de requeima, alternária e canela-preta, doenças que acabaram afetando batatas que ainda não haviam completado o ciclo. Embora o acumulado de chuvas no segundo semestre de 2022 tenha sido menor no Sudeste, as lavouras do início do inverno ainda apresentaram problemas relacionados ao clima chuvoso no primeiro semestre (houve atraso no plantio).

    NORDESTE: Na Chapada Diamantina (BA), as fortes chuvas entre novembro e dezembro/22 aumentaram a incidência de requeima nas lavouras, aumentando a necessidade de tratamentos fitossanitários. Além disso, a qualidade dos tubérculos – que era excelente até outubro – caiu significativamente durante o período chuvoso de verão 2022/23, reduzindo a produtividade da lavoura.

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    TOMATE: Chuvas acima da média NE/SE prejudicam a fruta

    NORDESTE: Apesar de o tempo chuvoso ser comum durante todo o verão, em 2022/23, o La Niña deixou chuvas acima da média – mas ainda abaixo das registradas em 2021/22. Assim, os produtores da Chapada Diamantina (BA) estão registrando problemas relacionados à ocorrência da mancha esteniforme e da requeima no início de 2023. As limitações de produção impostas pelas doenças e a qualidade inferior do tomate reduzem a oferta no mercado baiano. Por outro lado, a maior umidade em Irecê (BA), que também comercializa frutas o ano todo, é vista como positiva pelos produtores. Houve casos de doenças, mas foram controladas. Há anos o principal problema em Irecê é a traça. Com as chuvas que ocorreram principalmente entre novembro e dezembro de 2022, a população do inseto diminuiu, favorecendo os produtores da região baiana, que normalmente intensificam o plantio no verão.

    SUDESTE: Produtores das regiões de Itapeva (SP), Nova Friburgo (RJ) e Venda Nova do Imigrante (ES) relatam que o aumento da umidade tem resultado no aumento de doenças e problemas de qualidade do tomate. Dentre os patógenos, predominam os responsáveis ​​por causar manchas e manchas foliares, com as bactérias do gênero Xanthomonas spp. e Pseudomonas spp. o mais recorrente. Com isso, o calibre dos tomates colhidos nos últimos meses está abaixo do ideal, fator que também foi prejudicado nessas áreas pela predominância de dias nublados até a primeira quinzena de janeiro. Diante disso, a produtividade está abaixo do esperado no Sudeste.

    SUL: Lavouras em praças como Caçador (SC) e Urubici (SC) apresentam bom desenvolvimento, devido ao clima menos chuvoso. Com a intensificação da colheita a partir da segunda quinzena de janeiro e sem registros de impasses na produção, as perspectivas de produtividade nesta safra são positivas. Em Caçador, houve registros de granizo na última semana de dezembro e na primeira quinzena de janeiro. Apesar de alguns produtores terem relatado perdas significativas devido ao evento climático, quando comparado à área total da região, o prejuízo é pequeno e, portanto, não influenciou a oferta de tomate em Santa Catarina. A situação das lavouras em Caxias do Sul (RS) é semelhante à observada em Santa Catarina, com poucos casos de doenças e pragas, como tripes, mosca-branca e mariposas.

    CENTRO-OESTE: Em Goianápolis (GO) chove muito desde dezembro, o que prejudica a produção de tomate. Os principais problemas relatados pelos colaboradores são manchas bacterianas e septoria. A qualidade da fruta também é abaixo do ideal.

    CENOURA: O clima, em geral, influencia negativamente a raiz

    Em São Gotardo (MG), principal região produtora de cenoura do país, as chuvas entre o final de 2022 e o início de 2023 preocupam os agricultores com o desenvolvimento e a colheita da safra de verão 2022/23. Devido ao solo úmido, as atividades no campo e o abastecimento eram limitados, visto que muitos agricultores não conseguiam entrar no campo com maquinário. A precipitação em Cristalina (GO) também dificultou o plantio e a colheita. Além disso, o clima aumentou a incidência de mela, desfavorecendo a qualidade das raízes e aumentando o descarte. Em Irecê (BA), as fortes chuvas prejudicaram a produção e a qualidade no último trimestre de 2022 e afetaram a semeadura no verão. Por outro lado, em Caxias do Sul (RS), o baixo volume de chuvas causado pelo fenômeno preocupa os produtores devido à falta de água nos reservatórios. Mesmo com sistema de irrigação, a crise hídrica dificulta a disponibilidade de água nas lavouras, fazendo com que as cenouras não se desenvolvam bem no período ideal.

    CEBOLA: La Niña favorece safra no Sul, mas afeta produção no Nordeste

    No Sul, a qualidade da cebola foi prejudicada pela floração, devido à exposição da cultura a baixas temperaturas no período de desenvolvimento, próximo à colheita em novembro. Com isso, a qualidade das primeiras cebolas comercializadas foi limitada, mas com o clima mais seco em meados de dezembro e janeiro, a colheita na região foi favorecida. Assim, os bulbos colhidos entre o final de dezembro e janeiro apresentaram boa qualidade, favorável ao armazenamento. No Nordeste, chuvas acima do esperado reduziram a qualidade da safra e limitaram o plantio – em Irecê (BA), houve incidência de antracnose, prejudicando o cultivo da cebola. O plantio, por sua vez, foi adiado, pois as chuvas dificultavam o trabalho no campo. Outras duas regiões que enfrentaram problemas no início do plantio, decorrentes do clima chuvoso, foram Cristalina (GO) e Triângulo Mineiro (MG), onde os produtores buscaram antecipar a semeadura da safra para o início de janeiro, mas não conseguiram fazê-lo, adiando-o para as semanas seguintes.

    ALFACE: Aumento das chuvas prejudica produção no Sudeste

    O aumento do volume de chuvas em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais atrapalhou o desenvolvimento das plantas da safra de verão e aumentou a incidência de doenças típicas do período, como bactérias e fungos. Esse cenário resultou em queda de qualidade e aumento de descartes. Dessa forma, os produtores podem voltar a enfrentar dificuldades no cultivo das folhosas nesta temporada de verão, mas tudo vai depender do comportamento do clima a partir de fevereiro.



    Fonte: Noticias Agricolas