Pular para o conteúdo

Exportação da piscicultura brasileira bate recorde em 2022

Patrocinadores

Foto: Envato/Embrapa/Divulgação

Um estudo realizado pela Embrapa Pesca e Aquicultura (TO), em parceria com a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), revelou que as exportações brasileiras da piscicultura aumentaram 15% em faturamento em 2022, chegando a US$ 23,8 milhões. É o maior da história do setor. O país que mais consome pescado brasileiro são os Estados Unidos, respondendo por 81% das exportações nacionais. A tilápia (Oreochromis niloticus), que costuma ser a principal espécie vendida para outros países, teve um salto de 28% nas exportações em relação a 2021, totalizando US$ 23,2 milhões – sendo o Paraná o principal estado exportador do pescado. A informação foi publicada no Boletim nº 12 do Centro de Inteligência e Mercado da Aquicultura (CIAqui), da Embrapa Pesca e Aquicultura.

No geral, o primeiro semestre de 2022 apresentou maiores volumes de exportação em relação ao segundo semestre do ano. Foram exportados US$ 14,3 milhões em produtos da piscicultura, com crescimento de 100% em relação ao mesmo período de 2021. A análise mensal das exportações indica variação ao longo do ano, com maior volume, em valores financeiros e em toneladas, em maio .

Entre as espécies mais exportadas, a grande estrela do setor continua sendo a tilápia, responsável por 98% das exportações da piscicultura do país. A preferência dos estrangeiros se manteve na tilápia inteira congelada, promovendo um crescimento de 70% em relação ao ano anterior. Os filés frescos ficaram na segunda posição, com 25% do total exportado e um aumento de 8% em relação a 2021. A categoria “filés congelados” registrou o maior crescimento: 98% entre 2021 e 2022.

Patrocinadores

A segunda espécie mais exportada em 2022 foi o tambaqui (Colossoma macropomum), com US$ 268 mil e queda de 51% em relação a 2021. A categoria surubim ocupou a terceira posição, com US$ 114 mil e crescimento de 186% no ano, sendo o maior crescimento entre as espécies.

Profissionalização do setor

Segundo o pesquisador da Embrapa Manoel Xavier Pedroza Filho, o aumento da produção, principalmente de tilápia, e a busca por novos canais de comercialização são alguns dos fatores que explicam o aumento das exportações da piscicultura brasileira. “O crescimento do setor é resultado de uma maior profissionalização e aumento da escala de produção das empresas, permitindo a entrada no mercado internacional, bastante exigente em qualidade e volume”, explica. “Ao mesmo tempo, o mercado interno tem passado por períodos de estagnação no consumo de pescado, levando a uma queda na demanda e nos preços. Nesse contexto, as exportações surgem como uma alternativa para o escoamento da produção, diminuindo a dependência das empresas de um mercado único”, analisa o especialista.

Patrocinadores

Para Francisco Medeiros, presidente do Peixe BR, 2022 foi um ano desafiador, mas a produção nacional continuou crescendo. “A economia global continuou a desacelerar devido à pandemia e também foi impactada pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Além disso, foi um período de altos custos de produção e desequilíbrios no comércio internacional. Mesmo com essas e outras adversidades, a piscicultura brasileira cresceu 2%. Não foi um crescimento como nos anos anteriores, porém, a atividade manteve a curva ascendente, comprovando a demanda crescente por peixes cultivados”, comenta. “No total, produzimos 860 mil toneladas, com destaque mais uma vez para a tilápia. Os peixes nativos continuam sendo um segmento muito relevante, e outras espécies, como o pangasius (Pangasianodon hypophthalmus), estão crescendo”, relata.

EUA são o principal comprador da piscicultura

Líder absoluto entre os países importadores do pescado brasileiro, os Estados Unidos foram responsáveis ​​por 81% das vendas nacionais, seguidos pelo Canadá, com apenas 5%, Taiwan, Líbia e México. As exportações para os Estados Unidos aumentaram 43%, chegando a US$ 19 milhões. Embora não tenha havido embarques para a Líbia no quarto trimestre, o destino teve alta de 550% nas exportações no acumulado de 2022.

Patrocinadores

“A pauta de exportação da piscicultura para os Estados Unidos está concentrada nas categorias de peixe inteiro congelado, filé fresco ou refrigerado e filé congelado. Este último com aumento de 80% nas exportações, o que reforça uma tendência observada ao longo de 2021 de crescimento dessa categoria”, destaca Pedroza. Para o Canadá, o principal produto exportado também foi o peixe inteiro congelado, representando 79% (US$ 941 mil). Já em Taiwan (Formosa), a principal categoria foi de subprodutos impróprios para consumo humano (US$ 531 mil), que inclui itens como óleos, farinhas e escamas.

Entre os estados que mais exportaram produtos da piscicultura, o destaque foi o Paraná, responsável por 58% do total exportado, com aumento de 114% em relação ao ano anterior. Em segundo lugar aparece Mato Grosso do Sul, com 18% do total, seguido pela Bahia, com 11%. São Paulo merece destaque, com crescimento de 127% em relação a 2021.

tilapias agencia estudual de noticias pr despescaem marechal candidato rondon
Foto: AEN/Gov. relações públicas

Vendas devem continuar crescendo em 2023

Patrocinadores

Para 2023, as expectativas também são otimistas tanto para o mercado interno quanto para o externo. Quanto às exportações, após alta de 15% em 2022, a perspectiva é de crescimento nos embarques em 2023, principalmente de tilápia inteira e filés congelados. As empresas do setor preveem um aumento nas exportações da espécie, principalmente no segundo semestre. A perspectiva de reabertura do mercado europeu para o pescado brasileiro – fechado desde 2018 – pode contribuir para o aumento das exportações de produtos da piscicultura.

Desde o segundo semestre de 2022, os preços da tilápia se mantiveram elevados, refletindo a redução das populações nos meses anteriores. Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (USP) (Cepea-USP), publicados no Boletim CIAqui, as vendas de tilápia no mercado nacional aumentaram 16% em 2022, encerrando o ano com o valor de R$ 8,51 o quilo.

O futuro do peixe brasileiro

O Brasil é um dos países com maior potencial para o crescimento da piscicultura em águas continentais do mundo. Isso se deve não apenas ao fato de possuir a maior reserva de água doce do mundo, mas também à grande oferta de grãos para produção de rações e à existência de uma cadeia produtiva já bem estruturada. Empresas que atuam há décadas em outros segmentos de proteína animal – como frango e suínos – estão investindo na cadeia da tilápia como forma de diversificar seus investimentos. Na região oeste do Paraná, algumas cooperativas agropecuárias já são grandes produtoras de tilápia, operando no mesmo sistema de verticalização utilizado para a produção de frango. Aliado a uma produção já consolidada, há perspectiva de crescimento da demanda, tanto no mercado interno quanto no externo.

O consumo de pescado no Brasil ainda é baixo, em torno de 9,5 kg por habitante ao ano, porém há expectativa de aumento no longo prazo. Com relação às exportações, a perspectiva é de aumento de volumes, principalmente de produtos congelados de tilápia. Há uma tendência de aumento do número de países importadores a partir da abertura de novos mercados. Por exemplo, várias empresas exportadoras de tilápia já possuem a certificação Halal, o que possibilita o acesso a diversos mercados nos países árabes.

Um longo caminho pela frente

Patrocinadores

Apesar de ser o maior volume histórico de exportação da piscicultura, o valor ainda é bem inferior em relação a outras cadeias produtivas mais consolidadas, como a carne bovina, que chegou a US$ 13,091 bilhões, segundo a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), ou frango, que faturou US$ 9,762 bilhões em 2022, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Embora tenha enorme potencial, a piscicultura brasileira, na avaliação da pesquisa, é uma atividade com menos de uma década de existência e enfrenta diversos gargalos importantes, como alto custo de produção, alta burocracia nos processos de licenciamento ambiental e necessidade de tecnologias para a produção de espécies nativas.

Para Pedroza, o setor produtivo está se estruturando gradativamente. “Além disso, a Embrapa é uma das instituições que vem desenvolvendo pesquisas para minimizar gargalos tecnológicos, por meio de ações como a Plataforma Aquaplus (análise genética), tecnologias para melhoria da qualidade da ração, melhoramento genético de espécies nativas e plataformas digitais de inteligência para aquicultura como o CIAqui e o SITE Aquicultura”, destaca.

Da Embrapa Pesca e Aquicultura

Fonte: Agro

Patrocinadores
Autor