Exportação Brasileira Do Agro Bate Novo Recorde em 2022
Revisão divulgada pela Associação de Comércio Exterior do Brasil prevê crescimento de 13,8% nas exportações, totalizando valor de US$ 319,471 bilhões
A revisão de Balança comercial para 2022, divulgado nesta sexta-feira (22) pela Associação Brasileira de Comércio Exterior (AEB)aponta um crescimento de 13,8% nas exportações, totalizando US$ 319,471 bilhões, contra US$ 280,633 bilhões em 2021.
Para as importações, o aumento previsto pela AEB é de 21%, com resultado de US$ 265,345 bilhões, ante US$ 219,409 bilhões feitos no ano passado. Para o superávit, porém, a previsão é chegar a US$ 54,126 bilhões, uma redução de 11,9% em relação aos US$ 61,224 bilhões apurados em 2021.
Tanto as previsões de exportação quanto de importação, caso se concretizem, serão recordes, substituindo os recordes anteriores de US$ 280,633 bilhões em exportações no ano passado e US$ 239,621 bilhões em importações em 2013.
Da mesma forma, a corrente de comércio, projetada em US$ 584,816 bilhões para 2022, constituirá um novo recorde, superando o resultado recorde anterior de US$ 500,042 bilhões, registrado em 2021.
Influência da guerra na balança comercial
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia é o principal fator para as projeções da AEB, disse o presidente executivo da entidade, José Augusto de Castro.
Segundo Castro, o conflito no Leste Europeu provocou um aumento de todos os produtos, em geral, tanto para exportação quanto para importação. “A guerra fez os preços das commodities [produtos agrícolas e minerais comercializados no mercado internacional] aumentou ainda mais e os produtos importados passaram a ter um peso muito maior. Começou a pagar muito mais.”
Entre o início da guerra Rússia-Ucrânia, em março, até este mês de julho, alguns produtos importados pelo Brasil tiveram aumentos significativos de preços, entre eles gás natural (+79%), petróleo (+31%), carvão (+27% ) e fertilizantes (+31%).
Comparando os preços vigentes em janeiro de 2021, portanto antes do conflito, e julho de 2022, a AEB constatou um aumento “explosivo” dos preços dos produtos selecionados: gás natural 365%, petróleo 68%, carvão 320% e fertilizantes 232%.
Importar
O presidente-executivo da AEB destacou que o próprio governo brasileiro anuncia no início de cada mês que o resultado da balança comercial deste ano é uma mistura de “preço, preço e preço”. Em 2022, os preços subiram, em média, 35% nas importações e 20% nas exportações. “É por isso que estamos vendo um forte aumento de preço do produto importado”.
Além da falta de produtos e matérias-primas, o que explicaria em parte o aumento das importações, há também a falta de contêineres. “Com a falta de contêineres, os preços de logística e frete passaram a ser bem mais altos”.
Um dos principais produtos que serão afetados são os chips, componentes eletrônicos, cujo principal fornecedor é a China. “Com o lockdown, a China está reduzindo as entregas, o que gera falta de produtos no mercado internacional. Os preços sobem por causa disso.”
A tendência é que os preços das commodities comecem a ter uma leve acomodação agora. “Não é uma queda forte, mas sim uma ligeira acomodação”, alertou José Augusto de Castro. O presidente-executivo lembrou que, no ano passado, o preço médio das exportações de minério de ferro foi de US$ 125 a tonelada. Este ano, é cerca de US $ 93.
Castro analisou que esse movimento de acomodação de preços será observado no comércio mundial como um todo. Como o crescimento da China é muito menor do que em anos anteriores, a redução do crescimento da China significa uma redução do crescimento mundial, pois “a China é a grande indutora dessa desaceleração”, destacou o presidente executivo da AEB.
exportações
As importações concentram-se na indústria extrativa e de transformação. As exportações são commodities, que tiveram alta de preços neste ano, com exceção de minério de ferro (-25,4%), carne suína (-8,2%) e celulose (-0,6%). Destaque para óleos combustíveis (+57,4%), café não torrado (55,5%), petróleo (39,2%), milho (36,1%), soja (29,7%), carne de frango (27,1%), carne bovina (21,6%).
De acordo com a análise feita pela AEB, a soja em grão retomará a liderança das exportações brasileiras, totalizando US$ 43,698 bilhões em 2022, graças às quedas de preço e volume nas exportações de minério de ferro e, também, pela redução no volume de óleo.
Os dados projetados pela AEB indicam que, graças aos altos preços das commodities, o Brasil pode sair da atual 26ª posição no ranking mundial de exportações e ganhar até quatro posições.
No que diz respeito às importações, os expressivos aumentos de preços observados nos produtos da indústria de transformação podem levar o Brasil a sair da atual 29ª posição no ranking e ganhar até cinco posições.
A previsão anterior da AEB para o ano de 2022, divulgada em 8 de dezembro de 2021, apresentava os seguintes dados: exportações de US$ 262,379 bilhões, importações de US$ 227,855 bilhões e superávit de US$ 34,524 bilhões.