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Artigo/Embrapa: A evolução da pesquisa agropecuária no Mato Grosso do Sul

    ArtigoEmbrapa A evolucao da pesquisa agropecuaria no Mato Grosso do

    * Por Fernando Mendes Lamas, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste

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    As primeiras atividades de pesquisa agropecuária no sul de Mato Grosso (antes da separação em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul) foram realizadas pela Secretaria de Agricultura de Mato Grosso, que manteve em sua estrutura uma Coordenação de Pesquisa. No início da década de 1970, com a chegada de muitos agricultores do Rio Grande do Sul ao sul do Mato Grosso, a Federação das Cooperativas de Trigo e Soja do Rio Grande do Sul (Fecotrigo) iniciou um trabalho de pesquisa em Dourados, especialmente com as culturas de trigo e soja .

    Em 1975, foi implantada em Dourados uma Unidade da Embrapa denominada Unidade Estadual de Execução de Pesquisas (Uepae de Dourados), com a missão de gerar tecnologias para a nova fronteira agrícola do Brasil, cujo polo era Dourados. A Uepae de Dourados trabalhava com trigo, soja, milho, arroz, feijão, adubação verde, envolvendo as áreas de entomologia, fitopatologia, melhoramento genético, fertilidade do solo, manejo do solo, plantas daninhas, visando o desenvolvimento de tecnologias para as espécies que aqui estavam sendo cultivados.

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    Em 1978, com a criação do estado do Mato Grosso do Sul, foi criada a Empresa de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural do Mato Grosso do Sul – Empaer-MS, que, diferentemente dos demais estados, era responsável pela pesquisa, assistência técnica e extensão rural. Atualmente, a Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural – Agraer – é a entidade estadual sucessora da Empaer-MS.

    No final de 1978, foi criada a primeira escola de Agronomia do Mato Grosso do Sul, em Dourados, vinculada à Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS). Na década de 1990, foi criada a Fundação MS em Maracaju, vinculada à Cooperativa Regional Tritícola Serrana Ltda (Cotrijui) e posteriormente a Cooperativa Agropecuária e Industrial Ltda (Coagri) e a Fundação Chapadão, em Chapadão do Sul, liderada por produtores da região . Ambas as fundações foram criadas para internalizar as atividades de pesquisa e atuar fortemente na transferência de tecnologia, em estreita parceria com a Embrapa.

    Ao longo dos anos, essas fundações cresceram e constituíram suas equipes de pesquisa. Em 1994, a Uepae de Dourados foi transformada no Centro de Pesquisa Agropecuária do Oeste (CPAO), já trabalhando com integração lavoura-pecuária, sistema de plantio direto, entre outras linhas de pesquisa. Atualmente, no Mato Grosso do Sul, existem três centros de pesquisa da Embrapa – Gado de Corte – com mandato nacional; Agricultura do Oeste e Pantanal – com mandato ecorregional. Trabalhando com pesquisa agropecuária, há também a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems), que oferece cursos de agronomia em Aquidauana, Cassilândia, Maracaju e Mundo Novo, e de Zootecnia, em Aquidauana; Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) com os cursos de Agronomia, Zootecnia, Engenharia Agronômica e Engenharia de Aquicultura em Dourados; a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul com curso de Medicina Veterinária e Zootecnia em Campo Grande e Paranaíba, Engenharia Florestal e Agronomia em Chapadão do Sul; o Instituto Federal do Mato Grosso do Sul possui curso de Agronomia em Ponta Porã, Naviraí e Nova Andradina. Além das instituições públicas, existem instituições privadas como a Unigran – Centro de Ensino Universitário de Dourados – que oferece cursos de Agronomia e Medicina Veterinária em Dourados; Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) com os cursos de Agronomia, Veterinária e Zootecnia, em Campo Grande; à Uniasselvi que dirige o curso de Agronomia em Três Lagoas; e a Anhanguera com cursos de Agronomia e Medicina Veterinária, em Dourados.

    Essas instituições de ensino formam anualmente profissionais da área de Ciências Agrárias nos níveis de graduação, mestrado e doutorado. Muitos desses acadêmicos, após a conclusão do curso, atuarão como empresários ou profissionais vinculados a empresas/instituições voltadas para atividades agropecuárias.

    Em Selvíria, está localizada a Fazenda Experimental da Faculdade de Engenharia – Campus Ilha Solteira – da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Ao analisar a distribuição espacial das instituições de ensino e pesquisa, verifica-se que todas as regiões do estado estão sendo atendidas. Há também, no Estado, empresas privadas em São Gabriel do Oeste, Maracaju, Bandeirantes, Chapadão do Sul e Dourados que geram conhecimento para o desenvolvimento da agricultura.

    Ao analisar o número de instituições geradoras de conhecimento para a agricultura no Mato Grosso do Sul, verifica-se que existe um número expressivo de instituições. Como o Estado e os produtores estão se apropriando desse conhecimento? Graças à capacidade empreendedora dos produtores e ao conhecimento gerado pelas pesquisas, hoje, no Mato Grosso do Sul, soja, milho, seringueira, cana-de-açúcar, eucalipto, mandioca, algodão, entre outras espécies são cultivadas isoladamente, ou em sistemas integrados como, por exemplo, lavoura-pecuária, além de alternativas que estão sendo avaliadas pela pesquisa. Também é notório o desenvolvimento da pecuária de corte, o crescimento da suinocultura, avicultura e piscicultura. O conhecimento que é gerado atende a todos os extratos dos agricultores.

    No caso específico da agricultura familiar, em evento realizado pela Embrapa e parceiros, Tecnofam, em Dourados, em setembro de 2022, foram encontradas muitas tecnologias que foram geradas para esse público. As instituições geradoras de conhecimento também se preocupam com a transferência desse conhecimento para que o agricultor possa usufruir das novas tecnologias.

    Vários eventos são realizados anualmente por diversas instituições voltadas para a transferência de tecnologia. É importante destacar que as tecnologias aqui geradas são muitas vezes adotadas por produtores de outras regiões do país. Um exemplo é a cultivar de trigo – BR 18 Terena, desenvolvida pela Embrapa, em Dourados, que foi amplamente plantada em outros estados.

    Mato Grosso do Sul possui um conjunto de instituições e pesquisadores que estão fazendo e podem fazer muito mais para que a agricultura do estado cresça de forma sustentável, dentro dos mais rígidos padrões e exigências. Não há dúvida de que com pesquisa, ciência e tecnologia será possível produzir alimentos, fibras e energia para atender à crescente demanda da sociedade. E, quando se pensa em segurança alimentar, é indiscutível a importância da pesquisa e da ciência.

    O grande salto verificado em Mato Grosso do Sul, tanto na agricultura quanto na pecuária, deve-se ao conhecimento gerado pelas diversas instituições de pesquisa que atuam no Estado.



    Fonte: Noticias Agricolas