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Em vitória de Lira, governo sinaliza apoio à PEC que altera tramitação de MPs

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tag:reutersPor Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) – Em vitória do prefeito Arthur Lira (PP-AL), o governo Lula, por meio de parlamentares e aliados, sinalizou nesta quinta-feira apoio a uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que mudará o rito da tramitação de medidas provisórias, em uma mudança que, se vingar, manteria Lira com influência na discussão de importantes propostas de governo.

A indicação do acordo foi confirmada em entrevista pelo líder do governo no Senado, Jacques Wagner (PT-BA), após participar de reunião com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e outros líderes.

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O acordo representa um caminho intermediário entre o que estava previsto na Constituição e o que prevaleceu na pandemia do coronavírus e visa resolver uma indefinição que vem travando a agenda do governo no Congresso. Mais de uma dezena de medidas provisórias editadas por Lula estão paralisadas e as primeiras MPs, se não forem votadas até maio, começam a perder a validade.

O arranjo representa uma vitória para Lira porque faz com que os presidentes da Câmara e do Senado compartilhem responsabilidades na tramitação das medidas provisórias.

Durante a emergência sanitária, o Congresso alterou o rito de tramitação das MPs para abreviar a forma de discussão e votação desse tipo de matéria. As comissões mistas que tratam dos deputados – formadas por 12 deputados e 12 senadores – foram temporariamente extintas e as medidas foram encaminhadas diretamente ao plenário da Câmara, cabendo a Lira indicar o relator e controlar o andamento da pauta.

Porém, desde o início do governo Lula, Pacheco e senadores manifestaram que gostariam de voltar ao rito constitucional, ou seja, com a formação da comissão mista que, somente após analisar a matéria, enviou o texto à Câmara.

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O senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) chegou a recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para restaurar a via, mas a Justiça ainda não se pronunciou.

Enquanto isso, Lira passou a defender uma nova tramitação das MPs, intermediária, ora começando pela Câmara, ora pelo Senado, sem a comissão das duas Casas como etapa preliminar.

Em entrevista após encontro com Pacheco, Wagner anunciou a busca de um acordo por meio da PEC, em termos semelhantes aos defendidos por Lira, justificando a eventual mudança com o argumento de que, após dois anos de rito diferente durante a pandemia, os parlamentares querem um novo formato de processamento de MPs.

Segundo Wagner, a ideia em construção é que as medidas enviadas pelo governo passem a tramitar, alternadamente, na Câmara e no Senado. Além disso, caberia ao presidente da respectiva Casa Legislativa indicar o relator da matéria e encaminhá-la à comissão temática da respectiva matéria. Por exemplo, uma questão jurídica seria processada pela Comissão de Constituição e Justiça.

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O líder do governo disse ainda que a decisão sobre como serão escolhidas as Casas que iniciarão o processo será determinada pela PEC. Os detalhes, disse ele, estão sendo discutidos. Ele estava confiante com a possibilidade de um acordo em breve sobre a proposta.

“Essa é a discussão que está em curso, está muito próxima de um acordo, depende de uma emenda constitucional”, afirmou Wagner. “Se houver acordo, as coisas acontecem aqui muito rápido”, reforçou, sobre o eventual avanço da PEC, tipo de proposta legislativa que exige o apoio de pelo menos 308 deputados e 49 senadores em dois turnos nas duas Casas .

O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que uma proposta de texto mais adequada está em construção na Câmara. Ele disse que, obviamente, o interesse do governo é a “resolução” porque há 15 medidas provisórias em tramitação no Congresso.

Randolfe negou que haja o temor de que as medidas percam a validade – se não forem votadas, expiram 120 dias após a publicação. “A situação está resolvida esta semana, estamos muito perto de uma solução”, comemorou.

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Um líder próximo ao governo na Câmara disse que uma das preocupações é que a MP que promoveu a reorganização ministerial, com a criação de 37 ministérios do atual governo Lula, possa expirar. Ela disse que havia indícios de que a oposição poderia trabalhar contra o assunto.

AGUARDANDO A MUDANÇA

Em entrevista à jornalista Míriam Leitão, veiculada na noite desta quarta-feira pela GloboNews, o presidente da Câmara havia se pronunciado sobre a PEC e destacado que a iniciativa, se aprovada, levaria a um rito de procedimento “mais democrático” para os deputados, dada a alternância do início do assunto.

Para Lira, o formato de tramitação das MPs por comissões mistas é “antidemocrático” porque a Câmara estaria sub-representada. Ele citou o exemplo de que fazem parte do colegiado 12 deputados, num universo de 513 e também 12 senadores, de um total de 81.

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“O Senado acha que a Câmara tem superpoderes, porque ela inicia e tem a palavra final”, afirmou.

“Não precisa voltar nas comissões mistas para haver alternância. Mantém-se esse modelo, modifica-se a Constituição, faz-se nova resolução e as medidas provisórias terão esse rito mais democrático, mais amplo, com alternância. Alguns começam na Câmara, outros começam no Senado, sem nenhum tipo de crise”, defendeu na entrevista.

Pela articulação feita, segundo os senadores, as MPs já em tramitação estariam paralisadas até que a PEC com a nova regra seja aprovada pelo Congresso. Então eles já procederiam com o novo rito.

O senador Renan Calheiros (MDB-AL), adversário regional de Lira, criticou o prefeito por, segundo ele, paralisar a tramitação das atuais MPs até que uma nova norma seja eventualmente adotada.

“Acho insano esse posicionamento, arbitrário e inconstitucional. Ele não pode impedir que o Senado da República cumpra o seu papel, vivemos o bicameralismo no Brasil, é claro que temos que melhorar, mas jamais deixaremos de cumprir os ritos vigentes”, ele disse. .

“A PEC deve seguir em qualquer direção, agora a tramitação de uma PEC não pode obscurecer o cumprimento de uma norma constitucional, é isso que ele está querendo loucamente”, apontou.

(Reportagem adicional de Maria Carolina Marcello; Edição de Maria Carolina Marcello)



Fonte: Noticias Agricolas

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