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Desafios da pecuária sustentável na Amazônia

    A carne nossa de cada dia: Radar Verde traz retrato da (in) sustentabilidade da pecuária na Amazônia | Biodiversidade

    A Pecuária no Brasil: Desafios e Novas Perspectivas

    O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de carne bovina do mundo, responsável por quase um quarto das exportações globais desse produto. No “gigante pela própria natureza”, residem mais bois que pessoas: são 234,4 milhões de cabeças de gado, o maior contingente da série histórica, iniciada em 1974, ante 203 milhões de habitantes. A criação é em grande parte feita no pasto e, historicamente, à medida que a criação dos quatro-patas aumentou, também levou consigo vastas áreas da maior floresta tropical do mundo. A maior parte da expansão da agropecuária no Brasil nas últimas três décadas do resulta desmatamento para pastagem, com cerca de 64,5 milhões de hectares convertidos. Amazônia transformou-se no bioma com maior área de pastagens do Brasil: os nove estados da Amazônia Legal possuem 43% do rebanho nacional de bovinos. Por lá, os pastos cobrem cerca de 90% da área total desmatada, sendo 90% ilegal, segundo um estudo realizado pelo projeto Amazônia 2030. Na esteira desse avanço, a pecuária se tornou um dos pilares da economia brasileira, respondendo por quase 7% do PIB.

    Investimento em Sustentabilidade e Transparência

    Com o Brasil sob escrutínio internacional e prejuízos causados por eventos climáticos extremos na própria produção local, o setor agropecuário também passou a investir em novas tecnologias, melhorias no processo de gestão e monitoramento da cadeia produtiva. A sustentabilidade tornou-se fator promissor da produtividade no Brasil e determinante para a reputação e acordos comerciais, pautando planos e discursos de empresas e frigoríficos. Paulo Barreto, coordenador do Radar Verde e pesquisador associado do Imazon, classifica o desmatamento como uma ameaça sistêmica à economia brasileira.

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    A Importância da Transparência na Cadeia de Produção

    Criado em 2022 pelo Instituto O Mundo Que Queremos (IOMQQ) e o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), o Radar Verde é um indicador público e independente de transparência e controle da cadeia de produção e comercialização de carne bovina no Brasil que busca dar visibilidade às empresas compromissadas com a redução do desmatamento na Amazônia Legal. O objetivo é oferecer informações relevantes aos consumidores, para que possam tomar decisões sobre o consumo de carne livre de desmatamento em seu processo de produção, além de dar mais clareza para pautar decisões do setor financeiro na concessão de crédito.

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    Sumário

    1. Produção de carne bovina no Brasil

    1.1 Crescimento do rebanho bovino

    1.2 Impacto da pecuária na Amazônia

    2. Sustentabilidade na cadeia da pecuária

    2.1 Investimento em novas tecnologias

    2.2 Desafios da sustentabilidade

    3. Radar Verde: Indicador de transparência na cadeia de produção de carne bovina

    3.1 Avaliação dos frigoríficos e varejistas

    3.2 Controle da cadeia pecuária

    4. Desafios e futuro da pecuária sustentável no Brasil

    4.1 Limitações atuais na transparência da cadeia

    4.2 Impacto da transparência nas decisões de consumo e investimento

    O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de carne bovina do mundo, responsável por quase um quarto das exportações globais desse produto. No “gigante pela própria natureza”, residem mais bois que pessoas: são 234,4 milhões de cabeças de gado, o maior contingente da série histórica, iniciada em 1974, ante 203 milhões de habitantes.

    A criação é em grande parte feita no pasto e, historicamente, à medida que a criação dos quatro-patas aumentou, também levou consigo vastas áreas da maior floresta tropical do mundo. A maior parte da expansão da agropecuária no Brasil nas últimas três décadas do resulta desmatamento para pastagem, com cerca de 64,5 milhões de hectares convertidos.

    Amazônia transformou-se no bioma com maior área de pastagens do Brasil: os nove estados da Amazônia Legal possuem 43% do rebanho nacional de bovinos. Por lá, os pastos cobrem cerca de 90% da área total desmatada, sendo 90% ilegal, segundo um estudo realizado pelo projeto Amazônia 2030.

    Na esteira desse avanço, a pecuária se tornou um dos pilares da economia brasileira, respondendo por quase 7% do PIB. Ao mesmo tempo, a Amazônia ganhou os holofotes do mundo, que despertou assustado para os efeitos da motoserra sobre a floresta e os riscos para a sociobiodiversidade e manutenção do equilíbrio climático global.

    Com o Brasil sob escrutínio internacional e prejuízos causados por eventos climáticos extremos na própria produção local, o setor agropecuário também passou a investir em novas tecnologias, melhorias no processo de gestão e monitoramento da cadeia produtiva. A sustentabilidade tornou-se fator promissor da produtividade no Brasil e determinante para a reputação e acordos comerciais, pautando planos e discursos de empresas e frigoríficos.

    Paulo Barreto, coordenador do Radar Verde e pesquisador associado do Imazon, classifica o desmatamento como uma ameaça sistêmica à economia brasileira. “Diminui as chuvas, que são essenciais para o agronegócio, para a geração de energia, o abastecimento industrial e dos lares”.

    Mas o quão sustentável é, de fato, a cadeia da pecuária no país?

    O Radar Verde, indicador público e independente de transparência e controle da cadeia de produção e comercialização de carne bovina no Brasil, traz um retrato indigesto: 95% dos maiores varejistas do Brasil e 92% dos frigoríficos localizados na Amazônia Legal possuem controle da cadeia pecuária muito baixo.

    A constatação resulta da avaliação de dados públicos de 132 frigoríficos com plantas na Amazônia e 69 varejistas potenciais compradores de carne bovina da região, incluindo grandes redes de supermercado. E refletem, segundo a pesquisa, a falta de um pilar de transparência sólido para tratar o tema diante da sociedade, sem o qual sustentabilidade vira greenwashing (lavagem verde).

    Há exceções. Marfrig e o varejista Grupo Pão de Açúcar (GPA) são os únicos que demonstraram ter controle intermediário da cadeia, conforme a classe de pontuação utilizada na análise. Criado em 2022 pelo Instituto O Mundo Que Queremos (IOMQQ) e o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), o Radar Verde é um indicador público e independente de transparência e controle da cadeia de produção e comercialização de carne bovina no Brasil que busca dar visibilidade às empresas compromissadas com a redução do desmatamento na Amazônia Legal.

    O objetivo é oferecer informações relevantes aos consumidores, para que possam tomar decisões sobre o consumo de carne livre de desmatamento em seu processo de produção, além de dar mais clareza para pautar decisões do setor financeiro na concessão de crédito.

    No rastro do boi

    Para avaliar os frigoríficos e supermercados, o estudo adotou três indicadores:

    Grau de Transparência Pública: avalia se as informações disponibilizadas nos sites das empresas mapeadas revelam a política de controle do desmatamento na cadeia da carne e se sua eficácia é comprovada por meio de auditoria independente realizada pela empresa. Para a avaliação desse indicador são consideradas perguntas do questionário de avaliação do Grau de Controle.

    Grau de Exposição ao Risco de Desmatamento: avalia o grau de exposição dos frigoríficos ao desmatamento. A metodologia foi desenvolvida pelo Imazon baseia-se em informações sobre a zona de compra de cada planta frigorífica e sua sobreposição com desmatamento ocorrido, áreas embargadas e risco de desmatamento futuro.

    Grau de Controle da cadeia: avalia as políticas contra o desmatamento e os indicadores de seu desempenho. Nesta avaliação são verificadas as políticas e indicadores para controle da origem (direta e indireta) da carne, apresentadas nas respostas das empresas ao questionário do Radar Verde, bem como sua eficácia comprovada por meio de auditoria independente realizada pela empresa.

    Transparência na berlinda

    Dos 69 varejistas, o Radar conseguiu avaliar o Grau de Transparência Pública de 47 empresas (68%). As outras 22 restantes não tinham informações públicas ou o site estava em manutenção durante o período de análise, realizada de 07 de julho a 02 de agosto de 2023. Os varejistas com os melhores resultados em transparência pública, demonstrando controle das fazendas fornecedoras diretas (as que entregam os bois para as plantas de abate) foram o GPA, Assaí, Carrefour e Cencosud Brasil.

    No geral, 95,65% das avaliadas obtiveram classificação com grau de controle muito baixo (vermelho); 2,89% obtiveram grau de controle baixo (laranja); e apenas 1,44% obteve classificação com grau de controle intermediário (amarelo), segundo o estudo. Dos 47 varejistas que disponibilizam informações públicas, apenas três (Assaí, Carrefour e GPA) realizam auditoria de seus fornecedores diretos.

    Dos 132 frigoríficos identificados, foi possível avaliar o Grau de Transparência Pública apenas de 38 (29%). Os 94 (71%) restantes não possuíam ou o site estava em manutenção durante o período de análise, de 07 de julho a 02 de agosto de 2023. Os frigoríficos com os melhores resultados neste indicador são: Marfrig, Frigorífico Rio Maria, JBS SA, Masterboi, Minerva, Frigol, Mafrinorte, Fribev, Mercurio, Fortefrigo e Frigorífico Altamira.

    Essas empresas foram as que demonstraram ter algum nível de controle sobre os fornecedores diretos, as últimas fazendas da cadeia, que entregam os bois para as plantas de abate. No geral, 92% obtiveram classificação quanto à transparência pública com grau de controle muito baixo; 7% obtiveram grau de controle baixo; e apenas 1% obteve classificação com grau de controle intermediário.

    Fornecedores indiretos

    Uma forma de controle que a indústria adota é a exigência das informações da origem do gado por meio da Guia de Trânsito Animal (GTA), fornecida no ato da venda pelo fornecedor direto, aquele que vende diretamente à indústria os animais prontos para o abate. Um ponto que segue no escuro, contudo, é o controle dos fornecedores indiretos, considerados importantes vetores do desmatamento.

    “Ainda não há o controle sobre os fornecedores indiretos, que são aqueles que vendem bezerros e novilhos aos fornecedores diretos para engorda. Este é um dos grandes gargalos no monitoramento da origem do gado atualmente”, diz um trecho da pesquisa.

    Para Alexandre Mansur, coordenador do Radar Verde e diretor de projetos do Instituto O Mundo Que Queremos, a transparência é uma prestação de contas aos consumidores e investidores. “Saber o status do setor com relação ao controle de fornecedores é fundamental para compreendermos a evolução do Brasil na busca por eliminar o desmatamento da cadeia da pecuária”, afirma.

    Grau de Exposição ao Risco de Desmatamento

    Exclusivamente para os frigoríficos, o Radar Verde avalia o Grau de Exposição ao Risco de Desmatamento de cada um dos grupos frigoríficos localizados na Amazônia Legal que possuem SIE (Serviço de Inspeção Estadual) e SIF (Serviço de Inspeção Federal), os quais correspondem a 96% da capacidade de abate bovino da região segundo dados do IBGE.

    “Esse indicador demonstra a extensão das áreas sob risco de desmatamento onde os frigoríficos atuam. Para cada empresa frigorífica há uma zona potencial de compra de gado e um risco que é calculado”, explica Ritaumaria Pereira, coordenadora do Radar Verde, pesquisadora adjunta e diretora-executiva do Imazon.

    Os frigoríficos com maior Grau de Exposição ao Risco de Desmatamento são JBS S/A, Vale Grande Indústria e Comércio de Alimentos S/A (Frialto), Frigo Manaus, Masterboi LTDA, Minerva, Mercúrio Alimentos S/A, Rio Beef Frigorífico, Amazonboi, Frig S/A e Frigorífico Redentor S/A.

    (Des)Controle da cadeia

    O Grau de Controle é obtido a partir das respostas das empresas aos questionários enviados. Os resultados indicam que, da forma que a cadeia está estruturada no Brasil atualmente, frigoríficos e varejistas não demonstram qual é o Grau de Controle que possuem sobre a produção de carne bovina.

    Nenhum dos 132 frigoríficos respondeu à pesquisa do Grau de Controle da cadeia. Dentre os 69 varejistas identificados, responderam ao questionário somente Assaí Atacadista, Carrefour e GPA. Nenhuma destas empresas, contudo, autorizou a divulgação de sua classificação final.

    Os resultados completos do Radar Verde estão disponíveis no site. No relatório final são listados todos os 132 frigoríficos e os 69 grupos varejistas pesquisados, com suas classificações.

    O Brasil, país conhecido como “gigante pela própria natureza”, é um dos maiores produtores e exportadores de carne bovina do mundo, sendo responsável por quase um quarto das exportações globais desse produto. Com um contingente de 234,4 milhões de cabeças de gado, o Brasil abriga mais bois do que pessoas, já que possui apenas 203 milhões de habitantes. A maior parte da criação é realizada em pastagens, o que historicamente tem levado à expansão agropecuária em detrimento da floresta tropical, resultando em desmatamento para a criação de pastagem, com cerca de 64,5 milhões de hectares convertidos. Como resultado, a Amazônia tornou-se o bioma com a maior área de pastagens no Brasil, abrigando 43% do rebanho nacional de bovinos.

    A expansão da pecuária no Brasil nas últimas três décadas tem sido focalizada na Amazônia Legal, onde os pastos cobrem cerca de 90% da área total desmatada, sendo 90% desse desmatamento ilegal. Isso levou a pecuária a se tornar um pilar da economia brasileira, contribuindo com quase 7% do PIB do país. No entanto, a expansão desenfreada da pecuária tem despertado a atenção internacional para os efeitos do desmatamento na floresta amazônica e os impactos sobre a biodiversidade, o clima e a sociedade.

    Com o Brasil sob escrutínio internacional e diante dos prejuízos causados por eventos climáticos extremos na própria produção local, o setor agropecuário tem investido em novas tecnologias, melhorias na gestão e monitoramento da cadeia produtiva. A sustentabilidade tornou-se um fator determinante para a reputação e acordos comerciais, levando empresas e frigoríficos a repensarem suas práticas e discursos em relação ao meio ambiente e à transparência na cadeia de produção e comercialização de carne bovina.

    No entanto, apesar dos esforços em direção à sustentabilidade, um estudo realizado pelo Radar Verde, indicador público e independente de transparência e controle da cadeia de produção e comercialização de carne bovina no Brasil, revela que a maioria dos varejistas e frigoríficos na Amazônia Legal possui controle muito baixo da cadeia pecuária. A falta de transparência e controle efetivo têm levado a práticas de “greenwashing” (lavagem verde), em que a sustentabilidade é apenas uma estratégia de marketing, sem efetivas mudanças nas práticas de produção.

    O estudo classifica apenas dois frigoríficos (Marfrig e Grupo Pão de Açúcar – GPA) como tendo controle intermediário da cadeia, demonstrando que a maioria das empresas ainda precisa avançar em direção à transparência e responsabilidade ambiental. O Radar Verde busca trazer visibilidade às empresas comprometidas com a redução do desmatamento na Amazônia Legal, oferecendo informações relevantes aos consumidores e influenciando as decisões do setor financeiro na concessão de crédito.

    Além disso, o estudo avaliou três indicadores fundamentais: o Grau de Transparência Pública, o Grau de Exposição ao Risco de Desmatamento e o Grau de Controle da cadeia. Os resultados revelaram que a maioria dos varejistas e frigoríficos possui baixa transparência pública e não demonstra controle efetivo sobre a produção de carne bovina. A falta de monitoramento dos fornecedores indiretos é destacada como um dos grandes gargalos na cadeia de produção de carne bovina, evidenciando a necessidade de maior transparência e controle em toda a cadeia produtiva.

    Diante desse cenário, a transparência e a responsabilidade ambiental tornam-se fatores essenciais para a evolução do setor pecuário no Brasil e para a redução do desmatamento na Amazônia Legal. A prestação de contas aos consumidores e investidores por meio da transparência na cadeia de produção e comercialização de carne bovina é fundamental para impulsionar mudanças significativas rumo a uma pecuária mais sustentável e responsável.

    Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo

    Escrever sobre a seguinte frase: “O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de carne bovina do mundo” é interessante, mas é importante apontar que a expansão da pecuária no país tem impactos significativos no meio ambiente, especialmente na Amazônia. A sustentabilidade da cadeia de produção de carne bovina no Brasil é uma questão crucial que precisa ser abordada e melhorada para garantir um equilíbrio entre a produção agropecuária e a preservação ambiental.

    Perguntas e respostas:
    – **Qual é o impacto da expansão da pecuária na Amazônia?**
    A expansão da pecuária na Amazônia tem contribuído significativamente para o desmatamento da região, com vastas áreas da floresta tropical sendo convertidas em pastagens.

    – **Como a pecuária se tornou um pilar da economia brasileira?**
    A pecuária representa quase 7% do PIB brasileiro, tornando-se um setor econômico fundamental para o país.

    – **O que é o Radar Verde e qual é o seu objetivo?**
    O Radar Verde é um indicador público e independente de transparência e controle da cadeia de produção e comercialização de carne bovina no Brasil, que busca dar visibilidade às empresas comprometidas com a redução do desmatamento na Amazônia Legal.

    – **Quais são os principais problemas identificados pelo Radar Verde na cadeia de produção de carne bovina no Brasil?**
    O Radar Verde identificou que a maioria dos varejistas e frigoríficos possui controle muito baixo da cadeia pecuária, refletindo uma falta de transparência e sustentabilidade na produção.

    – **Quais são os frigoríficos e varejistas que demonstraram ter algum nível de controle sobre a origem da carne bovina?**
    Marfrig e o varejista Grupo Pão de Açúcar (GPA) foram os únicos identificados pelo Radar Verde como demonstrando ter controle intermediário da cadeia de produção de carne bovina.

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    Impacto da expansão da pecuária na Amazônia

    Pecuária como pilar da economia brasileira

    O que é o Radar Verde e qual é o seu objetivo?

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