Pular para o conteúdo

Colheita mecanizada em conilon: Testes na colheita 22 foram positivos e podem…

    Colheita mecanizada em conilon Testes na colheita 22 foram positivos

    A mecanização levará tempo para chegar a todos os produtores, mas pode ajudar a resolver um grave problema trabalhista enfrentado pelos produtores do ES e BA

    A safra 2022 do café conilon é recorde para o Brasil, com volume próximo a 18 milhões de sacas, segundo o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No mercado, analistas da região do Espírito Santo falam de um volume ainda mais expressivo, com o mercado trabalhando com uma produção de aproximadamente 22 milhões de sacas.

    Patrocinadores

    Se, por um lado, as condições climáticas eram favoráveis ​​ao produtor de conilon, o gargalo de mão de obra, sentido por muitos anos na região, foi o grande desafio da safra. Segundo relatos ouvidos por Notícias agrícolasa colheita começou até tarde em algumas áreas devido à dificuldade de encontrar mão de obra.

    Esse é um cenário já conhecido pelo produtor de conilon e que vem se agravando nos últimos anos, que além de mais caro, também é escasso tanto no Espírito Santo quanto em regiões da Bahia.

    Patrocinadores

    Nesse sentido, há alguns anos o produtor vem fazendo pesquisas e testes para tentar mecanizar a colheita em toda a área. Na safra 2022, os resultados foram satisfatórios em algumas áreas onde o trabalho foi realizado com máquinas normalmente utilizadas em áreas de Arábica. Pesquisas e testes devem continuar na próxima safra, mas pela primeira vez mostraram um cenário mais otimista para alguns produtores.

    “Faz cerca de 15 anos que algumas colhedoras de café foram testadas, mas sem sucesso no ajuste da máquina. O Conilon tem características muito diferentes do Arábica e até então não tinha tido sucesso, desfolhava muito a lavoura, mas este ano um das máquinas apresentaram comportamento interessante”, diz José Carlos Gava Ferrão, produtor de café, agrônomo e consultor de café com serviços em regiões da Bahia e Espírito Santo.

    Segundo Ferrão, nesse primeiro momento observou-se que alguns produtores conseguiram colher sem muito dano à planta, mas ele ressalta que a mecanização não é possível para todas as variedades, sendo mais favorável para alguns clones que “se desprendem” mais facilmente do ramo, enquanto outras variedades mostraram resistência.

    Veja imagens durante a colheita da safra 2022:

    “Os testes continuam. Para alguns funcionou. No caso do conilon, há questões de espaçamento, número de hastes, precisa de alguns ajustes. Mostrou-se mais qualificado quando tinha um ramo ortotrópico por planta. , cairia mais café no chão ou ficaria mais café no pé”, diz.

    A 22ª safra também mostrou que para o produtor ter um bom resultado, também é interessante ter uma maturação de grãos mais uniforme. “As primeiras observações são de que alguns ajustes serão feitos nas máquinas, o produtor terá que passar duas vezes com a máquina na mesma área”, comenta.

    Um volume expressivo de café no chão também foi observado após a passagem da máquina, o que pode trazer mais uma mudança na rotina do cafeicultor. “Embora não seja a prática do café conilon, provavelmente teremos que começar a adotar a prática de coletar esse café também do chão”, diz ele.

    Os resultados são positivos e mesmo após 15 anos de testes, Ferrão reconhece que o processo de mecanização será lento e ainda não é para todos os produtores. Alguns ajustes, como espaçamento entre culturas, também podem ser necessários.

    “Processo muito promissor, mas lento. Vai demorar anos para se popularizar, talvez para os grandes aconteça primeiro por causa do investimento, mas ainda precisa de muitos ajustes. O fato é que, depois de 15 anos, essa máquina apresentou melhor desempenho”.

    Produção e mercado internacional: em foco para o setor de conilon no momento

    O Conilon ganhou ainda mais destaque nos últimos dois anos, suprindo a necessidade do mercado de café arábica. O volume, considerado muito positivo pelo setor, tem vindo principalmente do mercado interno, que segue com demanda aquecida do setor.

    Refletindo esse cenário, os dados mais recentes do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) mostraram queda de mais de 60% nos embarques de conilon nos últimos meses. + Café: Brasil tem receita recorde de exportação, mas problemas logísticos nos EUA voltam ao radar do setor exportador

    Segundo Marcos Matos, presidente do Cecafé, o setor acompanha de perto a redução dos embarques, principalmente porque o Brasil é visto no exterior como um produtor de qualidade superior às demais origens produtoras.

    “O Brasil é visto como um país que entrega café na hora certa e na qualidade certa. Há uma expectativa de que o Brasil tenha volumes maiores porque quando o Brasil não tem volumes disponíveis para exportação, é realmente muito difícil conquistar novos clientes .do ponto de vista internacional, há uma preferência pelo conilon brasileiro”, diz.

    Com os avanços na produtividade, o setor estima que o Brasil se tornará o maior produtor de café conilon do mundo nos próximos cinco anos, superando a produção do Vietnã. Em agosto, as estimativas indicavam o volume de produção em oito anos, mas o avanço nas demais áreas de produção gerou uma revisão nas estimativas.

    Do lado da pesquisa, especialistas dizem que é uma meta possível para o Brasil, desde que a pesquisa avance em termos de produtividade e qualidade do conilon. + Meta de se tornar o maior produtor de café conilon do mundo em 5 anos é possível para o Brasil, mas pesquisas sobre produtividade e qualidade precisam de incentivo



    Fonte: Noticias Agricolas