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clima será desafiador com El Niño

O cenário climático enfrentará fortes desafios. O El Niño começou oficialmente no dia 8 e pode durar de cerca de nove meses a mais de dois anos, segundo as últimas projeções, a possibilidade é de um forte El Niño – com picos de temperatura +1,5°C acima da média em alguns trimestres. Com a influência do El Nino, o padrão de chuvas muda em todo o planeta, modulando as condições nas regiões produtoras.

O inverno, que teve início em 21 de junho, terá forte influência do fenômeno, em períodos de El Niño, são esperados certos padrões de chuva e temperatura no Brasil, que de forma simplificada pode ser descrito como um período chuvoso no Centro -Sul e mais seco no Centro-Norte, porém com variações específicas dadas as condições atuais.

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Para a cultura do trigo, as condições pluviométricas e de temperatura são amplamente aceitas no sul do Brasil, a tendência é de um inverno mais úmido, com temperaturas acima da média – com menor ocorrência de geadas intensas. Dessa forma, não há resistência quanto à necessidade de água devido a dores ou baixas temperaturas. No entanto, essas chuvas mais recorrentes podem ser uma preocupação em relação às operações de colheita e doenças fúngicas especiais.

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Segundo o meteorologista Gabriel Rodrigues, para milho e soja, em períodos de El Niño, embora não haja grande influência das chuvas no Brasil central, as projeções indicam um período mais seco e quente. Essa combinação de falta de chuva e temperaturas mais altas é um fator limitante para o potencial produtivo das lavouras, principalmente em relação à restrição hídrica. Um verão mais seco pode comprometer a safra, levando a menores taxas de germinação e, consequentemente, levando ao escoamento. Além disso, temperaturas mais altas podem aumentar a evapotranspiração, o que pode agravar os efeitos da falta de chuva. Esse cenário é previsto no Brasil central, tomando Mato Grosso, estado responsável por 33% da produção nacional de milho primeira safra e 26% da soja. No entanto, a boa disponibilidade hídrica pode alavancar a produção dessas cultivares no Paraná e no Rio Grande do Sul,

Quanto ao algodão, no Mato Grosso (72%) e na Bahia (20%), que são os principais produtores da fibra no Brasil, com plantio a partir de meados de dezembro na Bahia e janeiro no Mato Grosso. Portanto, o sucesso da temporada vai depender da disponibilidade de chuvas neste verão. E diante do cenário projetado, a tendência é de um período mais seco e quente, condição que aumenta a perda de água do solo e das plantas por evaporação. Além disso, temperaturas noturnas acima de 27°C limitam a formação de brotos e a floração. Com relação à qualidade da fibra, o estresse por falta de água pode causar redução no comprimento da fibra e, dependendo da severidade e do estágio de desenvolvimento da planta, pode contribuir para o aumento ou diminuição do índice de micra.

O meteorologista aponta que, para o arroz, a região Sul, responsável por 80% da produção nacional, enfrentará desafios no plantio e no desenvolvimento da cultura, principalmente em relação ao excesso de chuvas. Tanto para o arroz irrigado por inundação quanto para o arroz de terras altas, chuvas excessivas e frequentes podem prejudicar o crescimento das plantas, reduzindo a disponibilidade de luz solar durante o ciclo da cultura. Chuvas excessivas também prejudicam as práticas de manejo das lavouras. Ainda está fora do horizonte de previsão, mas se a colheita coincidir com um período de chuvas intensas, perdas são inevitáveis, como a redução da produtividade por acamamento das plantas.

Para a cana-de-açúcar, as principais regiões produtoras terão um clima sem grandes influências do fenômeno El-Niño. No entanto, as projeções indicam temperaturas acima da média em todos os setores do país, o que deve acelerar a perda de umidade devido às maiores taxas evaporativas. Eventualmente, períodos mais secos durante a fase de tolerância podem causar redução na produtividade dos colmos, mas, ao mesmo tempo, podem aumentar a concentração de sacarose, o que, em alguns casos, pode até ser vantajoso do ponto de vista produtivo.

Quanto ao café, de acordo com o cenário apontado com a influência do El-Niño, o estado de Rondônia pode enfrentar um período mais seco. Essa condição pode prejudicar significativamente o cafeeiro, levando a lesões como murcha, desfolha, galhos secos, deficiências nutricionais e suscetibilidade a doenças e enfermidades. As perdas se manifestam em prejuízos no desenvolvimento e produção dos frutos, mudanças no tamanho e tipo de café e diminuição da produtividade. Por outro lado, os estados produtores da região sudeste podem não ter mudanças significativas em relação às condições climáticas.

Fonte: Agro

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