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Casal de agricultores investe em mirtilo no distrito de Parelheiros,…

    Casal de agricultores investe em mirtilo no distrito de Parelheiros

    A tecnificação e expansão da agricultura e produção de alimentos é uma realidade que se mostra essencial a cada dia. A cidade de São Paulo segue essa inovação e tendência, mostrando-se como exemplo e modelo de agricultura moderna. Um dos exemplos de fruticultura adaptada e tecnificada é o de uma cultura ainda pouco conhecida no Estado de São Paulo, mas muito apreciada, que chegou à capital e já é realidade: o mirtilo (Vaccinium sect. cyanococcus) .

    Essa planta de origem européia, mas que tem suas maiores produções concentradas nos Estados Unidos, hoje é consumida em todo o mundo e também está sendo produzida na zona rural da cidade de São Paulo.

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    Localizado em Parelheiros, extremo sul de São Paulo, cercado pela Mata Atlântica, o Sítio Campo Verde é uma propriedade de cinco hectares, sendo um hectare dedicado ao cultivo de mirtilos. As proprietárias, Auricleide Gonçalves Duarte, a Cleide, e Simone Aparecida de Oliveira Duarte, antenadas com os novos padrões de consumo, entenderam que precisavam inovar para melhorar o rendimento de sua pequena propriedade e decidiram investir na produção orgânica e certificada de mirtilos, uma fruta muito apreciada pelo seu sabor e propriedades nutricionais.

    Comercialmente conhecido como mirtilo, em inglês, e arandano, em espanhol, está incluído no grupo das pequenas frutas, juntamente com amora, morango, framboesa e physalis, além de ser uma das frutas frescas mais ricas em antioxidantes já estudadas.

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    A safra começou há cinco anos e a produção no Sítio Campo Verde começou dois anos após o plantio. Na safra 2022/2023, os proprietários colheram o dobro da safra anterior. A produção estimada é de 600kg/ha, com preço médio de venda de R$ 70,00/kg. As vendas são feitas diretamente para o Instituto Baroa, em feiras orgânicas e para quem visita a propriedade, pois essa cultura tem despertado o interesse e a curiosidade de quem frequenta a região.

    A colheita do mirtilo no Sítio Campo Verde começa em novembro e vai até fevereiro, sendo feita manualmente em dias alternados. Parte da produção é vendida in natura para o Instituto Chão e Instituto Baru, em São Paulo, e parte é congelada para maior durabilidade.

    Além de inovar com a cultura, os produtores apostam em novas formas de produzir o mirtilo, garantindo a qualidade da produção. Eles investiram em um projeto de plantio em vasos com fertirrigação, com 608 vasos plantados em fevereiro de 2022, com início de produção previsto para novembro de 2023. O projeto foi baseado em pesquisas próprias e executado com o auxílio de uma empresa de irrigação.

    A poda de condução nas plantas de mirtilo é realizada na pós-colheita, em fevereiro, e a transferência é realizada em junho. Desta forma, são garantidos maiores rendimentos e melhores estruturas das plantas de mirtilo. A adubação orgânica é realizada a cada três meses, com torta de mamona, farinha de osso, bokashi, entre outros resíduos orgânicos compostados. Apesar de ser uma produção orgânica, existem alguns problemas que precisam ser enfrentados, como, por exemplo, o ataque de pragas, sendo as formigas as mais comuns e as que mais causam danos. Eles são controlados com pulverizações recorrentes de óleo de nim e colocando folhas de mamona picadas ao redor das plantas.

    A área é administrada pelo casal, com o auxílio de uma ajudante contratada por demanda dos serviços de campo e para algumas operações. Além do hectare destinado ao cultivo de mirtilo, o Sítio Campo Verde possui 0,5 hectare de área de uso comum e 3,5 hectares de área preservada com vegetação arbórea nativa do bioma Mata Atlântica.

    O local é um exemplo de como é possível investir em produção orgânica e certificada. “A produção de mirtilo tem se mostrado uma excelente alternativa para propriedades rurais baseadas na agricultura familiar, tendo a agroecologia como base produtiva agrícola e que desejam investir em cultivos especializados e de qualidade. Não é uma cultura fácil de manejar; requer dedicação, conhecimento e atenção diária para monitorar e manejar adequadamente as plantas em cada fase”, explica o diretor da Coordenação Regional de Assistência Técnica Integral (CATI) Santos, que atende agricultores por meio da Casa da Agricultura de São Paulo. Eles também contam com o apoio da Casa da Agricultura Ecológica (Distrito de Parelheiros), que pertence à Prefeitura de São Paulo, e da Patrulha Agroecológica Mecanizada Municipal. Por meio desse suporte técnico, eles recebem auxílio no acesso a políticas públicas, preparo do solo, aterro, questões técnicas e manejo.

    O Sítio Campo Verde está inserido em alguns programas turísticos, como o “Vai de Roteiro”, programa elaborado pela Secretaria de Turismo da Prefeitura de São Paulo, que oferece diversas opções de visitação à cidade, em especial, neste caso, para a região de Parelheiros, Marsilac e Ilha do Bororé, onde estão os empreendimentos familiares, além de oferecer atrativos de exuberância natural, preservação do meio ambiente, gastronomia e agricultura. Outros destinos do roteiro são o Parque Natural Municipal do Itaim e o Restaurante da Marlene.

    No Sítio Campo Verde (@sitiosp.campoverde), é possível fazer uma trilha pela mata, que possui duas lagoas de águas cristalinas. A propriedade comercializa produtos industrializados como geleias de mirtilo, frutas desidratadas e chás das folhas da cultura, além de café colonial em visitas rurais.



    Fonte: Noticias Agricolas