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Cada vez mais o produtor rural precisa ser um bom gestor financeiro do…

    Cada vez mais o produtor rural precisa ser um bom

    O Conexão Campo Cidade desta semana teve como foco o preço da soja, que apresenta patamares de rentabilidade bem menores em relação ao ano passado, o que este ano reforça a necessidade de uma boa gestão financeira na atividade rural

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    Cada vez mais o produtor rural precisa ser um bom gestor financeiro do seu negócio

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    Safra brasileira e ritmo lento de vendas do produtor rural

    O mercado de soja tem sido alvo de atenção ultimamente devido ao ritmo de vendas do produtor brasileiro, abaixo do esperado para esta época do ano. Segundo Marcos Araujo, sócio-diretor da Agrinvest Commodities e consultor em agronegócio, as vendas brasileiras estão abaixo de 45%.

    Segundo Araujo, os produtores deixaram muito para vender no boca a boca, ou seja, optaram por não vender antecipadamente por medo de perder a safra. Esse temor se deve, em parte, ao La Niña, que no ano passado afetou a safra de Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Paraná. No entanto, o La Niña deste ano foi mais isolado na Argentina, Uruguai e Rio Grande do Sul.

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    Araujo trabalha com uma produção estimada de 152 a 153 milhões de toneladas de soja no país, mas há algumas estimativas particulares de grandes trades que consideram uma produção brasileira em torno de 158 milhões de toneladas de soja nesta safra.

    Esmagamento de margem de indústrias chinesas afeta preços da soja no Brasil

    80% da soja brasileira tem como destino a China e isso tem impactado o preço da commodity no país. As indústrias chinesas que esmagam a soja passam por um momento difícil, pois a soja importada pela China é destinada ao seu mercado interno para atender a produção de carne suína e de frango. A China é responsável por cerca de 50% da produção mundial de carne suína, e atualmente os preços que os produtores chineses estão vendendo a carne suína estão com uma margem de lucro muito baixa.

    Recentemente, a margem de lucro dos produtores chegava a apenas 10 dólares por animal, enquanto há alguns meses essa margem chegava a mais de 300 dólares por animal. Isso afeta diretamente a compra do farelo e do óleo de soja, ingredientes da nutrição animal. Além disso, a produção de carne suína e de frango na China não deve ter crescimento em relação ao ano passado, o que reduz o ímpeto de importação de soja pela China.

    O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos estima que as importações chinesas de soja nesta safra estejam em torno de 96 milhões de toneladas, enquanto na safra anterior, com a mesma produção, as importações foram inferiores a 92 milhões de toneladas. Isso indica um momento de baixa demanda pela soja brasileira.

    Mesmo com a entrada da safra de soja na Argentina, que vem importando muita soja brasileira via Porto Murtinho por meio de barcaças no rio Paraguai, há uma tendência natural de que a margem de lucro das indústrias processadoras diminua com a entrada da Argentina no mercado . Por isso, especialistas recomendam vendas futuras da soja brasileira.

    Custos de armazenagem e problemas portuários impactam vendas de soja no Brasil

    Segundo arcos Araujo, sócio-diretor da Agrinvest Commodities e consultor do agronegócio, a cada mês que a soja é armazenada, ela precisa valorizar cerca de R$ 2 a saca para compensar os custos financeiros de armazenamento e quebra técnica. Portanto, o objetivo do sojicultor é vender o produto por um preço superior a esse valor.

    O consultor recomenda que os produtores façam uma análise financeira antes de tomar a decisão de vender ou armazenar a safra. “Se o objetivo do produtor é um preço superior a 10 reais a saca, ele deve abrir uma conta de movimentação de caixa. Se ele vender aquela soja agora, investir o dinheiro e guardar em cinco meses, ele terá esse ganho financeiro da ordem de 10 reais”, aponta.

    No entanto, Araujo destaca que o momento atual é bastante desafiador para os produtores que precisam vender sua safra. Além dos custos de armazenagem, o excesso de chuvas nos portos, principalmente em Paranaguá, tem causado queda no ritmo das exportações e gerado filas de até 30 dias nos navios.

    “Isso custa ao exportador US$ 600 mil por navio e tem impactado nos prêmios aqui no Brasil”, alerta o consultor. Diante desse cenário, os produtores precisam ficar atentos às oportunidades de venda e acompanhar de perto as oscilações do mercado para obter o melhor preço possível para sua safra.

    “Corta ou não a safra? Especialistas apontam a importância de fazer operações de hedge para garantir preços remuneradores”

    Os produtores que têm evitado bloquear a venda de sua produção, com medo de perder a oportunidade de ganhar mais dinheiro, podem estar se enganando. Antônio da Luz explicou que a hora certa de travar os preços é quando eles são remuneradores.

    Ele explica que, ao fechar um preço mais alto, o produtor pode vender parte de sua produção nessa faixa e, posteriormente, aproveitar as oportunidades de mercado para vender o restante por um preço ainda mais alto.

    No entanto, dados recentes indicam que muitos produtores não frearam adequadamente. Segundo a consultoria de mercado, na atual safra, apenas 31% da produção havia sido parada no início da safra, enquanto a média dos últimos cinco anos é de 52%.

    Para os especialistas, o atual momento do mercado é um exemplo de como a falta de frenagem pode resultar em prejuízos. Com chuvas excessivas nos portos, as exportações de soja estão em ritmo mais lento, o que tem causado filas nos navios e afetado os prêmios no Brasil.

    Portanto, é fundamental que os produtores estejam atentos ao mercado e tomem as decisões corretas de frenagem para evitar prejuízos financeiros e maximizar seus lucros.



    Fonte: Noticias Agricolas