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Análise mensal | Agro | Março 2023

    Análise mensal | Agro | Março 2023

    Prof. Dr. Marcos Fava Neves

    Vinícius Cambaúva

    Patrocinadores

    Vitor Nardini Marques

    Seguem nossas reflexões de fatos e números do agro em março e o que acompanhar em abril.

    Patrocinadores

    Na economia mundial e brasileirao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou fevereiro em alta de 0,84%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre os nove grupos de produtos e serviços analisados, oito tiveram altas, com destaque para: “Educação” cresceu 6,28% no mês; “Saúde e Cuidados” subiu 1,26%; e “Habitação”, com alta de 0,82%. O único grupo que registrou queda foi o de “Vestuário”, retração de 0,24%. No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação ficou em 5,60% no país.

    Ainda sobre o IPCA, entre os produtos do segmento de “Transportes”, a gasolina subiu 1,16% no último mês, enquanto etanol, gás veicular e óleo diesel caíram 1,03%, 2,41% e 3,25%, respectivamente. Já nos “Alimentos e Bebidas” a alta mensal foi de 0,16%, inferior ao que havia sido registrado em janeiro (0,59%). Entre os principais produtos deste grupo caíram as carnes (- 1,22%), a batata-inglesa (- 11,57%) e o tomate (-9,81%); e subiu leite longa vida (+ 4,62%), após seis meses de reduções consecutivas.

    Após este balanço, o Boletim Focus/Bacen do Banco Central do Brasil (de 20 de março de 2023) prevê que o IPCA deve ficar em 5,95% neste ano (baixa no comparativo mensal) e 4,11% em 2024 (alta). Já o Produto Interno Bruto (PIB) está previsto para crescer 0,88% em 2023 (baixa mensal) e 1,47% no próximo ano (baixa). O câmbio foi mantido nos mesmos níveis da previsão de 30 dias atrás: em R$ 5,25 ao final de 2023 e R$ 5,30 ao término de 2024. Por fim, a Taxa Selic está prevista pelo órgão em 12,75% neste ano e 10,00% no próximo, ambos iguais ao que havia sido previsto no mês passado. 

    No agro mundial e brasileiro, o Índice de Preços de Alimentos da FAO (Agência das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação) registrou a 11ª queda mensal consecutiva em fevereiro, fechando em 129,8 pontos, 0,6% inferior a janeiro. Desde o último pico de preços em março de 2022, o indicador acumula queda de 29,9 pontos (-18,7%). A principal explicação para o comportamento foi a queda nos preços de óleos vegetais, laticínios, cereais e carnes. O grupo dos “cereais” fechou o mês com média de 147,3 pontos, 0,1% menor do que janeiro, embora o preço do milho tenha registrado alta de 0,1%, em vista dos atrasos no plantio da 2ª safra brasileira e as perdas nas lavouras da Argentina. No subíndice de “óleos vegetais”, o indicador ficou em 135,9 pontos (- 3,2% em relação a janeiro), reflexo da baixa nos preços de óleo de palma, soja, girassol e colza. Já nas “carnes”, a oitava queda mensal consecutiva nos preços do frango levou o indicador a 112 pontos (- 0,1%), mesmo com a alta nos preços da carne suína e estabilidade na bovina e ovina. Por fim, nos “Laticínios”, a média de fevereiro ficou em 131,3 pontos (- 2,7%).

    Já o relatório mensal que prevê as safras globais de grãos, elaborado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), indicou nova redução na produção global de milho: era de 1,151 bilhão de t em fevereiro e veio a 1,147 bilhão de t em março, queda de 0,3% ou 4 milhões de t a menos. Com isso, a oferta mundial do cereal neste ciclo deve ser 5,6% inferior a 2021/22; são 70 milhões de t a menos! O principal motivador da nova redução foi o impacto que o clima tem trazido a produção de grãos na Argentina, que teve suas estimativas reduzidas de 47,0 (fevereiro) para 40,0 milhões de t (março). Com isso, a oferta deverá ser 19,2% inferior a 2021/22.

    para Brasil e Estados Unidos, a previsão foi mantida em 125,0 milhões de t (+ 7,8%) e 348,8 milhões de t (- 8,9%), respectivamente. Ao final de 2022/23, o USDA estima um estoque de 296,5 milhões de t de milho, 3,0% inferior ou 9,2 milhões de t a menos do que o ciclo passado.

    Em vista de toda a turbulência na cadeia global do milho em 2022/23, com as quedas expressivas na produção de Estados Unidos e Argentina, além dos problemas da Ucrânia, o Brasil deve assumir o posto de maior exportador global do cereal neste ciclo: a previsão indica 52,0 milhões de t, contra 49,0 milhões de t dos EUA, que deve passar para a segunda posição. Se confirmada a estimativa, o nosso país irá comercializar 19,6 milhões de t de milho a mais em um ano, crescimento de 60,5%! Vale lembrar, é claro, que ainda dependemos do bom andamento da 2ª safra (~80% da produção nacional), que está em fase final de plantio. Vamos torcer!

    Na soja, o USDA também reviu para baixo a previsão para produção global: de 383,0 (fevereiro) para 375,1 milhões de t (março), 7,9 milhões de t a menos em 1 mês. Assim como no milho, a quebra na produção da Argentina é o fator que explica a alteração; em um mês, a previsão para produção da oleaginosa no país foi revista de 41,0 para 33,0 milhões de t, o que deve resultar numa queda de 6,6% na oferta argentina do grão. No Brasil e Estados Unidos as previsões foram mantidas conforme o último mês, em 153,0 (+ 18,1%) e 116,4 milhões de t (- 4,1%), respectivamente. Os estoques globais de soja, por sua vez, devem fechar 2022/23 com 100,0 milhões de t, 2 milhões de t a menos do que havia sido previsto em fevereiro e 1,0% acima de 2021/22.

    Já no algodão, o USDA reviu para cima a produção de pluma em 2022/23: 25,06 milhões de t, 0,7% menor do que o ciclo passado. Por outro lado, no elo de consumo, a estimativa foi jogada para baixo: agora em 25,3 milhões de t (- 5,3%). A baixa no consumo tem relação com a menor demanda de grandes consumidores como Bangladesh, Paquistão e Turquia. Como consequência, as importações da pluma neste ciclo devem cair 7,5%, ficando em torno de 8,6 milhões de t.

    No Brasil, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) fez um pequeno ajuste na produção de grãos em 2022/23: de 310,6 milhões de t (fevereiro) para 309,9 milhões de t (março), em vista dos atrasos na colheita da soja e plantio do milho safrinha. Mesmo com a revisão, esta safra deverá ser 13,8% superior a passada, com destaques: a soja deve entregar 151,5 milhões de t (+ 20,6%); o milho 124,7 milhões de t (+ 10,2%), sendo 26,8 milhões de t na 1ª safra (+ 6,9%), 95,6 milhões de t na 2ª safra (+ 11,3%) e 2,3 milhões de t na 3ª safra (+ 4,7%); e no algodão, serão 2,8 milhões de t de pluma (+ 9,0%). Já em relação as culturas de inverno, serão 12,4 milhões de t, praticamente o mesmo volume de 2022, com o trigo entregando 10,5 milhões de t; a aveia 1,2 milhão de t; e a cevada 482,1 mil t.

    Em relação a área de milho 2ª safra, a Conab prevê que serão cultivados aproximadamente 17 milhões de ha, 3,8% a mais do que 2021/22 ou 630 mil ha adicionais. Até o último dia 18 de março, 85,1% das áreas a serem cultivadas com o cereal haviam sido plantadas no Brasil, 9,6 p.p. a menos do que igual data do ano passado; atenção a estes números! No Mato Grosso, principal estado produtor, o plantio está praticamente finalizado, com 98,9%. Goiás e Tocantins também já finalizaram as operações. Já em relação a colheita do milho 1ª safra, o progresso apontado pela Conab é de 35,0% até 18 de março, 6,6 p.p. abaixo na comparação com o ano passado. Os estados com resultados mais avançados até o momento são: São Paulo (65,0%), Santa Catarina (65,0%), Rio Grande do Sul (64,0%) e Paraná (45,0%). A Conab reviu a produtividade nacional média do cereal em 2022/23 para 5,6 t por ha, 7,2% maior do que a do ciclo passado. A melhora tem relação, principalmente, com a qualidade do grão colhido no estado do Paraná, que vivenciou boas condições de clima neste ciclo. No Rio Grande do Sul, por outro lado, a estimativa de produção é de 4,12 milhões de t do milho, 4,32% inferior ao que havia sido estimado no último mês; redução justificada pelo impacto da seca nas lavouras do estado.

    Na soja, a colheita tem avançado bem nas últimas semanas, com a trégua dada pelas chuvas nas regiões produtoras.

    65,2% das áreas do país foram colhidas até 18 de março, contra 70,6% na mesma data de 2022. O Mato Grosso alcança 97,9% de avanço e tem as operações praticamente finalizadas. Demais estados encontram-se: Rio Grande do Sul ainda em 0,0% (2022: 9,0%); Paraná em 55,0% (2022: 68,0%); Goiás em 80,5% (2022: 92,0%); e Mato Grosso do Sul em 80,0% (2022: 94,0%).

    Na atualização de março referente ao Valor Bruto da Produção (VBP) Agropecuária, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) estima uma renda no campo de R$ 1,249 trilhão em 2023, alta de 5,0% em relação ao ano passado. Desse total, as cadeias de produção agrícola devem participar com 71%, um VBP previsto em R$ 887,7 bilhões e com destaques para a soja (R$ 387,0 bilhões), milho (R$ 162,0 bilhões) e cana-de-açúcar (R$ 102,0 bilhões). Já na pecuária, o valor foi projetado em R$ 361,9 bilhões, 29% de participação e com destaques para a carne bovina (R$ 141,5 bilhões), a de frango (R$ 104,4 bilhões) e o leite (R$ 61,0 bilhões).

    Em fevereiro, as exportações do agronegócio somaram US$ 9,88 bilhões, queda de 5,6% em relação ao mesmo mês do ano passado.

    Entre os principais fatores que explicam a redução estão: as restrições para vendas de carne bovina por conta do caso atípico de “mal da vaca louca”; o menor volume mensal exportado de grãos (especialmente soja) com o atraso na colheita; e a queda nas vendas mensais de açúcar e trigo. O top 5 com as categorias que registraram maior receita tem na liderança o “Complexo Soja” com US$ 3,86 bilhões (-3,1%), dos quais a soja em grão respondeu por US$ 2,88 bilhões (- 8,1%). Em segundo lugar, aparecem as “Carnes” com receita de US$ 1,63 bilhão (- 9,5%), sendo que o frango vendeu US$ 726,25 milhões (+ 13,0%); a carne bovina, US$ 684,9 milhões (- 28,9%); e a suína US$ 183,5 milhões (+ 26,6%). Na sequência (3°) aparecem os “Produtos Florestais”, com receita de US$ 1,30 bilhão (+ 9,1%). Na quarta posição temos os “Cereais, Farinhas e Preparações”, com US$ 940,9 milhões, sendo que o milho participa de 73,3% deste total (US$ 689,3 milhões). or fim, em quinto lugar ficou o “Complexo Sucroalcooleiro”, com vendas em US$ 617,2 milhões (- 15,2%), destaque para a retração de 23,5% nas exportações do açúcar (US$ 516,42 milhões).

    as importações do agro brasileiro em fevereiro somaram US$ 1,34 bilhões (+ 7,2%), o que resultou em um saldo positivo de US$ 8,55 bilhões (- 7,4%). No acumulado de 2023 (janeiro e fevereiro) vendemos US$ 20,1 bilhões (+ 4,4%) e a balança comercial do setor registra US$ 17,2 bilhões em saldo (+ 1,8%).

    Ainda falando sobre comércio externo, as importações chinesas de milho do Brasil cresceram 13,8% nos dois primeiros meses de 2023: foram 5,33 milhões de t. Já na soja, com o atraso na colheita, o país asiático comprou 36,0% a menos, o que foi suprido especialmente pelas compras dos EUA: foram 11,6 milhões de t da oleaginosa compradas pelo país asiático dos norte-americanos, 15,4% a mais.

    Na Ucrânia, o Ministério de Política Agrária e de Alimentos do país divulgou uma estimativa que prevê uma queda de 15,0% na colheita de grãos em 2022/23, por conta da triste continuidade da guerra com a Rússia.

    Em 2021/22, a Ucrânia colheu 53 milhões de t de grãos, 20% a menos do que a média dos últimos 5 anos. A boa notícia é que foi renovado o acordo para exportações de grãos pelo Mar Negro, em acordo com a Rússia, por mais 60 dias; não mais 120, como antes. 

    De volta ao Brasil, as compras de fertilizantes estão em ritmo acelerado, após as quedas recentes nos preços. Segundo a consultoria StoneX, os agricultores brasileiros já negociaram 62% de todo o volume previsto para o primeiro semestre deste ano. Em novembro de 2022, o progresso era de 41%, ou seja, evoluiu 21 p.p. em três meses. Para o segundo semestre, a comercialização do insumo alcançou 31% do total estimado, 14 p.p. a mais do que a última estimativa da consultoria. No Mato Grosso, principal estado produtor de grãos, os custos de insumos seguem ritmo de queda, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Aplicada (Imea). Nas sementes, a estimativa é de baixa de 15,0% quando comparado com janeiro de 2023. Já nos fertilizantes, os preços devem cair em torno de 19,0%. Apesar da redução, a organização afirma que é essencial se atentar aos demais componentes de custos e também a oscilações dos preços das commodities agrícolas.

    Na pecuária bovina, o último mês ficou marcado pela nova ocorrência de caso de “mal da vaca louca” no estado do Pará e que foi avaliado como “atípico” após análises de laboratórios do Brasil e do exterior (vinculados a Organização Mundial de Saúde Animal). Por conta da ocorrência, países como China, Tailândia, Irã e Jordânia suspenderam as compras da carne bovina brasileira, o que justifica a queda acentuada nas exportações, como citamos anteriormente. A boa notícia é que, no último dia 23 de março, após um mês de suspensão, a China reabriu seu mercado para o Brasil. E em meio as turbulências deste caso, uma boa notícia para o setor foi a habilitação de 34 plantas brasileiras para exportação de carne bovina ao México, que reabriu seu mercado ao produto brasileiro após 12 anos. Os embarques estão permitidos para o estado de Santa Catarina, que se encontra em zona livre de febre aftosa na Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), além da carne desossada e/ou maturada de 14 estados distribuídos pelo país. No estado do Mato Grosso, a produção de carne bovina cresceu 2,0% em 2022: foram 4,69 milhões de animais abatidos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar da alta nos abates, o rendimento de carcaça ficou em 19,14@/animal (+ 0,3%), graças ao aumento de 9,4% no abate de fêmeas quando comparado com 2021.

    No leite, o Rabobank estima que a produção brasileira caiu 5,9% em 2022, na comparação com o ano anterior. Após a baixa de 9,0% no 1° semestre do ano passado, o resultado foi menos agressivo do que se esperava.

    Para 2023, por outro lado, o banco acredita que o setor entregará 1,5% a mais de leite do que o último ano. Nos primeiros meses deste ano, a seca no Sul e o excesso de chuvas no Sudeste tem afetado a produção, captação e logística do leite. Já o IBGE aponta que, no último trimestre de 2022 (o 4°), foram captados 6,29 bilhões de litros de leite no país, 3,2% a menos do que o mesmo trimestre do ano anterior. Com isso, a produção total de leite em 2022 fechou em 23,85 bilhões de litros, queda de 5,0% e o menor volume dos últimos 6 anos.

    Nos biocombustíveis, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou a elevação da mistura de biodiesel no diesel de 10% para 12%, a partir de abril. Para os próximos anos, o grupo já definiu novas elevações: de 13,0% em 2024; 15,0% em 2025; e de 20,0% a partir de 2026. Ótima notícia para o setor e para o Brasil, que está se tornando a sua matriz energética ainda mais limpa.

    Em 2022, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro caiu 4,2% no último ano, por conta da forte alta de insumos no elo de produção primária; os dados e insights são do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) e do CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). Com o resultado, a participação do setor na economia passou de 26,6% em 2021 para 24,8% em 2022. No ramo agrícola o recuo foi de 6,4%, enquanto o de pecuária avançou 2,11%. 

    Em janeiro, 23 mil novas vagas foram criadas pelo agronegócio brasileiro (setores da agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura). Foram 111,6 mil novas admissões e 88,5 mil desligamentos, o que gerou o saldo positivo. O dado foi divulgado pelo Cadastro Geral de Empregos e Desempregados (Caged).

    E no ramo da educação, uma notícia que muito nos animou nestes últimos dias: o Grupo SEB (um dos maiores grupos privados de educação do país) e a Markestrat Agribusiness (consultoria estratégica especialista no agronegócio; da qual os três autores desta coluna são integrantes) se uniram para criar a Harven Agribusiness School, uma faculdade que terá cursos de graduação, pós-graduação e “In Company” (educação corporativa para empresas), todos voltados ao agronegócio. O plano conta com investimentos na ordem de R$ 100 milhões de reais nos próximos anos e incluí a construção de uma “cidade do agro”, onde ficará sediada a faculdade, hotel, centro de convenções, sedes de empresas do setor e outras organizações. A Harven terá Ribeirão Preto (SP) como cidade sede. Maiores informações podem ser encontradas em harvenschool.com.

    Concluindo nossa análise na categoria agronegócio, apresentamos os preços dos principais produtos agropecuários na data de fechamento da nossa coluna (21/03). A soja estava em R$ 152,30/sc (60kg) para entrega Spot em cooperativa no estado de São Paulo; e com preços futuros em R$ 155,10/sc para abr/2023, R$ 147,80/sc para fev/24 e R$ 146,80/sc para mar/24. No milho, a cotação do físico estava em R$ 82,00/sc (60kg) e com futuros em R$ 71,80/sc para ago/23 e R$ 90,30 para jan/24. No algodão, a arroba estava com preços em R$ 159,48, tendo como base o Cepea/Esalq. Demais produtos do agro registravam as seguintes cotações (Cepea/Esalq): boi gordo em R$ 277,80/@; café arábica em R$ 1.186,00/sc (60kg); o trigo Paraná em R$ 1.634,78/t; e a laranja indústria em R$ 38,09/cx (40,8 kg).

    1. Colheita de grãos da safra verão e o progresso de plantio do milho safrinha. Mesmo com os avanços das últimas semanas, após as chuvas finalmente terem dado alguma “trégua”, ainda preocupa o ritmo atrasado em relação ao ciclo anterior. Olhar para o clima e meteorologia buscando entender os possíveis impactos no cultivo da safrinha é essencial neste momento.
    2. Previsões para produção e/ou colheita de grãos em outros países de importância global, tais como a Argentina, que vem mês a mês sofrendo com as fortes perdas; e Ucrânia, que deve perder mais 15% dos volumes nesta safra por conta dos avanços do conflito. Entender como estes fatos impactam a dinâmica de oferta e demanda global de grãos. Observar as intenções de plantio nos EUA. 
    3. Desempenho exportador do agro brasileiro: após mais de um ano de recordes mensais para as receitas, fevereiro fechou em queda, isto por conta das restrições para exportações de carne bovina após o caso de “mal da vaca louca” e pelo atraso na colheita de grãos (especialmente da soja) limitando os embarques. A China anunciou a volta das compras de carne bovina brasileira e a colheita de grãos tem avançado positivamente. Torcida pelos bons resultados no próximo mês.
    4. Os impactos da renovação do acordo entre Rússia e Ucrânia para exportações de grãos no Mar Negro por mais 60 dias. Desta vez, o período foi cortado pela metade, o que reduz a segurança quanto a transação de commodities em médio prazo, afetando as negociações de grãos. 
    5. Olhar para a economia brasileira, as oscilações do câmbio e também para o mercado financeiro, especialmente por conta das discussões relativas à taxa de juros; o Copom reafirmou que a Selic deve continuar em nível elevado, ao menos no curto prazo. Vamos acompanhar os desdobramentos.

    Marcos Fava Neves é Professor Titular (em tempo parcial) das Faculdades de Administração da USP em Ribeirão Preto e da EAESP/FGV em São Paulo, especialista em planejamento estratégico do agronegócio. Acompanhe outros materiais na página DoutorAgro.com, no canal do Youtube e este texto tem a coautoria de Vinicius Cambaúva e Vitor Nardini Marques.

    **Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo**

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