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ABCS: Dados do IBGE indicam redução no ritmo de crescimento da produção de…

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No dia 11, o IBGE divulgou os dados preliminares de abate do terceiro trimestre do ano (tabela 1); Neste período, o abate de suínos cresceu 3,76% em toneladas de carcaças (+48 mil toneladas) em relação ao mesmo período do ano passado, e apenas 1,45% (+19 mil toneladas) em relação ao segundo trimestre de 2022, evidenciando a desaceleração no ritmo de crescimento da produção. No acumulado do ano (janeiro a setembro/22) o crescimento foi de 5,7% (+209,1 mil ton) em relação aos 9 primeiros meses de 2021.

Tabela 1. Abates de bovinos, aves e suínos no terceiro trimestre de 2022, acumulados de janeiro a setembro e projeção para o final de 2022, frente aos mesmos períodos do ano anterior, em toneladas de carcaças e em mil cabeças.
* dados preliminares do 3º trimestre de 2022, divulgados em 11/11/22
** projeção para 2022 na média de janeiro e setembro/22

Elaborado por Iuri P. Machado, com dados do IBGE.

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Mantidas as médias dos 3 trimestres, o ano de 2022 deve encerrar com a produção de 5,17 milhões de toneladas de carcaças de suínos, 274 mil toneladas a mais que 2021 (+5,59%). Quanto às demais proteínas, chama a atenção a relativa estabilidade do abate de aves e, principalmente, a retomada do crescimento do abate de bovinos, reforçando a mudança no ciclo da pecuária que deve resultar em aumento significativo da oferta interna de carne bovina no próximo ano.

As exportações de carne suína in natura em outubro/22 totalizaram pouco mais de 90 mil toneladas, com queda em relação ao mês anterior, superando os volumes de outubro de 2021 (Tabela 2). No acumulado do ano, o déficit nos embarques é de apenas 4,4% em relação ao período de janeiro a outubro/21 (-32,77 mil toneladas).

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Tabela 2. Volumes totais de exportação e para a China de carne suína brasileira in natura de janeiro a outubro de 2020, 2021 e 2022 (em toneladas) e comparação da diferença percentual entre 2022 e 2021. Até outubro de 2022, a China representa 41,23% dos embarques no ano, percentual que chegou a 50,37% em 2021 e 55,27 em 2020.

Elaborado por Iuri P. Machado com dados da Secex

Segundo a Secex, o mês de novembro/22, até 11/11/22, já totaliza 42.866 toneladas exportadas, com média de 5.368 toneladas por dia útil, volume diário 45% superior ao de novembro de 2021. Também o valor de a tonelada exportada em novembro/22, em dólares, está no maior patamar do ano, com média de US$ 2.585/t, contra US$ 2.256 em novembro do ano passado e US$ 2.474 em outubro/22. Essa tendência de alta no valor unitário da carne suína in natura exportada nos últimos meses está diretamente relacionada ao maior preço pago pelo nosso maior importador: a China. Em outubro/22, o valor médio da carne suína exportada para a China em dólares foi 21,2% maior que janeiro/22 e 15% maior em reais (tabela 3).

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Tabela 3. Valor médio mensal do quilo de carne suína in natura exportada pelo Brasil para a China no período de janeiro a outubro de 2022, em dólares e reais (à taxa de câmbio média de cada mês).

Elaborado por Iuri P. Machado, com base em dados da Secex e do CEPEA.

Este aumento de preço na China pode ser resultado da redução de porcas que começou no segundo semestre de 2021, devido às margens negativas que o suinocultor chinês enfrentou no ano passado. Segundo o Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China (MARA), de 21/09 a 22/04 houve uma redução de quase 3 milhões de matrizes (gráfico 1), e o impacto na produção local começou a ser sentido alguns meses depois atrás, resultando em preços mais altos e maiores importações por parte do gigante asiático. Embora alguns importantes consultores de renome confirmem essa informação sobre a redução do rebanho chinês, vale ressaltar que o USDA, em seu último relatório, manteve a projeção de maior produção e menor importação da China em 2023.

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Gráfico 1. Rebanho de porcas na China de setembro de 2021 a setembro de 2022 (em milhões de cabeças).

Fonte: MARA/Reuters (https://graphics.reuters.com/CHINA-HOGS/gkvlwmrjmpb/chart_eikon.jpg)

Tanto o viés de alta dos preços externos quanto os dados do primeiro embarque de novembro são indicativos de que devemos encerrar o ano com volumes de exportação muito semelhantes aos do ano passado, recuperando o déficit atual já mencionado. Por outro lado, como a produção deste ano é superior à de 2021, a disponibilidade interna voltou a crescer consideravelmente, o que, como veremos adiante, limitou o aumento dos preços pagos aos produtores brasileiros.

A médio/longo prazo, a boa notícia é que o México, um dos maiores importadores de carne suína e que representa cerca de 10% do comércio internacional dessa proteína, acaba de habilitar plantas catarinenses para exportação.

Disponibilidade doméstica recuou no 3º trimestre, mas reação dos preços ainda é lenta

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O balanço da carne suína brasileira de janeiro a setembro de 2022 (gráfico 2 e tabela 4) mostra que a produção trimestral foi crescente e que as exportações só ganharam força no terceiro trimestre, quando ocorreu o maior volume de carne suína in natura da história em uma sequência de 3 meses com 288,5 mil toneladas.

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Gráfico 2. Produção, exportação e disponibilidade interna trimestral de carne suína no Brasil, de 2018 a 2022 (3º trimestre). Eixo esquerdo para produção e disponibilidade interna e eixo direito para exportação.

Elaborado por Iuri P. Machado com dados da Secex e IBGE. Dados preliminares de abate do 3º trimestre, divulgados em 11/11/22 pelo IBGE.

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Tabela 4. Produção, exportações e disponibilidade interna mensal de carne suína no Brasil de janeiro a setembro/22, em relação a 2021.

* Números preliminares de abates de julho a setembro de 2022, divulgados em 11/11/22

Elaborado por Iuri P. Machado, com dados do IBGE e Secex.

Em relação ao mesmo período do ano passado, a produção de carcaças suínas de janeiro a setembro/22 cresceu 5,7% (+209,1 mil toneladas), enquanto a disponibilidade interna aumentou 8,3%, o que representa um consumo superior a 238,8 mil toneladas nestes 9 meses (tabela 4). A título de comparação, ao longo de 2021, o aumento da oferta no mercado interno em relação ao ano anterior foi de 304 mil toneladas.

Como mostra o gráfico 3, desde 2018 o terceiro trimestre é o de maior disponibilidade interna do ano, mas em 2022, devido ao grande volume exportado entre julho e setembro, houve queda na oferta interna em relação ao ano anterior trimestre.

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Gráfico 3. Disponibilidade interna trimestral (produção – exportação) de carne suína no Brasil, de 2018 a 2022, em toneladas. Destaque para os volumes do 3º trimestre de cada ano.

Elaborado por Iuri P. Machado com dados da Secex e IBGE. Dados preliminares de abate do 3º trimestre, divulgados em 11/11/22 pelo IBGE.

Embora tenha havido queda na oferta doméstica no terceiro trimestre, houve queda nos preços das carcaças em setembro (gráfico 4). Por outro lado, o mês de outubro e a primeira quinzena de novembro mostraram uma recuperação, ainda que lenta, do aumento dos preços da carcaça e do suíno vivo (gráfico 5).

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Gráfico 4. Preço da carcaça suína especial (R$/kg) em São Paulo (SP) de 20/12 a 20/11/2022 (até 14/11/22). Fonte: CEPEA

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Gráfico 5. Preço do suíno vivo (R$/kg) em cinco estados (MG, PR, RS, SC e SP) de 22/06 a 14/11/2022 (até 14/11/22). Fonte: CEPEA

Quanto aos custos de produção, o que se observa nos últimos meses é a estabilidade dos preços dos principais insumos (milho e farelo de soja), ainda em patamar elevado. O clima tem ajudado no plantio da soja e do milho primeira safra sem alterações significativas nas projeções de produção recorde desses grãos para o ciclo 2022/23, embora o plantio do milho segunda safra ainda esteja distante.

O preço pago ao produtor reagiu nas últimas semanas, mas não na medida esperada devido ao suposto aumento da demanda no final do ano. Com indícios de desaceleração no ritmo de crescimento da produção e reação dos preços internacionais da carne suína, retomando bons volumes de embarques, a expectativa é encerrar 2022 com preços estáveis. O presidente da ABCS, Marcelo Lopes, prevê que “No próximo ano, com a redução do rebanho europeu e o aumento da demanda chinesa, com a suinocultura brasileira crescendo em ritmo mais lento, espera-se finalmente um novo ciclo de ganhos para o setor. Como ameaças, ainda temos os riscos climáticos que podem frustrar parte da safra de milho e o esperado aumento da oferta de carne bovina, reduzindo um pouco a competitividade da carne suína”, finaliza.



Fonte: Noticias Agricolas

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