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A Petrobras vai operar 3 das 4 áreas de leilão do pré-sal; governo arrecada…

    1671218952 A Petrobras vai operar 3 das 4 areas de leilao

    tag:reutersPor Marta Nogueira

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    RIO DE JANEIRO (Reuters) – A Petrobras saiu como a grande vencedora em um leilão de blocos exploratórios de petróleo e gás nesta sexta-feira, conquistando como operadora três dos quatro blocos do pré-sal negociados, de um total de onze ofertados em um novo contrato permanente oferecer modelo de competição.

    A Petrobras levou a Água-Marinha e a Sudoeste de Sagitário como operadora, integrando consórcios, e a Norte de Brava como única licitante. O bloco Bumerangue foi 100% adquirido pela britânica BP.

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    O leilão, no modelo de partilha de produção, arrecadou um total de 916,252 milhões de reais em bônus de assinatura para a União. O evento também registrou prêmios em lances de lucro de petróleo que variaram de 4,24% a 220,48%.

    O bloco Brava Norte, na Bacia de Campos, onde a Petrobras já havia manifestado interesse em ser a operadora antes do leilão, foi o que teve o maior bônus de assinatura do certame, de 511,7 milhões de reais.

    A estatal derrotou um consórcio concorrente formado por Equinor e Petronas e ficou com a área sozinha, com lance de lucro de 61,71%.

    No Sudoeste de Sagitário (na Bacia de Santos), segunda área com maior bônus de assinatura do leilão, de 330,256 milhões de reais, a Petrobras venceu em consórcio com a Shell com lance de 25% do lucro petróleo para a União, contra mínimo percentual de 21,3%, sem concorrência.

    No consórcio do Sudoeste de Sagitário, a Petrobras ficou com 60%, enquanto a Shell ficou com os 40% restantes.

    No caso de Água-Marinha, a área foi conquistada pela Petrobras, TotalEnergies, Petronas e QatarEnergy, no pré-sal da Bacia de Campos.

    TotalEnergies, Petronas e QatarEnergy haviam feito a melhor oferta, com uma oferta de petróleo de lucro de 42,40%, contra um percentual mínimo de 13,23%. A Petrobras exerceu seu direito de preferência e se juntou às vencedoras.

    O consórcio original formado por TotalEnergies, Petronas e QatarEnergy havia derrotado uma oferta feita pela própria Petrobras, em parceria com a Shell.

    Por lei, a estatal brasileira de petróleo tem direito de preferência nas áreas do pré-sal.

    Ao leiloar o bloco, o consórcio pagará bônus de assinatura de R$ 65,443 milhões à União.

    Com a nova configuração do consórcio, a Petrobras ficou com 30% de participação, a TotalEnergies com 30%, a Petronas com 20% e a QatarEnergy com 20%.

    Bumerangue (Santos) foi ganho pela BP, também sem concorrência, com uma oferta de 5,90% do profit oil contra uma percentagem mínima de 5,66%.

    No modelo de partilha, os bônus de assinatura são fixos e vence quem oferecer o maior percentual da produção futura ao governo.

    CONTEXTO DESAFIADOR

    A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que organizou o leilão, prevê que as áreas arrematadas vão gerar investimentos de R$ 1,44 bilhão.

    O diretor-geral da ANP, Rodolfo Saboia, minimizou o fato de menos da metade das áreas leiloadas terem sido vendidas, enfatizando que “é preciso entender o contexto em que ocorreu esse leilão”.

    “Temos um cenário internacional muito desafiador, um processo de transição energética em curso, o que obviamente torna as empresas muito seletivas em seus investimentos, temos países competindo por esses investimentos com o Brasil…”, disse, ao ser questionado por jornalistas.

    “Portanto, isso mostra a necessidade de mantermos os esforços para sermos cada vez mais competitivos na disputa por esses investimentos”, acrescentou Saboia.

    Ele também destacou que os riscos exploratórios do pré-sal agora são mais conhecidos.

    “Inicialmente pensava-se que qualquer área do pré-sal teria 100% de sucesso, hoje já existe um entendimento de que há risco geológico envolvido e esse cenário como um todo sempre traz desafios para as empresas selecionarem… melhores oportunidades”.

    As áreas do pré-sal agora leiloadas não apresentam, ao menos preliminarmente, os mesmos volumes potenciais das áreas vendidas no passado.

    No entanto, o diretor-geral da ANP destacou os altos percentuais de lucro do petróleo para a União.

    Os blocos que não tiveram lances foram Itaimbezinho e Turmalina, na Bacia de Campos, e Ágata, Cruzeiro do Sul, Esmeralda, Jade e Tupinambá, na Bacia de Santos.

    O secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Rafael Bastos, destacou os resultados obtidos.

    “Houve diversificação, seis empresas ganharam o leilão, então não fica concentrado na mão de uma só empresa… A indústria do petróleo continua se desenvolvendo no Brasil, essas áreas vão gerar empregos e investimentos por muitos anos. Sem dúvida, é foi muito relevante e esse leilão foi um sucesso”, disse.

    Este foi o último leilão de petróleo do governo Jair Bolsonaro, que realizou um total de nove leilões e arrecadou 96,5 bilhões de reais, segundo dados da ANP.

    O bônus de assinatura obtido no leilão desta sexta-feira sinaliza que o novo governo não terá mais à sua disposição as volumosas receitas dos leilões do pré-sal, como acontecia no passado, quando as áreas de maior potencial atraíam maior interesse das petroleiras.

    É provável que os ganhos do governo se concentrem mais no lucro do petróleo, à medida que os campos maiores avançam com as atividades. Os atuais contratos de partilha de produção contribuirão com cerca de US$ 344 bilhões para os cofres públicos nos próximos dez anos, segundo estimativa anterior da estatal PPSA.

    O diretor-executivo de Exploração e Produção do IBP, que representa as petrolíferas no Brasil, Júlio César Moreira, presente no leilão, destacou que ainda foi um evento positivo, considerando o cenário de transição de governo.

    “Vimos várias empresas participantes… em um ambiente, cenário, que não vou dizer instável, mas de transição de governo”, apontou Moreira, citando que esta semana houve aprovação na Câmara dos Deputados para alterar a Lei de Empresas Estatais, numa medida que segundo ele impacta o setor petrolífero.

    “O setor tem uma característica de investimentos e projetos que demoram muito para amadurecer, então qualquer mudança regulatória que possa impactar o setor, como esta (na Lei das Estatais), é assustadora. No IBP, orientamos a importância das regras da indústria de estabilidade e previsibilidade.”

    “Acho que, nesse cenário, houve um comprometimento importante de investimentos… minha leitura foi superpositiva.”



    Fonte: Noticias Agricolas