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Usuários de energia já pagaram R$ 25,8 bilhões em subsídios

Os consumidores brasileiros já pagaram, este ano, R$ 25,8 bilhões em subsídios embutidos em impostos na conta de luz. O valor equivale a 12,59% da tarifa média paga pelas residências no país. A pesquisa foi divulgada hoje (29) pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) por meio do Subsidiômetro, ferramenta criada para detalhar os subsídios presentes no setor elétrico e qual o seu custo para o consumidor.

O relatório digital consolida os dados fornecidos pelas distribuidoras de energia e pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) sobre os itens de custo que compõem a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que é o fundo do setor que visa fornecer recursos para diversas políticas públicas no setor elétrico setor. Nos últimos cinco anos, o CDE dobrou seu orçamento, passando de R$ 15,99 bilhões em 2017 para R$ 32,10 bilhões em 2022.

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Do valor pago na fatura à CDE, por exemplo, R$ 8,9 bilhões foram para a Conta de Consumo de Combustível (CCC), utilizada para pagar a geração termelétrica em sistemas isolados, que não estavam conectados ao Sistema Interligado Nacional (SIN). , como regiões da Amazônia. O custo de geração a partir de fontes renováveis ​​também levou R$ 6,9 bilhões. Outros R$ 3,3 bilhões foram destinados à Tarifa Social, para custear um desconto para famílias de baixa renda.

Na Geração Distribuída, o subsídio chega a R$ 2,2 bilhões, que inclui sistemas de micro e minigeração de energia, aquela energia produzida pelos próprios consumidores, em sua maioria a partir de painéis solares.

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Para o director-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, alguns destes subsídios destinam-se a políticas sociais, “cujos méritos são inquestionáveis”, mas os consumidores devem saber quem beneficia dos valores pagos “e decidir se esses benefícios incluídos nos subsídios compensam os valores pago na fatura”. “A CDE precisa ser pensada como um orçamento público, por meio do qual novas despesas devem ser vinculadas a novas fontes de receita. A conta de luz não pode ser vista como uma fonte infinita de financiamento de políticas públicas”, afirmou, durante apresentação do Subsidiômetro, em reunião ordinária da diretoria da Aneel.

“O esclarecimento da sociedade e também dos formuladores de políticas públicas em relação a essa agenda é fundamental para que as decisões sejam tomadas com o devido conhecimento de seus impactos”, explicou. Nessa linha, segundo Feitosa, o Congresso Nacional tem feito mudanças legislativas no sentido de reverter a tendência de implantação de subsídios na conta de luz.

Para ele, o alto custo da CDE e dos subsídios como um todo “limitou o papel da energia elétrica como vetor de ganhos de produtividade, competitividade e bem-estar pessoal”.

“A discussão, para ser justa, deve se pautar em esforços para reduzir as tarifas de energia elétrica, reduzir os subsídios financiados por meio de tarifas, buscar novas fontes de receita para a CDE, ou seja, diretrizes que ampliem o bem-estar social da população, aumentem a competitividade do país e da indústria, facilitar o recolhimento de tributos com alíquotas médias, garantir remuneração adequada e aderir aos riscos do negócio para empreendedores de geração distribuída, bem como de geração e distribuidoras centralizadas, evitando transferências injustas de renda”, argumentou.

Geração distribuída
A partir de 2023, de acordo com o Marco Legal da Geração Distribuída, parte dos subsídios para micro e mini geração de energia serão incluídos na CDE. Segundo Feitosa, a estimativa atual de custos é de aproximadamente R$ 1,4 bilhão, arcados apenas pelo mercado cativo (aqueles que compram da distribuidora local de energia). “Ou seja, mais aumento nas contas da CDE”, destacou.

O diretor-geral da Aneel disse que um projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional (PL 2703/2022) prevê o adiamento desse prazo. Mas isso, segundo ele, agravaria ainda mais essa situação em cerca de R$ 25 bilhões a serem incluídos implicitamente na tarifa nos próximos anos.

“Também, além de trazer insegurança ao setor, já que se propõem a rediscutir a alteração de uma lei que está em vigor há menos de um ano e que resultará na ampliação de benefícios para um pequeno grupo de consumidores em detrimento da esmagadora maioria. consumidores que arcarão com esses custos”, argumentou.

Segundo Feitosa, além dos custos incluídos na CDE, já estão previstos cerca de 4 bilhões de subsídios para 2023, implícitos na tarifa de energia.

A Aneel mantém consultas públicas abertas sobre a regulamentação do marco legal e detalhamento de como os benefícios tarifários esperados serão contemplados na CDE e nos processos tarifários das distribuidoras.



Fonte: Agro

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