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Preços em queda na cadeia de laticínios

    Precos em queda na cadeia de laticinios

    Depois que os preços pagos aos produtores de leite subiram ao longo do ano, atingindo um patamar recorde na média do Brasil em agosto (R$ 3,57/litro), segundo dados do Cepea, os preços vêm se acomodando, já tendo voltado a R$ 2,70/litro na final de nov/22, ainda 23,4% superior a nov/21. Tal alta de preços até agosto deveu-se à retração da oferta, que ficou em torno de 8,8% no primeiro semestre de 2022 em relação ao mesmo período do ano anterior, e vale lembrar que o consumo de leite vem caindo desde meados de 2021, afetado principalmente pela estiagem que afetou pastagens e lavouras no ano passado e em um segundo momento pela forte alta nos custos dos grãos.

    Com menor disponibilidade de matéria-prima para os lácteos, os preços dos derivados subiram ainda mais que os do leite cru no primeiro semestre, o que fortaleceu substancialmente os spreads da indústria, com pico no meio do ano. Porém, a partir de agosto, o cenário mudou bastante com o arrefecimento da demanda dos consumidores finais, o que era esperado pelo tamanho do aumento ocorrido. Ao mesmo tempo, a oferta de leite começou a reagir, devido à melhora nos termos de troca entre ração e leite, além do clima mais favorável à produção na Região Sul.

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    A relação de troca leite/milho, muito pressionada pelo preço do Leite ao produtor (média BR), R$/litro produtor ao longo de 2021 e início de 2022, justificou a retração na oferta de leite, afinal, foi necessário, em média, 40 litros de leite para cada saca de milho naquele período, contra uma média de 10 anos próxima a 30 litros/sc. Porém, com a alta do preço do leite, a relação chegou a 21 litros em agosto, o que ajuda a explicar a reação da produção no segundo semestre.

    Mas com a acomodação dos preços ao produtor, essa relação voltou à média histórica, com a leve alta do preço do milho desde agosto (2,5%) também contribuindo negativamente. Embora o estímulo ao aumento da produção decorrente da melhora dos termos de troca venha perdendo força, o fator sazonal (período chuvoso e melhora das pastagens) começa a sustentar a oferta a partir do último trimestre, o que não deve levar a uma nova oferta no curto prazo redução. Mesmo assim, o ano deve fechar com volume total de leite arrecadado inferior ao de 2021. Segundo o IBGE, a arrecadação do terceiro trimestre cresceu 11% em relação ao 2T 22, mas ainda foi 3,4% inferior ao 3T 21.

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    Outro elemento que contribuiu para a queda dos preços do setor nos últimos meses foram as importações, que avançaram significativamente a partir de agosto. Somente em outubro, o crescimento foi de 81% em relação a out/21, totalizando 167 milhões de litros equivalentes, segundo cálculos da Embrapa Gado de Leite. Neste ano, os preços domésticos do leite decolaram significativamente em relação aos preços internacionais (que vêm caindo desde o início do ano), o que também estimulou as importações.

    lacticínios

    Do ponto de vista da indústria, o cenário de “altas e baixas” foi ainda mais intenso, com o primeiro semestre bem mais favorável, com o spread dos derivativos melhorando diante dos repasses no atacado acima do aumento ocorrido no produtor de leite, mas com forte reversão a partir de agosto, com a queda dos preços dos lácteos. Tomando como exemplo a muçarela, o spread (diferença de preço entre o queijo no atacado e o leite cru, considerando a quantidade necessária de matéria-prima na fabricação) começou o ano próximo a 1,5 (dentro da média desde 2012), subiu para 1,81 em julho (uma das os picos históricos), mas recuou para 1,3 em outubro.

    Essas idas e vindas dificultam o planejamento de todos da cadeia, mas, como mostra a série histórica, não é incomum no setor. Olhando para frente Os próximos dois meses definirão a produtividade da safra de verão brasileira, que continua sob influência do La Niña, mas que vem se saindo bem até agora. Se observarmos novas perdas na produção de grãos na Região Sul, que é mais sensível, dificilmente veremos alívio nos custos com alimentação, enquanto no lado do leite é esperado um período de maior oferta devido às chuvas temporada na maior parte do país. , além da razoável condição atual de lucratividade do produtor.

    No entanto, esse possível aumento da oferta não deve se assemelhar à reação observada a partir de setembro, pois os preços recebidos vêm enfraquecendo, já distantes das máximas de meados do ano, principalmente se não houver alívio de custos. Do lado da demanda, não vislumbramos um mercado muito
    favorável a ponto de vermos novas altas nos preços dos derivativos, a não ser que tenhamos um sólido pacote de ajuda governamental, algo que não parece ser fácil de implementar.

    A análise é da consultoria Agro do Itaú BBA



    Fonte: Agro