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uma história de mais de 50 anos

    uma historia de mais de 50 anos

    Ao longo dos anos, o Paraná teve uma grande evolução na atividade florestal, por meio de incentivos e pesquisas, o que garantiu que o Estado pudesse estabelecer um forte parque madeireiro. Para falar sobre essa evolução, o professor Albino Ramos, proprietário da Confal Consultoria Florestal Brasileira, empresa do grupo Index, foi um dos convidados do painel “O setor florestal: posicionamento e geopolítica”, do 9º Workshop Embrapa Florestas/APRE . Em sua palestra “Produção, escassez e mercados de madeira: uma visão de longo prazo”, Ramos traçou a história do segmento nos últimos 50 anos, citando as oportunidades e desafios e também passando pelos procedimentos necessários para que a atividade florestal pudesse acontecer.

    Segundo o professor, a Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (APRE) ajudou a escrever essa história, com um plano para viabilizar o plantio de florestas no estado. Na época, havia incentivos fiscais, mas nem todos os interessados ​​adquiriram áreas próprias ou fizeram investimentos para a implantação de projetos. “Enquanto durou a política de incentivos fiscais, não havia crédito agrícola para projetos florestais. Os interessados ​​precisavam se preparar e reunir recursos. Nos primeiros anos, tudo o que eu podia improvisar era improvisado”, disse.

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    Como lembrou Ramos, na década de 1970 foi formada a empresa Remasa, reunindo empresários do setor, que adquiriram ações para participar do investimento. Nos anos seguintes, muito ainda precisava ser organizado para alcançar resultados satisfatórios. Percebeu-se, por exemplo, que o Brasil era rico em florestas, mas não era considerado um país madeireiro. Ao analisar o mercado, os empresários identificaram que os países considerados madeireiros trabalhavam com madeira que a própria indústria plantava.

    “A madeira utilizada veio de florestas produzidas. Ou seja, um país só poderia começar a ser considerado produtor de madeira quando produzisse sua própria matéria-prima, sem utilizar os recursos disponíveis, pois isso causaria exaustão. Dentro desse princípio, começamos a conversar com outros estados. Houve organização. O reflorestamento no Paraná começou a ser distribuído para empresas que, na época, chamávamos de verticalizadas, mas sempre com foco em Eucalipto, Pinus e Araucária. Assim, conseguimos estabelecer um parque madeireiro. Todos os estados que realmente apostaram nisso tiveram resultados positivos, com reflexos nas políticas de reflorestamento, conservação do solo e exportação. O governo federal recuperou tudo o que investiu em incentivos fiscais com os impostos que vem arrecadando dos produtos florestais”, destacou.

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    Ainda em relação à atividade no Paraná, a expectativa era criar uma grande região florestal, um sistema em que as florestas plantadas fossem direcionadas para determinados locais. Assim, o setor passou a pensar em dois eixos principais, e o planejamento trabalhou para aprovar as cartas de consulta para a indústria madeireira. Para ele, em 20 anos, essa política, que resultou em 700 mil hectares de florestas plantadas, poderia ter dado excelentes resultados, pois a madeira de pinus já estava entrando em serrarias e laminadoras. Mas, hoje, observa-se que o sistema de planejamento não era o ideal. “Foi no Estudo Setorial da APRE que conhecemos um sistema de polos e conseguimos entender o que poderia ser feito para o futuro das florestas plantadas nesses locais. Esse trabalho da Associação foi a origem da minha palestra”, disse.

    Segundo ele, a separação do Estado por polos florestais é algo semelhante ao que foi feito no passado, afastando-se da ideia de apenas uma grande região florestal. E, com base nessa organização, Albino Ramos analisou os polos nos últimos anos, para apontar a evolução.

    Durante a palestra, ele destacou as áreas plantadas de cada polo em 1986. Telêmaco Borba tinha mais de 143 mil hectares, dos quais quase 107 mil de pinus; Sengés tinha uma área de 121 mil hectares; na Lapa, eram 62 mil hectares, sendo 48 mil de pinus; Guarapuava concentrava 89 mil hectares, sendo 74 mil de pinus; General Carneiro tinha 46 mil hectares; Vale do Ribeira atingiu 166 mil hectares; e em Ponta Grossa eram quase 82 mil hectares. Com base nesses números, Ramos destacou que o Paraná atingiu pouco mais de 709 mil hectares, sendo 583 mil de pinus (82%). Em 2020, segundo o Estudo Setorial da APRE citado por ele, o Estado atingiu 847 mil hectares de florestas plantadas – 219 mil em Telêmaco Borba, 133 mil em Sengés, 80 mil na Lapa, 99 mil em Guarapuava, 119 mil em General Carneiro, 104 mil no Vale do Ribeira e 91 mil em Ponta Grossa. Vale ressaltar que, em breve, a Associação lançará a terceira edição do Estudo, com dados atualizados do setor e dos polos.

    “O polo Vale da Ribeira é uma área que merece atenção, devido à sua topografia inclinada e áreas de preservação. Se fizermos as análises e cálculos do passado, temos um limite de 75%, e isso é muito difícil de aumentar. Após a colheita, é necessário replantar imediatamente, para que não se perca a terra que pode ser utilizada, já que, nesta região, a vegetação nativa cresce tão rápido quanto as florestas plantadas. Portanto, o planejamento do APRE é correto e é preciso se organizar. Precisamos trabalhar ao nível dos pólos, para que os problemas sejam mais fáceis de resolver. Hoje, mais importante do que discutir para onde vamos expandir é discutir se é bom onde chegamos e se vamos replantar em locais que já foram plantados. As informações divulgadas servem para essa análise da situação do mercado”, concluiu.



    Fonte: Agro