Pular para o conteúdo

‘Temos um produto excelente, mas ainda não tão valorizado quanto…

“Temos um produto excelente, mas ainda não tão valorizado quanto deveria. O mundo tem uma inveja enorme do que o setor sucroenergético faz aqui. E para mim vocês são grandes vencedores e é assim que o mundo vê esse setor”, disse o Dr. Plinio Nastari, presidente da Datagro, durante palestra ministrada em João Pessoa, na noite da última quinta-feira (20). Nordeste e marcou a abertura da safra 23/24 na região.

O palestrante principal da noite, Dr. Plinio Nastari, falou sobre o tema ‘Cenário atual e perspectivas para o setor sucroenergético 23/24’. Sobre o ATR, ele lembrou que a oferta de ATR para cana-de-açúcar está estável desde 2010/11, na faixa entre 85 e 94,5 mmt e que, em 22/23, esse valor era de 84,9 mmt. “Desde 2010, a oferta de ATR se estabilizou e quando se considera o etanol de milho, percebe-se que a oferta de ATR cana+milho está crescendo”, destacou Plinio Nastari. No dia 23/22, segundo o presidente da Datagro, o etanol de milho representou 7,42 mmt de ATR e a estimativa é que, no dia 23/24, seja 10,21 mmt. “Esse volume já é maior que a produção do Norte/Nordeste. No dia 23/24, o Norte/Nordeste do Brasil deve ter uma oferta de 7,81 mmt de ATR”, destacou.

Patrocinadores

Sobre a menor participação do etanol no mercado, ele lembrou que em maio passado, o consumo de combustível ciclo Otto aumentou 5% em relação a maio de 2022, para 4,562 bilhões de litros de gasolina equivalente, atingindo 22,860 bilhões de litros desde janeiro, 8,5% acima do volume registrado um ano atrás. “Com isso, a participação do etanol (hidratado + anidro) chegou a 39,7% de janeiro a maio, o menor patamar para o período desde 2017. Ele explicou que os preços do etanol no Brasil caíram para o patamar de R$ 2,22/litro de hidratado, abaixo da estimativa de custo caixa da Datagro (R$ 2,50-2,60/litro), o que indica o grande incentivo para os produtores focarem no açúcar.

“O preço do álcool está ruim. O valor de R$ 2,22 por litro é uma grande penalidade para o produto que perde mercado, principalmente por causa do subsídio à gasolina. A intervenção de preços no mercado de etanol está prejudicando o país e isso se reflete em uma produção maior de açúcar e menos de álcool. Não dá para deixar a Petrobras dar 19% de subsídio para a gasolina”, ressaltou, que também falou sobre o mercado indiano que, desde 2017, está de olho no etanol. “Novos mercados estão surgindo e é importante que industriais e fornecedores se unam para fortalecer o produto brasileiro”, reiterou.

Patrocinadores

Em relação ao CBIO, Nastari afirmou que no final do ano passado foram feitas mudanças que impactaram negativamente o Programa, mas que o atual governo reverteu a situação, alterando o valor do CBIO de R$ 100,00 para R$ 145,00 a tonelada, que segundo ele ainda é pouco, mas está melhor. “A incerteza regulatória é um risco e não pode prevalecer”, reforçou Dr. Plínio.

Em relação à safra 23/24 da região Norte/Nordeste do Brasil, a Datagro estima que haverá maior disponibilidade de cana-de-açúcar, que deve chegar a 62 milhões de toneladas, um crescimento de 0,6% em relação à safra anterior (22/23), de 61,65 milhões de toneladas, com ATR estimado de 126,00, o que equivale a um aumento de 2,7% em relação à safra passada. Com relação aos dados nacionais, a Datagro estima que a produção brasileira de cana-de-açúcar chegue a 668,50 milhões de toneladas na safra 2023/24, sendo o Centro-Sul responsável por 606,50 milhões desse montante. Segundo ele, as condições fisiológicas para a colheita da cana no último terço da atual safra 23/24 no Centro/Sul estão melhores do que no ano passado, indicando maior disponibilidade de cana para ser colhida.

Em relação ao açúcar, disse que a produção estimada no país é de 42,900 milhões de toneladas, sendo o Nordeste responsável por 3,600 milhões e o Centro/Sul por 39,300 milhões de toneladas. O consumo estimado no mercado doméstico de açúcar é de 8,800 milhões de toneladas e 34,100 milhões para exportação. A produção de açúcar, segundo estudos da Datagro, deve crescer 7%, com produção estimada em 3,60 milhões de toneladas. Estima-se que a capacidade de produção de açúcar no Centro/Sul do Brasil para 24/25 aumente em 1,4 milhão de toneladas. A produção de etanol deve cair 2,35 bilhões de litros, com queda de 1,26 bilhão de litros no álcool anidro e aumento de 1,09 bilhão de litros no álcool hidratado.

Questionado se, diante dos números nacionais, a produção do Nordeste é irrelevante, Plinio Nastari foi enfático: “Vocês respondem por 10% da produção do Centro-Sul e isso não é pouco, aliás, é falacioso dizer que o Norte/Nordeste não é competitivo, porque aqui há a vantagem das fábricas estarem próximas aos centros consumidores, vocês sempre superaram as adversidades e têm a vantagem de contar com o apoio das forças políticas”, respondeu, lembrando que há boas perspectivas para novos mercados, como o do eteno verde , bioeletricidade e uso de biocombustíveis no transporte marítimo. “Mas é preciso criar condições para que tudo isso se concretize”, afirmou, lembrando que uma política de mobilidade industrial com vetor ambiental, que reconheça o potencial do etanol como carreador de H² e que estimule a bioeletricidade são definições de médio e longo prazo que trazem boas perspectivas para a expansão do mercado sucroenergético nacional e mundial.

dinâmica do evento

Além da palestra do Dr. Plinio Nastari, o encontro contou ainda com a apresentação de um vídeo institucional mostrando como a UPL aposta na sustentabilidade, com inovação e novas respostas para cumprir sua missão de tornar cada produto alimentício mais sustentável. O vídeo também mostrou porque a UPL é considerada uma das maiores empresas de soluções agrícolas do mundo, com um portfólio robusto de soluções biológicas e tradicionais de proteção de cultivos, com mais de 14.000 registros. Em seguida, foi exibido um vídeo institucional da atuação do COAF na Paraíba, antiga Coasplan.

O presidente da Asplan, José Inácio falou sobre a produção de cana-de-açúcar, destacando o desempenho da Paraíba no cenário produtivo regional. “A Paraíba foi o estado da região que menos perdeu cana nas últimas três safras. Enquanto Pernambuco e Alagoas, que são os maiores estados produtores de cana da região, reduziram a produção, aqui, na Paraíba, batemos recorde de produção no ano passado, alcançando a maior safra da história e isso nos deixa muito orgulhosos”, disse o dirigente canavieiro, lembrando que isso se deve ao fato de a Paraíba ter bons agricultores, empresários empreendedores e ter assumido a liderança com investimentos em irrigação.

José Inácio lembrou ainda que é urgente que os produtores comecem a receber CBIOs. “Não queremos nada da fábrica, apenas receber o que nos é devido e para isso não precisamos de correr atrás de um político, ou de um PL, devemos sentar e tentar resolver”, disse, dirigindo-se a uma plateia que inclui também vários industriais.

O presidente do COAF, Alexandre Morais, reforçou a fala de José Inácio e também lembrou a importância do cooperativismo e como o COAF foi criado em Pernambuco, inspirado em um modelo de cooperativa do Rio de Janeiro. “Fomos lá, conhecemos o projeto, copiamos o modelo, adaptamos para a nossa realidade e deu certo”, disse Alexandre.

O presidente da Feplana, Paulo Leal, também tratou do tema Renovabio e destacou que a parceria produtor/indústria é uma via de mão dupla. “Somos parceiros e nossas agendas são muito parecidas, então não há porque haver conflitos entre nós”, disse o diretor da Feplana. Também participaram o consultor Gregório Maranhão, que discutiu a importância social e econômica da cana-de-açúcar no Nordeste, e o produtor Bennon Barreto, que reforçou essa premissa. O evento, realizado no Restaurante NAU, em João Pessoa, encerrou com um jantar.

Fonte: Noticias Agricolas

Autor