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TCU sugere avaliar outras vendas antes de avançar com o Porto de Santos • Portal DBO

O presidente do Tribunal de Contas da União, ministro Bruno Dantas, sugeriu em seu voto no projeto de privatização do Porto de Santos que o futuro governo analise outras vendas da autoridade portuária antes de avançar com o leilão do maior complexo portuário da América Latina . O Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) mostrou nesta segunda-feira, 12, que essa recomendação foi analisada por Dantas.

A posição do ministro atende às preocupações de assessores do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que querem deixar o leilão do Porto de Santos na geladeira para avaliar a modelagem e os efeitos da política de privatizações sobre outros ativos.

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O governo Bolsonaro realizou o primeiro leilão de autoridade portuária no início do ano, quando vendeu a Codesa, empresa portuária que administrava os portos de Vitória e Barra do Riacho, no Espírito Santo.

“O modelo de privatização da autoridade portuária só foi feito no Brasil em um único porto. Não temos sequer uma primeira avaliação dos riscos e problemas que podem advir desta privatização”apontou Bruno Dantas. “Tenho certeza de que o governo aceitará a recomendação independentemente de aprová-la em plenário”disse.

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O presidente da Corte informou, inclusive, que a ex-ministra Miriam Belchior, integrante da transição, lhe transmitiu a intenção do novo governo de observar a atuação de outras autarquias que venham a ser privatizadas, eventualmente colocando outros portos na fila antes de avançar no de qualquer forma. sentido com o Porto de Santos.

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Como o Broadcast já mostrou, os assessores de Lula, como Miriam, entendem que podem buscar outras alternativas à privatização, como a concessão de serviços portuários específicos, como a dragagem. O projeto em análise pelo TCU, enviado pelo governo Bolsonaro, prevê a venda da empresa portuária, juntamente com a concessão dos serviços de administração portuária.

Na sessão, o ministro Benjamin Zymler questionou a motivação do governo Bolsonaro para vender a Capitania dos Portos de Santos, SPA, considerando que nos últimos anos a estatal começou a dar bons resultados financeiros.

O ministro Walton Alencar, que pediu a revisão do processo de privatização e interrompeu o julgamento do Tribunal, destacou, porém, a necessidade de avaliar se a administração do porto no novo governo terá continuidade “sem problemas, assim como outras estatais brasileiras”🇧🇷

“Agora temos um parâmetro para comparar e prevenir contratempos”concluiu Bruno Dantas.

Recipientes

O presidente do TCU buscou abordar em seu voto pela privatização do Porto de Santos a mitigação dos riscos de concentração de mercado no setor de contêineres, a partir de recomendações sobre o que deveria ser feito na área conhecida como STS10, inicialmente reservada para um novo terminal de contentores do Porto. Como o Broadcast já mostrou, a exploração da área é cercada por uma forte disputa pela possibilidade de armadores (empresas de navegação) participarem da operação.

A Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP) tenta evitar a participação de grupos como Maersk e MSC sob o argumento de que, se uma das empresas administrar a área, o setor estaria ameaçado por uma concentração de mercado vista como predatória. Já os grupos afirmam que a entidade está trabalhando para coibir a concorrência.

O julgamento da privatização do Porto de Santos, que inclui a área STS10, foi iniciado nesta terça-feira pelo TCU, mas foi interrompido por um pedido de revisão do ministro Walton Alencar. Em seu voto, Dantas destaca que a proposta de contrato de concessão portuária já prevê que as minutas contratuais de uso dos terminais STS10 e STS53 (terminal para movimentação de fertilizantes) devem conter cláusulas visando defender a concorrência intraportuária.

O ministro, porém, entendeu que a previsão é insuficiente. Portanto, considerou necessário determinar ao Ministério da Infraestrutura e à Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) que forneçam, no âmbito do contrato a ser assinado pela concessionária para a exploração do terminal STS10, uma regulamentação robusta para impedir a prática de integração vertical resulte em concentração de mercado e em práticas abusivas que prejudiquem a livre concorrência e os interesses nacionais.

Além disso, sugeriu recomendar que essa regulamentação a ser aplicada à exploração do terminal STS10 seja consubstanciada na proibição de empresas que estejam sob o controle societário de empresas identificadas pelo Cade de participar de licitação ou, de outra forma, explorar a área – exceto se a licitação não for bem-sucedida.

“Existe um movimento mundial de verticalização, no sentido de que as empresas que operam os navios, os armadores, adquiriram portos estratégicos. Isso significa que a empresa proprietária da carga também possui portos em regiões estratégicas. Se, por um lado, conseguir ganhar eficiência, existe um risco potencial a longo prazo de abuso de posição dominante, com todos os outros portos da região a sofrerem definhamento, prejudicando o interesse nacional”apontou Dantas na sessão.

Fonte: Portal DBO

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