A segunda manhã do Agribusiness Summit 2022 abordou o caminho que o Brasil precisa percorrer para se tornar uma potência agroambiental. O evento, realizado pelo Estadão, é gratuito e online, e vai até quarta-feira (9). O congresso é apoiado pela Rádio Eldorado FM e Broadcast Agro e patrocinado pela Bayer, CropLife Brasil e Lavoro.
O Brasil possui um território continental com 66% de sua área dedicada à conservação, sendo um dos principais produtores mundiais de alimentos. No entanto, a imagem da agropecuária está ameaçada pela falta de fiscalização do desmatamento, gerando retaliações comerciais contra os produtores rurais.
O agronegócio brasileiro precisa se preocupar em produzir mais – e com melhor qualidade – com menos recursos, para ser considerado sustentável e suprir a crescente demanda por alimentos. A tecnologia é uma aliada fundamental para ajudar agricultores e pecuaristas a trilhar o caminho da sustentabilidade e contribuir para a segurança alimentar global.
A importância do Código Florestal Brasileiro
O Código Florestal Brasileiro completa 10 anos em 2022 e ainda luta para se tornar realidade, mas isso não tira o mérito da legislação. “Nenhum país assumiu o compromisso desafiador de criar um Código Florestal e implementá-lo”, considerou o presidente do Instituto Mato-Grossense de Carne (IMAC), Caio Penido.
A construção do Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (Sicar) é um feito inédito no mundo. “Foi a primeira vez que conseguimos uma fotografia da ocupação territorial no Brasil”, destacou o conselheiro da Sociedade Rural Brasileira, João Adrien.
Com o sistema, foi possível identificar que 98% das propriedades rurais não foram desmatadas no último ano, desmistificando a ideia de que agricultura não preserva. “Nossas propriedades rurais estão seguindo a legislação. Apenas 2% são responsáveis por manchar a imagem do agronegócio brasileiro”, revela Eduardo Assad, pesquisador do FGV Agro – Observatório de Bioeconomia.
Muitos dispositivos vistos como restrições pelos produtores rurais podem se tornar um trunfo no mercado internacional. “A a implantação do Código certamente nos alavancará nesse processo diante dos desafios das mudanças climáticas”, avalia Luiza Furiatti, membro das comissões do Pacto Global e de Direito Ambiental da OAB/PR.
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Sustentabilidade na produção de alimentos
A população mundial deve chegar a 10 bilhões de pessoas em 2050, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). “É impossível continuarmos alimentando a crescente demanda por proteína usando o animal”, disse o CEO da TiNDLE, André Menezes. Para ele, as hortaliças podem atender a essa demanda, mas precisam garantir sabor e textura.
O CEO da Agrindus, Roberto Jank Jr., acredita que a pandemia mostrou que a alimentação sustentável envolve o abandono de alimentos hiperprocessados que são transportados por longas distâncias, para priorizar o consumo de produtos locais. “Tudo o que precisamos em termos de nutrientes está na cesta básica”, disse Jank Jr.
A produção de alimentos pode ir além da sustentabilidade. “Não basta ser sustentável, temos que devolver à natureza o que estávamos levando a mais”, avaliou a diretora executiva de Transformação Digital e ESG da Nestlé Brasil, Bárbara Sapunar. Por isso, a empresa se comprometeu a introduzir práticas de agricultura regenerativa em sua cadeia.
Tecnologia para impulsionar o agronegócio
A produtividade das lavouras de grãos tem crescido, em média, 6% ao ano desde 2006. “Produtividade é atributo da sustentabilidade e sustentabilidade é atributo da qualidade, cada vez mais reconhecida pelos nossos consumidores”, considerou o professor da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), Caio Carbonari.
Essa melhoria de eficiência foi garantida pela biotecnologia e um pacote completo de soluções químicas e biológicas de proteção de cultivos. “Essa gama de produtos utilizados permite o máximo desenvolvimento das plantas”, avalia a diretora de Comunicação e Assuntos Científicos da Croplife Brasil, Adriana Brondani.
O Brasil domina a tecnologia de sementes melhoradas que podem crescer em condições ambientais desfavoráveis, com ganhos nutricionais e aumento de produtividade, além de baratear o custo dos alimentos. “Vamos ter uma oferta maior de produtos diferenciados e para consumo local”, destacou o diretor da Croplife.
A caminho do Agro 5.0
O Agro 5.0 acontece dentro do campo, mas também fora dele. Questões financeiras, rastreabilidade e blockchain são algumas das principais tendências do Agro 5.0, mas não são únicas. “O agro é tão grande que, dependendo do nicho que você atua fora desses linhas de tendênciacontinua sendo uma oportunidade”, considerou o líder de Negócios da Perfect Flight, Leonardo Luvezuti, que atua no mercado de pulverização de precisão.
O Country Manager da Agrotoken, Anderson Nacaxe, avalia que a tokenização de commodities, ou seja, a representação digital de grãos como soja e milho, permite a integração do agronegócio com meios de pagamento comuns.
As tecnologias devem impulsionar novos modelos de negócios, como robótica e sensoriamento, com crédito diferenciado e mais inteligente, por isso as empresas de inovação estão no centro das atenções. “Existe um cenário de colaboração não só entre startups, mas também com os grandes players”, concluiu o CEO da AgTech Garage, José Tomé.
Fontes: Summit Agro Estadão.
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