Pular para o conteúdo

Substâncias presentes nos alimentos funcionais

Patrocinadores
Substâncias presentes em alimentos funcionais
terpenos

São substâncias encontradas em frutas, soja e outros grãos. São antioxidantes, protegendo os lipídios e fluidos corporais dos radicais livres (oxigênio reativo, hidroxilas, peróxidos e radicais superóxidos). Estudos médicos demonstraram a eficiência dos terpenos na redução do risco de câncer de mama, pulmão, cólon, estômago, próstata, pâncreas, fígado e pele, entre outros.

Quando ocorre uma mutação em um gene oncogênico (câncer), as células sintetizam uma proteína com fisiologia anormal, que pode constituir um fator de crescimento, ou interferir na atividade de uma enzima que promove o crescimento celular, que se dividem de forma agressiva e anormal, formando o tumor. As reações químicas envolvidas no crescimento celular são reguladas por enzimas e a ação anticancerígena dos terpenos ocorre pela redução da atividade dessas enzimas, impedindo a proliferação celular desordenada.

Os terpenos mais conhecidos pertencem aos carotenóides e limonóides. Os carotenoides estão presentes em alimentos com pigmentação amarela, laranja ou vermelha (tomate, abóbora, pimentão, laranja). Seus principais representantes são os carotenos, precursores da vitamina A e do licopeno. Os limonóides (δ-limoneno, pineno, eucaliptol) são encontrados nas cascas de frutas cítricas, protegendo o tecido pulmonar, prevenindo certos tipos de câncer e fortalecendo o sistema imunológico. O álcool perílico (encontrado nas cerejas) tem estrutura química semelhante ao limoneno, possuindo atividade anticancerígena cinco vezes mais potente que esse composto.

O “Arroz Dourado” possui alto teor de β-caroteno, auxiliando no combate à cegueira por deficiência de vitamina A. Crianças que ingerem quantidade adequada de vitamina A previnem doenças como xeroftalmia (secagem dos canais lacrimais) e ceratomalácia (ulceração da córnea).

Patrocinadores
fenóis

Os fenóis são antioxidantes encontrados em vegetais de cor roxa, azul ou violeta (uvas, cerejas e berinjelas). Possuem atividade antiinflamatória, impedem a aglomeração de plaquetas sanguíneas e neutralizam a ação dos radicais livres e do organismo. Eles protegem o DNA e os lipídios, interrompendo processos potencialmente cancerígenos. Os chás verdes, ricos em polifenóis, ajudam a prevenir certos tipos de tumores e doenças cardíacas.

Entre os fenóis, encontramos flavonoides como flavonas e isoflavonas, presentes na soja e produtos dela derivados, bem como em frutas cítricas e outros alimentos. A camomila é rica em apigenina, com efeito analgésico. A ação de compostos como a diosmina e a hespertina, presentes nas frutas cítricas, favorece a ação da vitamina C no organismo.

Os flavonoides têm propriedades anti-alérgicas e anti-inflamatórias, melhoram o sistema imunológico, regulam a pressão sanguínea, protegem o sistema vascular, especialmente os vasos menores.

Existem certos tumores que estimulam o acúmulo de compostos conhecidos como poliaminas, que contribuem para a proliferação descontrolada das células. Os flavonoides inibem a produção dessas poliaminas, atenuando a proliferação celular anormal.

Patrocinadores

As isoflavonas são abundantes na soja e bloqueiam as enzimas que promovem o crescimento do tumor. A genisteína e a daidzeína atuam como hormônios (fitoestrógenos) e têm sido utilizadas na reposição hormonal em mulheres na pré e pós-menopausa. As isoflavonas se ligam aos receptores β do hormônio, que são diferentes dos principais receptores de estrogênio (receptores α).

O interesse pelas isoflavonas surgiu da redução dos níveis de colesterol LDL, responsável pelo bloqueio dos vasos sanguíneos, sem afetar o colesterol HDL, que tem efeito benéfico para o organismo. Observou-se que as isoflavonas bloquearam a ação do estradiol, inibindo a carcinogênese mamária, assim como bloquearam a testosterona, reduzindo o risco de câncer de próstata. Outro benefício dos flavonoides é o fortalecimento dos tecidos conjuntivos do corpo.

Tocoferóis e tocotrienóis

Eles são encontrados em sementes e partes verdes de oleaginosas. O α-tocoferol é encontrado nos cloroplastos, enquanto os homólogos β, γ e δ são encontrados no citoplasma celular. Os tocotrienóis demonstraram a capacidade de inibir o crescimento de células cancerígenas. Conhecidas como vitamina E, têm efeito inibitório nos processos oxidativos dos lipídios e sua única fonte são os vegetais que as sintetizam.

Fibra (oligossacarídeos)

As fibras são substâncias de alto peso molecular, encontradas em grãos (arroz, soja, trigo, aveia). Desempenham importante papel na regulação do processo digestivo, no sequestro e excreção de ácidos biliares, na redução do LDL-colesterol e na redução da incidência de câncer colorretal, prevenindo a metástase . A β-glucana, encontrada na aveia, tem ação comprovada na redução do colesterol, reduzindo sua absorção pelo organismo, enquanto a quitosana capta e excreta gorduras, reduzindo também o LDL-colesterol. A linhaça contém lignana, que tem as propriedades de aumentar a imunidade e diminuir o colesterol LDL.

Patrocinadores
Ômega-3 (DHA e EPA)

São ácidos graxos poliinsaturados, precursores de substâncias com ação anticoagulante, como prostraglandinas e leucotrienos. São encontrados no atum, salmão, arenque, sardinha e bacalhau, no óleo de canola e, em menor concentração, no óleo de soja e nozes. Existem produtos enriquecidos com ácidos graxos ômega-3, como leite longa vida, leite em pó e ovos.

Causam redução da agregação plaquetária, pressão arterial, viscosidade sanguínea, hiperplasia vascular e arritmias cardíacas. Em doses apropriadas, aumentam a sobrevida plaquetária e o funcionamento dos beta-receptores cardíacos. Eles reduzem os níveis de colesterol e triglicerídeos no sangue e têm um efeito anti-inflamatório. O ômega 3 possui atividade oxidante, sendo recomendado consumi-lo associado a antioxidantes, como a vitamina E.

Outros fitoquímicos

Existem outros produtos do metabolismo secundário das plantas, presentes nos alimentos, com propriedades úteis. Dentre eles, podemos citar os compostos sulfurados como a alina e a alicina e o sulfeto e dissulfeto de alila, encontrados no alho e na cebola. Possuem atividade bactericida e fungicida e, entre os benefícios de sua ingestão, estão a redução do teor de triglicérides e colesterol, a redução da pressão arterial, a atividade antiinflamatória e a proteção das enzimas hepáticas.

Também são encontrados compostos nitrogenados como o indol 3-carbinol e o sulforafano, presentes nas crucíferas (couve, repolho, brócolis), que possuem ação anticancerígena e estimulam a produção de certas enzimas vitais.

Patrocinadores
alimentação e saúde

Existe uma estreita associação entre a forma como comemos e a nossa saúde. Alimentos refinados e ultraprocessados ​​sofrem sérias restrições devido aos distúrbios metabólicos, bioquímicos e fisiológicos que causam.

Estudos têm mostrado problemas causados ​​pela alimentação inadequada, associada ao sedentarismo, no funcionamento das mitocôndrias. Durante a fosforilação oxidativa normal, 0,4 a 4,0% de todo o oxigênio consumido é convertido em radicais livres de superóxido dentro da mitocôndria. O superóxido é transformado em peróxido de hidrogênio (H2O2) pela enzima superóxido dismutase. O H2O2 é convertido em água pela glutationa peroxidase (uma das principais enzimas antioxidantes do corpo) ou peroxiredoxina III.

No entanto, quando essas enzimas não conseguem converter radicais livres de superóxido em H2O com rapidez suficiente (ou quando a geração de superóxido aumenta muito), elas se acumulam nas mitocôndrias, causando dano oxidativo. Nesse caso, as mitocôndrias geram ATP acima da capacidade de consumo das células. Como resultado, os níveis de ATP permanecem altos com pouca rotatividade. Com a baixa demanda de ATP, ocorre uma concentração excessiva de elétrons, gerando radicais livres. Essa alta concentração excede a capacidade do sistema de defesa antioxidante, oxidando os lipídios nas membranas mitocondriais, causando diversos distúrbios que podem resultar em sérios problemas de saúde.

Dieta saudável

O índice glicêmico (IG) foi desenvolvido para medir como os alimentos contendo carboidratos afetam os níveis de glicose no sangue. O ig usa uma escala de zero a cem, com o ig cem sendo glicose pura. Alimentos com alto IG (geralmente acima de 70) são rapidamente digeridos e absorvidos, causando aumentos rápidos no açúcar no sangue, o que, por sua vez, desencadeia um aumento na insulina, o hormônio responsável por mover a glicose para fora da corrente sanguínea e colocá-la nas células para uso.

Patrocinadores

Alimentos com baixo IG (geralmente valores de um a 55) são digeridos mais lentamente, produzindo aumentos graduais nos níveis de açúcar no sangue e insulina. Alimentos com IG entre 56 e 69 são considerados “médios” e aqueles acima de 70 devem ser evitados.

Em uma dieta saudável, um quarto das calorias vem de vegetais com baixo índice glicêmico, como vegetais sem amido (por exemplo, aspargos, alcachofras, abacate, brócolis, repolho, couve-flor, aipo, pepino, verduras, cogumelos, pimenta, tomate, cebola, espinafre, abobrinha, abobrinha).

Inclui também o consumo moderado (1% das calorias diárias) de frutos do mar; baixo consumo (menos de 1% das calorias diárias) de carnes e derivados; baixo consumo (menos de 1% das calorias diárias) de laticínios; alto consumo de gorduras ômega-3; e alta proporção de gordura monoinsaturada em relação à gordura saturada.

  • DL Gazzoni, CREA 18838, é engenheiro agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja e membro do Conselho Científico do Agro Sustentável;
  • MA Pereira Jr, CRM PR 10768, é médico em Londrina, PR;
  • GJ Zocolo, CRQ 4162017, é químico e pesquisador da Embrapa Soja.
  • Décio Luiz Gazzoni, Miguel Alves Pereira Jr. e Guilherme Julião Zocolo


**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo**

Fonte

Patrocinadores
Autor