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Brasil avança no programa de vigilância da febre aftosa

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Há dois anos, o anúncio oficial da Organização Mundial de Saúde Animal (OMS), reconheceu Acre, Paraná, Rio Grande do Sul e Rondônia, além de partes do Amazonas e Mato Grosso, como zonas livres de febre aftosa sem vacinação, o que somou 48 milhões de bovinos. Desde então, seguindo o Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância da Febre Aftosa (PE-PNEFA), 70% dos rebanho O brasileiro já está em áreas que não praticam mais a vacinação contra a doença, o equivalente a 161 milhões de bovinos. Estes animais encontram-se em zonas onde a estrutura e o sistema de vigilância foram reforçados, condição fundamental para a suspensão da vacinação.

Nesse cenário, em que o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) desenvolve com sucesso o PE-PNEFA, seguindo a diretriz do Programa de atingir a meta até 2026, que é ter o país totalmente livre de febre aftosa sem a uso da vacinação, o médico veterinário e auditor fiscal agropecuário federal (Affa) Nilton Antônio de Morais, chefe da Divisão I de Prevenção e Vigilância Animal do Departamento de Saúde Animal do Mapa (DIVIG I/DSA/SDA/Mapa), é otimista com os resultados alcançados até agora.

Segundo ele, estimar apenas o custo direto do cenário atual, apenas suspender a vacina, em uma etapa, elimina um gasto de aproximadamente R$ 400 milhões para os produtores, responsáveis ​​pelo pagamento da compra das vacinas. Esse valor é calculado levando em consideração que sete estados não conseguiram imunizar seus rebanhos contra a febre aftosa até agora, além da área reconhecida em 2021. “O maior ganho é a melhoria da estrutura do Serviço Veterinário Brasileiro, que atesta as exportações. No ano passado, o Brasil exportou 1,2 milhão de toneladas de carne bovina e 1,12 milhão de toneladas de carne suína, o que gerou 15,5 bilhões de dólares, o equivalente a 25% da produção brasileira de carne bovina e 22% da carne suína”, avalia.

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O titular da DIVIG I esclarece ainda que alguns estudos de custo-benefício foram realizados para avaliar o PE-PNEFA, tanto na esfera federal quanto nos estados, e todos mostraram que o retorno sobre o capital investido é positivo. Ele também explica que além dos ganhos diretos, como o fato de o Brasil ter produtos de melhor qualidade para a população brasileira e o aumento das exportações, um dos maiores ganhos no retorno desse trabalho refere-se à estruturação dos Serviços Veterinários , que também serve para apoiar a vigilância e o controle de outras doenças, como gripe aviária, brucelose, tuberculose e outras zoonoses, doenças transmitidas por animais ao homem.

Segundo Nilton, o compartilhamento de compromissos e a atuação integrada dos diversos atores envolvidos neste Programa é o que determina o sucesso e justifica os bons resultados alcançados até o momento. “Além de ser um Programa de Estado e não de governo, o PNEFA sempre se baseou no compromisso e no compartilhamento de responsabilidades entre o Mapa, os Serviços Veterinários Estaduais (SVEs) e os Produtores”, esclarece e cita ainda a participação efetiva e decisiva da agricultura federal auditores fiscais (Affas) ao longo deste processo, auditando a qualidade dos SVEs, intermediando e mediando toda a comunicação com os atores envolvidos.

Os profissionais do SVE também têm papel fundamental na realização das ações do PNEFA, com atividades concretas envolvendo cadastramento, fiscalização, controle de trânsito, comunicação e trabalho de educação em saúde animal, esclarece Nilton. Ele também explica que é trabalhando nessa sincronia e seguindo a diretriz proposta que o PE-PNEFA se tornou um Programa Estadual e prioritário para o Mapa e também para o SVE. “Por isso, mesmo com a falta de Affas em todo o país, sempre que perdemos um profissional deslocamos um substituto de outra área, por exemplo”, justifica.

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desafios

No Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância da Febre Aftosa, o principal desafio é manter e aprimorar os Serviços Veterinários Estaduais e também do Mapa, fortalecer o Serviço Veterinário Oficial permitindo que esteja sempre preparado para detectar precocemente qualquer suspeita de doença vesicular, além de ter capacidade de resposta, ou seja, erradicar um surto, caso ocorra no menor tempo e espaço possível.

Segundo Nilton de Morais, o principal objetivo do Programa não é apenas retirar a vacinação. Para ele, é importante esclarecer que apesar da falsa percepção de que o trabalho acaba quando cessa a vacinação, isso não é verdade. “A preocupação do governo é manter os investimentos nos estados sem vacinação”, reforça. Segundo ele, o objetivo é que as ações do Plano permaneçam mesmo após a auditoria que certifica a área ou estado apto a continuar sem a vacina. Ele esclarece que a intenção é continuar melhorando o atendimento e superando novos desafios.

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A meta de obter o reconhecimento internacional de um Brasil livre de febre aftosa sem vacinação está prevista para ser alcançada em três anos (2026), mas ainda há bons obstáculos a serem superados. Primeiramente, é importante destacar que o PE-PNEFA divide o Brasil em cinco blocos e prevê 102 ações que devem culminar em estado ou área livre da doença sem vacinação. Hoje, o Brasil já possui quatro áreas livres de febre aftosa reconhecidas pela WHOA sem vacinação: Rio Grande do Sul; Santa Catarina; Paraná; Acre; Rondônia e alguns municípios do Amazonas e Mato Grosso. No total, mais sete estados já estão proibidos de vacinar e 15 seguem livres da doença, mas continuam vacinados.

Nilton informa que na reunião realizada em abril deste ano, sobre o Plano Estratégico, foi tomada a decisão de não vacinar o rebanho paulista contra febre aftosa a partir de novembro de 2023. rígida, imposta para a retirada da vacinação. “A febre aftosa é uma doença que requer estrutura para sua erradicação”, enfatiza.

O chefe do DIVIG I acrescenta que ainda existem 15 estados/regiões onde a vacinação permanece. Antecipa que o estado de São Paulo ficará liberado da vacina a partir de novembro, conforme dito, ficando na “fila” os estados da Bahia, Rio de Janeiro e Sergipe, que serão avaliados em novembro junto com Pará, Maranhão Roraima e outros.

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Estrutura e comunicação

O PE-PNEFA define claramente os papéis de cada ator. O Estado é responsável pelo registro, vigilância, controle de tráfego e outras atividades. “Somos bons em fazer as coisas, mas péssimos em comunicar, então temos consciência de que precisamos melhorar nesse quesito”, destaca Nilton, ao avaliar especificamente a relevância de investir em comunicação, dentro do Plano.

Segundo ele, já se trabalha hoje no programa de vigilância do Plano, baseado no risco, com foco na comunicação não invasiva, não agressiva e mais eficaz. “Queremos que a notificação chegue mais rápido e só o produtor tenha essa informação”, explica e adianta que as áreas de comunicação e educação têm crescido muito, dentro do Plano, incluindo o envolvimento de profissionais destas duas áreas.

Nilton acrescenta ainda que já está sendo organizado um workshop sobre comunicação no PE-PNEFA, que será realizado em breve. Segundo ele, existe um plano de comunicação com ações para grupos de WhatsApp e também com foco em quem trabalha com transporte de animais, com leilões e estuda incluir a participação do ministro da Agricultura e Pecuária nesse processo, por meio de gravação em vídeo . “O objetivo é atingir todas as áreas. Por isso, um mês da saúde animal também foi proposto e agora criado dentro deste Plano de Comunicação do PE-PNEFA”, esclarece.

As informações são do Sindical da ANFFA.

Fonte: Agro

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