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Solução para crises na Light e Amazonas Energia desafia novo governo

    Solucao para crises na Light e Amazonas Energia desafia novo

    Por Letícia Fucuchima e Rodrigo Viga Gaier

    SÃO PAULO E RIO DE JANEIRO (Reuters) – Dificuldades financeiras e operacionais enfrentadas pelas distribuidoras de energia Light e Amazonas Energia vêm pressionando o novo governo a buscar rapidamente uma solução definitiva para reverter o agravamento das concessões, que em um caso pode até culminar na caducidade .

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    O desafio do novo governo, que ainda faz um balanço do setor elétrico, se depara com avaliações de que ambos os casos precisam passar por um redesenho da concessão, considerando as complexidades que dificultam a atuação das empresas em suas áreas de operação. E há urgência, segundo fontes próximas às empresas, que só falaram sob condição de anonimato devido à delicadeza do assunto.

    Segundo essas pessoas, os problemas dessas empresas estão sendo tratados separadamente das discussões sobre o próximo ciclo de renovação dos contratos das distribuidoras que começa em 2025, embora a Light esteja entre as empresas com contratos que vencem nos próximos anos. Eventuais definições para Light e Amazonas não se aplicariam necessariamente à renovação de concessões em situação financeira saudável ou não tão boa, mas razoável.

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    A Light, responsável por atender toda a região metropolitana do Rio de Janeiro, tem conversado com o governo federal para buscar uma solução, sendo uma das possibilidades a antecipação da renovação da concessão, disse fonte à Reuters.

    “O grupo (Light) não tem interesse em devolver a concessão ou desistir; o que eles querem são novas condições para que a concessão continue de pé”, disse a fonte, sem detalhar quais seriam as condições.

    Ainda não há clareza sobre quais alternativas poderiam ser discutidas entre poder concedente e empresas para solucionar dificuldades, muitas delas estruturais, como o alto índice de furto de energia no caso da Light; por outro lado, os altos custos dos combustíveis para abastecer os sistemas isolados afetam a Amazonas, empresa que a Eletrobras vendeu para se livrar dos altos prejuízos.

    Para as pessoas próximas às empresas, entende-se que a “régua” que mede o desempenho dessas distribuidoras não deve ser a mesma aplicada às demais concessionárias, ao considerar critérios para a concessão.

    A Light enfrenta um índice persistentemente alto de perdas de energia, principalmente devido a furtos (“gatos”) em áreas dominadas por milícias, e uma queda no faturamento após uma revisão tarifária extraordinária realizada no ano passado.

    A situação ficou ainda pior diante da proximidade do vencimento de 8,3 bilhões de reais em dívidas entre 2024 e 2026, obrigando a um refinanciamento – o que tem esbarrado nas incertezas sobre o futuro da concessão, já que o contrato da Light vence em 2026, reduzindo credores ‘ vontade de rolar dívidas.

    Por se tratar de uma concessão, a Light não pode, a princípio, requerer recuperação judicial ou extrajudicial. A empresa descartou as especulações sobre o assunto em nota esta semana.

    Outra pessoa próxima à direção da Light lembrou que as dificuldades enfrentadas pela distribuidora vêm de muitos anos atrás e estão muito ligadas a questões socioeconômicas do Rio de Janeiro, como áreas dominadas pela milícia em que a empresa não consegue combater o furto de energia.

    “Muitas coisas já foram tentadas… Não adianta pensar que a empresa vai entrar em áreas que nem o governo entra… Não é problema da Light, é problema de concessão.”

    PROBLEMA DA AMAZÔNIA

    Na Amazonas Energia, privatizada em 2018, a dívida bilionária e crescente soma-se às dificuldades operacionais e financeiras relacionadas com os “sistemas isolados”, comunidades que não recebem energia da rede elétrica nacional e dependem da geração local, cujo custo é de milhares de milhões de euros. reais para a compra de combustível para usinas térmicas.

    “A empresa tem que se preocupar se o calado do rio vai permitir o desembarque da balsa de óleo diesel (para geração em sistemas isolados), se a logística do diesel vai ser atendida no prazo, senão a região vai ficar sem energia elétrica… um fardo, o distribuidor deve se preocupar com o ‘fio'”, explica uma fonte ligada ao Amazonas.

    A concessionária recebeu um aviso de caducidade da agência reguladora Aneel no ano passado, levando a empresa a preparar um plano de transferência de controle.

    A Oliveira Energia, atual controladora, tem conversado com potenciais interessados ​​no ativo.

    Segundo fonte próxima à empresa, investidores que analisaram a distribuidora constataram que a concessão é inviável nos parâmetros atuais.

    “Mesmo zerando a dívida, trazendo uma operadora de ponta, não adianta, ela vai entrar em default em algum momento… (é preciso) para expurgar os efeitos de sistemas isolados. Uma intervenção, decreto de caducidade, seria apenas um paliativo (se acontecesse).”

    Uma alternativa para melhorar a concessão do Amazonas seria, por exemplo, expurgar do contrato da distribuidora responsabilidades ligadas a sistemas isolados, disse a fonte. Essas comunidades passariam a fazer parte de “lotes” a serem subcontratados para novas concessionárias implementarem soluções energéticas, que poderiam até mesmo eliminar a cara e poluente geração a diesel.

    Questionado, o Ministério de Minas e Energia não se pronunciou especificamente sobre os casos da Light e do Amazonas. Em nota, ele disse que ainda não há discussão na pasta sobre o processo de renovação das concessões das distribuidoras.

    “Dentro de suas competências, o MME tem atuado para garantir o cumprimento dos contratos, a modicidade tarifária e o interesse do consumidor.”

    Procurada, Light não se pronunciou de imediato.

    A Oliveira Energia e a Amazonas Energia não retornaram os contatos para a reportagem.

    (Por Letícia Fucuchima e Rodrigo Viga Gaier)



    Fonte: Noticias Agricolas