Ampliação da área plantada com cebola e manutenção da tendência de cultivo de trigo em quase todo o estado. Essas são algumas das expectativas para a Safra de Inverno 2023/2024 em Santa Catarina. A informação foi repassada durante o evento “Lançamento de Estimativas da Safra de Inverno e Análise e Perspectivas Climáticas”, realizado pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) e pela Secretaria de Estado da Agricultura (SAR) nesta segunda-feira. justo, 19.
As estimativas são geradas a partir do monitoramento da lavoura desenvolvido pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agropecuário (Epagri/Cepa). Além das lavouras já citadas, também foram apresentados dados sobre a produção esperada de aveia, cevada e alho. Dados sobre a trajetória de produção, produtividade e área plantada podem ser consultados no site do Observatório Agro Catarinense e do Infoagro.
Sobre a questão climática, a meteorologista do Centro de Informações sobre Recursos Ambientais e Hidrometeorologia (Epagri/Ciram), Marilene de Lima, destacou a provável influência do El Niño no clima no segundo semestre de 2023. O fenômeno deve se consolidar durante o inverno e trazem mudanças em relação aos últimos três anos, quando o clima foi influenciado pelo fenômeno La Niña. Segundo a previsão, essa mudança deve tornar o inverno menos frio e a primavera mais chuvosa no Estado, em relação aos anos anteriores.
O secretário de Estado da Agricultura, Valdir Colatto, destaca os esforços do Governo do Estado para abastecer o mercado com os cereais de inverno cultivados em Santa Catarina. Por meio do Programa Terra Boa, estão previstos repasses financeiros aos produtores para ampliar a área de produção desses grãos. “Nossa meta é chegar a 20 mil hectares com grãos de inverno em solo catarinense contemplado pelo programa, por meio de um investimento de R$ 7 milhões”, informa Colatto.
O presidente da Epagri, Dirceu Leite, destaca a importância das estimativas de safra e previsões climáticas para toda a cadeia produtiva das culturas de inverno. “A agricultura profissional não atua sem informação. Nosso produtor precisa estar atento às mudanças climáticas, saber lidar com situações adversas, identificar o momento ideal para realizar suas ações no campo. Lembramos que essas estimativas beneficiam muitas organizações e não apenas agricultores, mas fornecedores, organizações de produtores, universidades e, não menos importante: o setor público, responsável por políticas que beneficiem essas cadeias produtivas”, destaca Dirceu.
Expansão do cultivo de cebola
A área plantada com cebola em Santa Catarina deve crescer na safra 2023/2024. A estimativa inicial da Epagri/Cepa é de que sejam cultivados 18,4 mil hectares da hortaliça, 4,5% a mais que no ano passado. Segundo o analista de Socioeconomia e Desenvolvimento Rural da Epagri/Cepa, Jurandi Gugel, esse crescimento é explicado pelo bom desempenho das lavouras e do mercado na safra passada. Santa Catarina é o principal produtor brasileiro de hortaliças.
Como a produtividade da safra 2022/2023 foi acima da média, a estimativa para a safra a partir do segundo semestre deste ano é de produtividade um pouco menor, mas dentro da média histórica. A expectativa inicial é que a produção chegue a 554 mil toneladas, o que equivale ao segundo maior volume desde 2012. A principal microrregião produtora de cebola é Ituporanga, seguida de Tabuleiro.
Queda do cultivo de alho
A produção de alho, que ocorre principalmente nas microrregiões de Joaçaba e Curitibanos, deve ter queda na safra 2023/2024. A estimativa inicial é de que a área plantada seja reduzida em mais de 27% em relação à safra anterior, ou seja, o cultivo deve abranger aproximadamente 1.170 hectares. Caso a perspectiva se confirme, será a menor área plantada desde 2012, quando a Epagri/Cepa iniciou monitoramento sistemático. A produção estimada é de quase 12 mil toneladas.
Segundo Gugel, essa queda na área plantada é explicada pelos baixos preços pagos ao produtor na maior parte do período de comercialização da safra passada, o que tornou a safra menos atrativa. Há, porém, a possibilidade de haver mudanças na estimativa, pois nos últimos meses houve uma recuperação do mercado, o que pode influenciar na decisão dos produtores.
Cultivo de trigo deve continuar em alta
O principal cereal cultivado no inverno, em Santa Catarina, é o trigo. Na safra 2023/2024, estima-se que sejam plantados cerca de 137,4 mil hectares de grãos. As principais microrregiões produtoras são Chapecó, Xanxerê, Curitibanos e Canoinhas. A expectativa de produtividade é de 3,4 mil quilos por hectare, o que deve render uma produção total de 475,5 mil toneladas. Essas estimativas representam uma pequena queda na área plantada, de 1,6%, e na produção, de 1,3%, em relação à safra passada. Porém, ao observar a trajetória da área ocupada pelo grão no Estado, percebe-se um aumento significativo do cultivo nos últimos anos. Para efeito de comparação, em 2019 o trigo ocupou 50,8 mil hectares.
Segundo o analista de Socioeconomia e Desenvolvimento Rural da Epagri/Cepa, João Alves, a principal razão para o aumento significativo da produção nos últimos quatro anos foi econômica, já que o trigo manteve um patamar de preço elevado. A utilização do grão como insumo para a produção de rações também incentivou a entrada dos produtores na cadeia produtiva, principalmente porque isso garante a comercialização do produto mesmo com qualidade inferior à exigida para a produção da farinha.
Crescimento da produção de cevada
Embora a produção de cevada ainda ocupe uma área pequena no Estado em relação à aveia e ao trigo, a Epagri/Cepa estima que, na safra 2023/2024, a área plantada crescerá pouco mais de 47% em relação à safra anterior. Estima-se que 1.300 hectares serão cultivados com o grão, a maior parte na microrregião de Curitibanos, mas também em Campos de Lages e na microrregião de Joaçaba. A expectativa é que a produção total, na safra 2023/2024, chegue a 5,6 mil toneladas, um aumento de quase 50% na comparação com a safra anterior.
Segundo Alves, a quantidade de cevada produzida em Santa Catarina oscila muito de um ano para o outro, pois iniciativas específicas de empresas do setor de bebidas impulsionam o cultivo de acordo com a demanda. “Em geral, o cultivo da cevada é feito com base em contratos fechados na época do plantio, por ser um produto muito sensível ao comportamento climático”, explica.
Estabilidade da produção de aveia
A estimativa para a produção de aveia é de que sejam cultivados 33,3 mil hectares, praticamente a mesma quantidade da safra passada. Produção e produtividade devem cair cerca de 3% em relação à safra 2022/2023. No total, a expectativa é de que sejam colhidas mais de 51,5 mil toneladas de grãos. A principal microrregião produtora é Xanxerê. Em geral, a produção de grãos em Santa Catarina é destinada a sementes.
