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Reuters: Lula discute dar Caixa e outros cargos de destaque a aliados de…

tag:reutersPor Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a discutir dar mais espaço a aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no topo do governo, incluindo o comando da Caixa Econômica Federal, com o objetivo de garantir maior governança no Congresso a partir de agosto, disseram fontes à Reuters.

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O movimento ocorre após a aprovação pela Câmara da reforma tributária e do projeto que altera o funcionamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), que teve forte apoio do grupo e o empenho pessoal de Lira nas votações.

Sem uma base sólida na Câmara no primeiro semestre, a articulação política ficou refém principalmente do ritmo de liberação de emendas parlamentares a cada votação, segundo duas fontes ligadas ao governo. Com a abertura do espaço agora para os aliados de Lira, o Palácio do Planalto quer, ao mesmo tempo, evitar o varejo das emendas e ter apoio para cobrar partidos que fazem parte da coligação em votações futuras, acrescentaram.

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Na volta do recesso parlamentar, em agosto, o Palácio do Planalto terá o desafio de concluir as votações na Câmara do novo marco fiscal e da reforma tributária, que devem voltar à análise dos deputados após prováveis ​​mudanças a serem feitas pela os senadores.

O governo Lula também busca levar adiante outras propostas que estão na pauta econômica do Congresso, como a reforma do Imposto de Renda, prometida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Quando enviada pelo governo, a proposta começará a tramitar pela Câmara.

A avaliação no Planalto, segundo duas fontes ligadas ao governo, é de que o Executivo precisa garantir maior estabilidade nas votações da Câmara e que apoio consistente dos partidos ligados a Lira — que têm cerca de 250 deputados — seria fundamental para o sucesso do empreendimento. Sozinho, o núcleo duro do governo não tem mais de 150 deputados.

A pressão da bancada do prefeito é para que as mudanças ocorram até agosto, segundo uma fonte do Palácio do Planalto e três do Congresso.

“Quem pensou que a gente ia aprovar a reforma tributária…? Quem pensou que a gente ia aprovar o CARF? As coisas acontecem, política é isso mesmo, fazer coisas impossíveis acontecerem para que as pessoas comecem a acreditar na política”, disse Lula nesta quarta-feira em discurso durante evento no Palácio do Planalto.

“Nenhum deputado, nenhum senador fez nenhum favor para mim, e não fez nenhum favor para o governo porque o projeto não é do governo, é da sociedade brasileira. E senadores e deputados fizeram favor para quem? própria imagem do Congresso Nacional e do povo brasileiro”, acrescentou.

POSSÍVEIS TROCAS

As trocas, segundo as quatro fontes, envolveriam a garantia de maior espaço para o União Brasil e partidos da zona de influência de Lira, como PP e Republicanos. Na mira estão cargos comandados por pessoas da cota pessoal de Lula ou indicações do PT, como as pastas do Turismo, Desenvolvimento Social e Esportes e o comando da Caixa e da recém recriada Fundação Nacional de Saúde (Funasa).

O PP, de Lira, com 49 deputados e que apoiou oficialmente o ex-presidente Jair Bolsonaro contra Lula nas últimas eleições, pode ingressar no governo em cargos de destaque, segundo fonte ligada ao prefeito e fonte palaciana.

A fonte do Planalto disse que o nome sugerido pelo grupo Lira para a Caixa é do ex-presidente da instituição Gilberto Occhi, que também foi ministro nos governos de Dilma Rousseff e Michel Temer. A troca, se efetivada, afastaria Rita Serrano, funcionária de carreira da instituição.

Uma experiente fonte petista admitiu que, apesar das prováveis ​​reclamações do partido, haverá mudanças no governo para a entrada dos aliados de Lira, e considera grandes as chances de uma troca na Caixa. Ela disse que, pelo menos na opinião dos políticos, seu desempenho tem sido fraco e não tem apoio partidário.

Outro alvo do grupo é o Ministério do Desenvolvimento Social, responsável pelo programa Bolsa Família e que é comandado pelo senador licenciado e ex-governador do Piauí Wellington Dias (PT), segundo fonte próxima a Lira. Nesse caso, o grupo ainda discute o nome a ser apresentado.

Essa fonte próxima ao prefeito resumiu a intenção de Lira: ele não aceita ter um espaço menor na Esplanada do que seu principal adversário local em Alagoas, o senador e ex-presidente do Senado Renan Calheiros (MDB-AL).

Um dos filhos de Renan, ex-governador de Alagoas e senador licenciado Renan Filho (MDB), é ministro dos Transportes.

Inicialmente, houve assédio ao Ministério da Saúde, principal pasta em termos de orçamento e capilaridade, que hoje é comandada pela ex-presidente da Fiocruz Nísia Trindade. O grupo de Lira colocou no ar o nome da cardiologista Ludhmila Hajjar para o cargo. Lula, porém, já se manifestou publicamente contra a mudança de pasta e apoiou Nísia.

Outro cargo de destaque na mira do grupo é o Ministério do Esporte, ocupado pela ex-jogadora de vôlei Ana Moser, uma das cotas pessoais de Lula. O grupo quer a contratação do deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), próximo a Lira, segundo uma das fontes. Isso marcaria a entrada no governo dos Republicanos, partido com 41 deputados e ligado à Igreja Universal. Um dos expoentes do partido é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ex-ministro de Bolsonaro e visto como possível candidato presidencial da oposição em 2026.

Tarcísio e o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), porém, já se manifestaram em entrevistas contra a entrada de filiados no governo Lula.

Após se encontrar com Lula na noite de terça-feira, Ana Moser negou ter conversado com o presidente sobre uma possível substituição. “Está muito mais na imprensa do que no nosso dia a dia”, disse ela.

A Funasa, órgão extinto por Lula na virada do governo e recriado pelo Congresso no âmbito da medida provisória de reestruturação dos ministérios, também continua sob intenso assédio do grupo de Lira, segundo fontes, por sua capilaridade para promover políticas de saúde e saneamento. básico.

TURISMO

O movimento pela mudança começou a ser viabilizado na semana passada com o anúncio, pelo ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, da substituição da ministra do Turismo, Daniela Carneiro, que não tem apoio na bancada do próprio partido, União Brasil, pelo deputado federal Celso Sabino (União-PA) — embora a mudança ainda não tenha sido implementada.

No entanto, a bancada da Câmara do União Brasil, com 59 deputados e que aumentou seu índice de apoio ao governo na reforma tributária, almeja uma participação maior, segundo fontes da bancada e do Planalto.

A fonte palaciana disse que o partido quer, além do intercâmbio do Turismo, o comando da Empresa Brasileira de Turismo (Embratur) e dos Correios. Os dois órgãos são comandados por nomes ligados ao PT, o ex-deputado federal Marcelo Freixo e o advogado Fabiano Silva, que tiveram atuação destacada contra a operação Lava Jato.

Além do Turismo, a União Brasil detém os Ministérios das Comunicações, comandados pelo deputado federal licenciado Juscelino Filho (União-MA), além da pasta da Integração Nacional com o ex-governador do Amapá Waldez de Góes, indicado por Alcolumbre. Na terça-feira, estava marcada uma reunião à tarde entre Lula e Alcolumbre para discutir as mudanças, mas acabou cancelada e será remarcada.



Fonte: Noticias Agricolas

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