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Reuters: Decepção com Rui Costa e intrigas na contestação ministerial…

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) – Após a dura mensagem do Congresso, que derrubou os decretos que alteravam o quadro de saneamento, o Palácio do Planalto entrou em modo de arrumação, mas não faltam as denúncias e a maior insatisfação, seja entre parlamentares de menor escalão, quer dentro do próprio governo, tem batido à porta da Casa Civil e do seu ministro, Rui Costa.

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Apesar das negociações de nomeações e emendas serem feitas por Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais, é na Casa Civil que os acordos são efetivados – ou Rui Costa é o responsável por agilizar os ministérios que demoram a cumprir acordos .

“As emendas têm que ser pagas, as indicações têm que sair. Não tem como tentar achar uma base se as coisas não andam”, reclamou à Reuters um parlamentar próximo ao Planalto. “Não vou sair acusando ninguém, mas 8 de maio e nada divulgado tem problema.”

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu na segunda-feira Rui Costa, Padilha, os demais ministros do palácio e as lideranças do Congresso – José Guimarães (PT-CE), da Câmara, Jaques Wagner (PT-BA), do Senado, e Randolfe Rodrigues (Rede-AP). A conversa não correu bem.

Lula exigiu duramente que seus ministros pusessem ordem na base, mas também que os acordos por ele endossados ​​saíssem do papel. “Ele deixou bem claro que um acordo feito é um acordo feito. Não há razão para ficar parado”, disse a fonte.

No restante da semana, o governo começou a liberar recursos para pagar as emendas. A ordem do presidente é pagar tudo que sobrou do ano passado e o que deveria ter começado este ano até o dia 6 de junho.

Padilha também iniciou nesta quarta-feira uma série de reuniões com os partidos do que deveria ser a base do governo. Da reunião com o PSB, ele saiu com a promessa do presidente do partido, Carlos Siqueira, de que o partido votará com o governo. Da conversa com o PSD também saiu a promessa do líder, Antonio Brito (BA), de que o partido é do governo, ainda que não tenha dado os votos que o Planalto esperava.

LULA COMO UMA BALA DE PRATA

Chegou-se a cogitar que o próprio presidente participaria dessas reuniões, mas decidiu-se o contrário. “O presidente é o último recurso. Se você colocar agora, nesse varejo, o que vai sobrar quando você realmente precisar de uma negociação mais dura?”, argumentou um deputado da base.

A insatisfação dos deputados passa por acordos feitos durante a transição, para aprovar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que mudou partes do teto de gastos e do orçamento, abrindo espaço para o atual governo executar programas que estavam em declínio. Parte das emendas prometidas aos parlamentares ainda não havia sido paga.

O descumprimento dos acordos gerou críticas públicas a Padilha por parte do prefeito Arthur Lira. E uma dura troca de palavras entre o ministro e Rui Costa na semana passada, diz fonte palaciana. Nesta semana, após o encontro com Lula, a situação melhorou, mas o clima no quarto andar do Palácio do Planalto ainda não voltou ao normal.

Um dos pontos centrais das dificuldades, revela esta fonte, é básico: a falta de dinheiro. Enquanto o Congresso cobra as emendas aprovadas no orçamento – a certa nos acordos de Padilha e endossados ​​por Lula -, Rui Costa tem em mãos a obrigação de colocar em suas mãos programas como o novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), em que o presidente aposta para dar a volta por cima na economia.

“Ele não tem dinheiro para tudo, então fica se segurando, reclama que Padilha cede demais. Mas se os acordos não forem cumpridos, ele não tem base para governar, não tem jeito. É um Congresso que vai trabalho na base do varejo”, diz a fonte .

O governo conta hoje com 109 deputados que podem ser considerados de fato da base, com a federação que reúne PT, PCdoB e PV, a federação Rede-Psol e o PSB. pelo vice-presidente Geraldo Alckmin.

Em tese, PDT, União Brasil, PSD e MDB também estão no governo, ocupando altos cargos, mas o governo sabe que não pode contar com nenhum deles integralmente, principalmente PSB e UB, enquanto tenta negociar com partes do Arthur PP de Lira e com os republicanos acordos pontuais. Nesse varejo da política, as nomeações e emendas – que voltaram ao controle do Executivo depois que o STF declarou inconstitucionais as chamadas emendas relatoras, ou orçamento – tornam-se essenciais para a votação.

“O governo tem que ter uns 210 votos na Câmara para ter garantia de aprovação dos projetos. Para uma PEC vai ser caso a caso. E emendas, posicionamentos, atenção, liberação de obras, tudo isso é importante”, disse um senador experiente.

“Só que o Planalto virou corte do Luiz XIV, muita gente dando opinião e muita gente querendo puxar o tapete uns dos outros.”

Alguns ministros reclamam da excessiva centralização da Casa Civil, onde também as coisas não andam bem. Um deles diz que um projeto de interesse do governo está pronto há mais de 30 dias e está na pasta para ser analisado. E ainda não saiu.

“O governo em geral está muito parado. Há uma paralisia decisória, tudo tem muitas instâncias, muitas pessoas têm que ser consultadas, o governo está muito horizontal. Sobrecarregado”, analisa uma fonte.

No Congresso, falava-se até da ideia de tirar atribuições, como nomeações, da pasta – o que não deveria acontecer.

Em entrevista ao canal Globo News, Rui Costa admitiu que faltou diálogo e que o Governo não agiu com a celeridade necessária no pagamento de emendas e nomeações, mas que as falhas estão a ser corrigidas e a relação, “untou “. O próprio ministro foi ao Congresso nesta quarta-feira, com Padilha, conversar com senadores sobre o decreto de saneamento.

Uma das fontes admite que o sistema não é simples. Indicações chegam com os mais variados problemas que acabam sendo barrados pelos ministérios – como, por exemplo, indicações ao IBAMA de pessoas ligadas a madeireiras, ou a diretorias de bancos de outros com dívidas com o próprio banco. Ou ministros que sentam em cima de nomes porque não são do seu partido e querem tentar reverter a indicação.

“Tem tudo e a Casa Civil é o último recurso. Muitas vezes demora porque é uma burocracia”, disse.

A forma de conciliação, porém, tem que funcionar com rapidez para não atrapalhar a pauta mais avançada, a do quadro fiscal, que tramita na Câmara e teve o horizonte inicial de votação ainda no mês de maio.

Fonte: Noticias Agricolas

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