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retração na produção de mudas de espécies florestais

    retracao na producao de mudas de especies florestais

    Pesquisa realizada pela Embrapa Agrobiologia (RJ) revela que a produção de mudas para reflorestamento sofreu retração de 30% no estado do Rio de Janeiro nos últimos dez anos. O estado tem metade de seu território coberto por áreas degradadas e a baixa produção de mudas de espécies florestais em viveiros pode ser um dos maiores entraves à restauração. “A atual produção de mudas no estado supre menos de 1% da demanda de recuperação de áreas prioritárias para proteção de mananciais”, revela a pesquisadora Juliana Freire.

    Para que os viveiros possam atender a demanda de reflorestamento com uma gama diversificada de espécies, é fundamental que os projetos planejem e façam pedidos aos viveiros com bastante antecedência, diz Freire. “Também é fundamental que o setor público implemente ações permanentes de incentivo ao setor”, acrescenta.

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    Originalmente, a Mata Atlântica cobria cerca de 98% da área do estado e hoje ocupa apenas 17%. Mas, dependendo do que for produzido pelos viveiros cariocas, as formações florestais não poderão contar com toda a diversidade do bioma, considerado um dos mais ricos do planeta. “Embora a riqueza de espécies produzidas pelos viveiros tenha aumentado nos últimos anos e represente uma das maiores do Brasil, ainda é muito baixa em relação à diversidade encontrada no bioma”, explica o pesquisador. De acordo com o estudo da Embrapa, os viveiros produzem apenas 22% da diversidade de espécies nativas da Mata Atlântica no estado do Rio de Janeiro.

    A produção de mudas de espécies florestais em todo o estado foi estimada em 4,8 milhões por ano. Esse número corresponde a 44% da capacidade de produção, que é superior a 10 milhões de mudas. Segundo a pesquisa, a baixa rentabilidade dos viveiros, os altos custos de produção e a dificuldade de aquisição de sementes e comercialização são os principais fatores que contribuem para uma produção tão abaixo da capacidade e da demanda existente.

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    Retração de 30%

    Nos viveiros do Rio de Janeiro são produzidas 977 espécies diferentes, sendo 539 nativas da Mata Atlântica. Cada viveiro produz, em média, 99 espécies nativas. No entanto, ainda há uma baixa produção de espécies endêmicas e ameaçadas.

    O estudo mostrou que, dos 120 viveiros identificados, 35 foram desativados na última década, sendo 27 viveiros pertencentes ao setor privado. Das que ainda estão em atividade, 48 são públicas, 31 são privadas e 2 são do terceiro setor; e sobre os outros 4 não houve informação. Esses números revelam uma retração de 30% do setor produtivo em relação ao último diagnóstico realizado em 2010 pelos órgãos públicos estaduais.

    Legenda: As regiões hidrográficas da Guanabara e Guandu possuem o maior número de viveiros, concentrando 44% do total

    Processo de pesquisa

    Para fazer o diagnóstico, os pesquisadores avaliaram o perfil, distribuição regional, riqueza e capacidade produtiva dos viveiros, bem como a diversidade de espécies por eles produzidas. Também foi analisado o potencial para atender ao aumento da demanda por restauração ecológica diante dos compromissos ambientais nas regiões hidrográficas do Rio de Janeiro.

    O contato com as creches foi feito por e-mail, telefone e visita técnica, para avaliação e aplicação de questionário padronizado contendo 69 tópicos a serem preenchidos. Além disso, foi realizado um mapeamento utilizando as coordenadas geográficas fornecidas pelos próprios viveiros. Também foi contabilizado o número de viveiros no município e por região hidrográfica do Rio de Janeiro, e coletados dados sobre a produção anual de mudas em cada estabelecimento.

    Após a coleta de informações, os pesquisadores criaram um banco de dados sobre os viveiros (categoria administrativa, capacidade produtiva e porte) e sobre cada espécie de arbustos e árvores, classificando-os por nome, hábito vegetal, distribuição natural, grau de ameaça, entre outros. outra informação. E, por fim, a divisão da demanda total de mudas em cada região, considerando apenas áreas de interesse para proteção e recuperação de bacias hidrográficas com prioridade alta e muito alta, segundo estudo de 2018 do Instituto Estadual do Meio Ambiente (Inea ).

    Identificou-se também que existem muitos viveiros de pequeno e médio porte que, embora contribuam pouco para a produção, são importantes pela diversidade de espécies de mudas ofertadas.

    A arte de colher sementes

    Entrando em locais de difícil acesso, subindo a copa de imensas árvores da mata e carregando um peso razoável do meio da mata até os locais onde as mudas são produzidas. Isso faz parte da rotina nada fácil de quem trabalha em creche. “Costumamos pegar um quarto das sementes que estão na árvore e no final do dia arrastamos um peso razoável para levar as sementes de volta ao viveiro”, diz Marina Figueira de Mello, do Viveiro Mata Atlântica, em Nova Friburgo , na região serrana do Rio de Janeiro. .

    A dona do viveiro diz com entusiasmo que está procurando otimizar esse processo. A expedição na floresta para coleta de sementes é feita uma ou duas vezes por semana com base no banco de dados das matrizes. “Procuramos ter cuidado na coleta das sementes para não retirar demais e desequilibrar o processo natural de frutificação das matrizes”, explica.

    O viveiro da Mata Atlântica produz de 30.000 a 40.000 mudas nativas anualmente. “Marcamos as matrizes, desenvolvemos um calendário fenológico (período reprodutivo – flores e frutos) e visitamos essas matrizes no momento da frutificação para ver se conseguimos a semente que precisamos”, descreve Mello.

    Após a germinação, as sementes têm 40% de chance de crescer em uma árvore. Por isso, o trabalho de viveiro é importante para que as sementes se transformem em mudas que, no futuro, contribuirão para a restauração ecológica da Mata Atlântica.

    especies raras

    A viveirista Barbara Pellegrini já encontrou mais de 400 espécies na floresta. No viveiro Muda Tudo, em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, ela produz atualmente cerca de 40 mil mudas por ano. São trezentas espécies, com destaque para aquelas adequadas para enriquecer a diversidade e restaurar áreas de nascentes, matas ciliares e terras secas.

    Na rotina das creches, nem sempre um dia é igual. “Um marco importante foi uma vez que eu estava olhando para o mato e vendo uma árvore com uma flor amarela que eu pensei que poderia ser um aleluia ou um fedor, e um biólogo me disse: não, isso é uma braúna, esse amarelo é um pouco diferente.” A brauna (Melanoxylon brauna) é uma espécie considerada ameaçada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e de difícil produção de mudas. que um tom pode ser diferente do outro”, comenta o viveiro.



    Fonte: Agro