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Degradação de pastagens, cenário em desmantelamento

O combate à degradação das pastagens ganhou um novo aliado com a chegada do programa “Integra Zebu”, fruto de uma parceria da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) com órgãos públicos federais e estaduais, além de empresas. A ação lançada em 2021 já conta com 60 propriedades, entre pequenos e médios produtores de carne e leite.

O “Integra Zebu” se soma a uma série de outros programas, como o próprio Plano ABC, realizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e liderado pela Embrapa; além daqueles implementados por empresas, agências de extensão rural e instituições de ensino.

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Nas prateleiras estão inúmeras teses e trabalhos acadêmicos ou mesmo vídeos comerciais passo a passo, visando minimizar o problema, de fato, um grande gargalo para maior produtividade e sustentabilidade efetiva da pecuária nacional.

Segundo João Gilberto Bento, gerente comercial da ABCZ, as propriedades atendidas estão em Minas Gerais, Goiás, Tocantins e Mato Grosso, divididas em unidades de demonstração (para dias de campo e palestras), unidades de referência e de contratação.

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Todos são geradores de informações para o aprimoramento do programa. Mas as fazendas de referência são inclusive alvos de estudos científicos.

Vale ressaltar que o “Integra Zebu” visa incentivar e massificar a recuperação de pastagens degradadas em todo o país, por meio dos sistemas Integrado Lavoura e Pecuária (ILP) e Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (ILPF).

Foto: Divulgação

“Isso significa que, a médio e longo prazo, o negócio pecuário será incrementado com a diversificação de produtos, portanto, novas receitas. Queremos que essa ação se torne um conceito básico e seja incorporada ao dia a dia da pecuária. Sem ele, não há seleção genética bem-sucedida”.diz Benedito.

Forças combinadas no lugar – Segundo o gerente, “normalmente a ‘Integra Zebu’ fornece os corretivos, adubação do plantio e cobertura, para trabalhar de 2,5 a 3 hectares, dependendo da análise do solo.

O produtor se encarrega de trabalhar a mesma quantidade de área, no mínimo. “Então, partindo de uma pequena propriedade, falamos de 6 hectares para produzir uma lavoura (milho, por exemplo) ou reformar pastagens”. Boa parte desse milho vai para a produção de silagem.

Devido à assistência técnica gratuita para toda a área envolvida, o produtor acaba produzindo um pouco mais.

“É uma oportunidade e tanto. Vale ressaltar que é sua responsabilidade entrar com o maquinário; no entanto, se ele não conseguir obtê-lo, as agências de extensão costumam obtê-lo nas prefeituras ou agricultores vizinhos”diz o gerente.

A Embrapa e a Epamig (MG) participam do aprimoramento científico dos modelos. No trabalho de campo – a extensão rural, da análise do solo à colheita da produção – Emater MG, Emater GO, Ruraltins (TO) e Empaer (MT). No lado privado, o apoio vem da Agronelli, Cargill, Mosaic, Ubyfol e Fundação Banco do Brasil.

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A importância das pastagens brasileiras – Segundo o MapBiomas, uma rede colaborativa formada por ONGs, universidades e iniciantes tecnologia, o principal uso do solo brasileiro é a pastagem. Ocupa 154 milhões de hectares de norte a sul do país, com presença em todos os seis biomas. Essa área é praticamente equivalente a todo o estado do Amazonas, que possui 156 milhões de hectares. Ou 6,2 estados de São Paulo. Ou mais de duas vezes e meia o tamanho da Bahia.

A área destinada à pecuária é ainda maior se considerarmos que a ela se somam parte das áreas de campos naturais, principalmente no Pampa e Pantanal, que cobrem 46,6 milhões de hectares no país, e áreas de mosaico de agricultura e pastagem onde o mapeamento não permitiu a separação ou ocorrem em consórcio, abrangendo 45 milhões de hectares.

A rede MapBiomas (mapbiomas.org) produz mapeamento anual de cobertura e uso da terra, monitorando a superfície da água e as marcas de fogo mensalmente com dados, desde 1985. Também valida e elabora relatórios para cada evento de desmatamento detectado no Brasil, desde janeiro de 2019, por meio do MapBiomas Alerta.

Luta que avança com vitórias – Tantas iniciativas que os resultados começam a aparecer. A análise de imagens de satélite entre 1985 e 2020 também possibilitou avaliar a qualidade das pastagens brasileiras e observar uma queda nas áreas com sinais de degradação de 70% em 2000 para 53% em 2020.

No caso de pastagens severamente degradadas, aponta a rede, houve uma redução ainda mais expressiva. Elas representavam 29% das pastagens em 2000 (46,3 milhões de hectares) e agora representam 14% (22,1 milhões de hectares).

Ainda segundo o MapBiomas, essa melhora foi identificada em todos os biomas, e os que apresentaram maior retração em áreas severamente degradadas foram Amazônia (60%), Cerrado (56,4%), Mata Atlântica (52%) e Pantanal. (25,6%).

Fonte: Portal DBO

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