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Radar de Saúde | Foco de fasciolíase em boitel da região sul • Portal DBO

Por Enrico Ortolani – Professor da Clínica de Ruminantes da FMVZ-USP ([email protected])

FOCO DE FASCIOLOSE EM BOITEL DA REGIÃO SUL

Em um lote de bovinos engordados em um rebanho bovino, no sul do estado, cujo proprietário pediu para não ser divulgado, foi encontrado grande número de fascíolas adultas de Fasciola hepatica no fígado de cerca de duas dezenas deles.

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Todos os fígados positivos foram condenados ao consumo. Coincidentemente, todos os animais positivos eram de uma única propriedade, criados na própria região do confinamento.

Segundo um técnico do boitel, o gado parasitado teve um ganho de peso bem abaixo da média, tendo que passar mais dias em confinamento para atingir o peso mínimo de abate.

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Além disso, a cobertura de gordura e o recheio da carcaça deste lote ficaram abaixo do desejado. Estudos indicam que essa parasitose, além de reduzir o ganho de peso, interfere na conversão alimentar e na deposição de proteína na musculatura, gerando carcaças mais leves.

De forma prática, pode-se dizer que esse rebanho não contraiu a doença no confinamento, já apresentando a parasitose quando entrou no centro de engorda.

Ao serem encontrados no matadouro, os bovinos já apresentavam parasitas adultos, indicando que apresentavam quadro crônico da doença. Estudos demonstraram que o parasita adulto pode permanecer no fígado por mais de 20 semanas.

A F. hepatica, além de sugar sangue, o que pode causar anemia, danifica o fígado e contribui para a perda de proteínas pela bile (fel). Casos muito graves de perda de proteína levam a inchaço na área da mandíbula inferior, o que não ocorreu em bovinos neste surto.

Para o aparecimento da fasciolíase em um rebanho, são necessárias certas condições, entre elas a presença de pastagens em pântanos, onde se desenvolvem certos caramujos do gênero. Lymnaea (espécies viatrix ou columella). A Fasciola para fechar seu ciclo deve passar uma fase de sua vida dentro do caracol.

Os vermes adultos copulam no fígado, eliminam os ovos pela bile e vão para o intestino, sendo eliminados nas fezes. As larvas (miracídeos) eclodem dos ovos e penetram no caramujo, tornam-se maiores e maduras; saem do caramujo e ficam na água ou no capim esperando para serem engolidos pelo gado, furam os intestinos e chegam ao fígado onde se tornam adultos; veja o ciclo completo no esquema abaixo.

A recomendação técnica nesse caso foi o tratamento com vermífugo específico, na entrada do confinamento, de todos os animais daquela propriedade específica, que apresentavam alto risco de fasciolíase, sem a necessidade de vermifugação dos bovinos de outras granjas livres.

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Fasciola hepatica adulta no fígado
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Caramujo do gênero Lymnaea.
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Ciclo de vida de Fasciola hepatica.
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Bovinos com inchaço sob a mandíbula.
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Porcentagens de fígados com f. Hepática nos estados.

SURTOS E SURTOS DE COELHO, BRASIL AO REDOR

Nos municípios seguintes, foram recentemente confirmados focos ou surtos de raiva bovina, exigindo a vacinação antirrábica de todos os animais (acima de 17 dias) de rebanhos até 30 km do entorno.

Tomé-Açu, PA (Fonte: ADEPARÁ)

Os bovinos acometidos pela raiva neste surto, segundo a ADEPARÁ, tinham cerca de 4 meses de idade e haviam sido vacinados recentemente. Para que a vacina produza quantidades suficientes de anticorpos para proteger contra a raiva em bovinos jovens, são necessárias duas vacinações com 30 dias de intervalo.

A frequência da raiva em todo o Brasil é maior em bovinos com menos de 12 meses do que nos mais velhos. Portanto, recomendo que todo bezerro seja vacinado aos 2 e 3 meses de idade, repetindo a vacinação simples todos os anos.

Corumbaíba e Padre Bernardo, GO (Fonte: AGRODEFENSE)

Este órgão estuda o motivo do surto de raiva em Padre Bernardo, que é um município de alto risco para a doença e a vacinação é obrigatória; 119 municípios goianos se enquadram nessa vacinação obrigatória. Segundo a AGRODEFESA-GO, no caso de simulações comprovadas de vacinação, o produtor é multado e a vacinação é assistida por um fiscal. Sem chance!

MATO GROSSO: Sinop, Cáceres, Santo Antonio de Leverger e Nobres.

SÃO PAULO: Quintana, Fartura, Aparecida e Socorro (Fonte: EDA).

PARANÁ: Londrina, Ortigueira, Guarapuava e Prudentópolis (Fonte: ADEPAR).

RIO GRANDE DO SUL: Alegrete, Cachoeira do Sul, Dom Feliciano, Gravataí, Itaqui, Itati, Jaguari, Jari, Lavras do Sul, Pedras Altas, Redentora, Rio Pardo e Santiago (Fonte: SEAPI).

PARA: São Félix do Xingu (Fonte: Adepará See More).

PARAÍBA: Areias, Alagoa Grande, Pilões e Guarabira (Fonte: UFCG- Patos).

MINAS GERAIS: Carmópolis de Minas, Delfim Moreira, Natércia, Campos Gerais e Resplendor. Possivelmente também Mantena, onde ocorreu o caso humano de raiva. (fonte IMA).

SANTA CATARINA: Alfredo Vagner (Fonte: CIDASC)

Envie suas notícias sobre a presença de surtos ou surtos recentes dos mais variados tipos de doenças em bovinos de corte para o seguinte endereço de e-mail: [email protected]

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Fonte: Portal DBO

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