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Radar de Saúde | Enterotoxemia em bovinos confinados em SP e Bolívia • Portal DBO

    Radar de Saude Confinamento seca prevencao de pneumonia •

    Por Enrico Ortolani – Professor da Clínica de Ruminantes da FMVZ-USP ([email protected])

    ENTEROTOXEMIA EM BOVINOS CONFINADOS EM SP E BOLÍVIA

    As mortes ocorreram em um confinamento no norte do estado de São Paulo (12 animais) e outro no interior da Bolívia (2). Os animais em questão estavam no cocho entre 27 e 50 dias, estavam bem nutridos e em boas condições corporais e, segundo os tratadores, eram bovinos dominantes em seus lotes, ou seja, eram os primeiros a chegar ao cocho e ingeriu mais ração, apresentando ganho de peso acima da média.

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    A dieta, no momento da morte, continha 85% e 80% de ração concentrada, rica em energia. Todos os animais estavam devidamente adaptados e não apresentavam evidências de acidose ruminal no momento da necropsia.

    Obteve-se do histórico de ambos os casos que na véspera do óbito houve atraso de muitas horas na entrega da ração, que era oferecida três vezes ao dia.

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    Os óbitos ocorreram de forma repentina, entre 26 e 28 h após a mudança na entrega dos alimentos. O gado não apresentou sintomas óbvios além do isolamento do rebanho e falta de apetite. Na necrópsia, foi verificada a presença de extensa hemorragia no intestino delgado, principalmente nos segmentos do jejuno.

    Este quadro é característico de uma doença causada por uma bactéria (Clostridium perfringens, tipo A), que normalmente habita o intestino, mas que em condições excepcionais, geradas pelo consumo excessivo de energia e passagem de muito amido para o intestino, se multiplica rapidamente produzindo uma toxina que causa sangramento generalizado e morte.

    Animais dominantes, que ficam muitas horas sem comer, quando estão com fome, ingerem até 30% a mais de ração, o que é o gatilho para o aparecimento do quadro. Foi recomendado que os proprietários treinassem os manipuladores e controlassem rigorosamente o fornecimento de alimentos, bem como a vacinação, no início do confinamento, com vacina contra clostridiose que contém a cepa C. perfringens tipo A, nem sempre presente nas vacinas comerciais no país. Mercado.

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    Morte súbita por enterotoxemia.
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    Sangramento no intestino delgado.
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    Erros na entrega de ração favorecem a doença.
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    A vacinação contra a doença é essencial.

    MANGER SURTO EM DESGASTE EM AC E PB

    Quando você pensa que as doenças triviais e facilmente evitáveis ​​pararam de ocorrer, se não forem tomadas as devidas precauções, elas aparecem na nossa frente. Foi o que aconteceu em uma fazenda de criação no município de Rio Branco, no Acre, e outra em Areias, no semiárido paraibano.

    Em AC, seis bovinos Nelore desmamados (três machos e três fêmeas), com nove meses de idade e em excelente condição corporal, morreram por claudicação (carbúnculo sintomático), enquanto em PB, nove bovinos desmamados, com menos de um ano de idade, com rápido crescimento, morreram e com condições corporais semelhantes.

    Alegadamente, em ambos os casos, as mães multíparas eram boas produtoras de leite. No Acre, os animais desmamados eram mantidos em excelentes pastagens de Brachiaria humidicola, consorciadas com amendoim silvestre (Arachis pintoi). Vale ressaltar que em ambas as propriedades os animais nunca foram vacinados contra carbúnculo sintomático.

    Animais enfermos ficam repentinamente isolados do rebanho, começam a apresentar inchaços no pescoço, espádua ou na musculatura da “alcatra” e morrem em poucas horas, ou são encontrados já mortos, posicionando-se com as pernas e o pescoço esticados.

    O carbúnculo é causado pelo crescimento explosivo da bactéria Clostridium chauvoei, que normalmente se encontra dormente em pequenas quantidades nos músculos saudáveis ​​e que, quando se multiplica em excesso, produz uma toxina que danifica gravemente os músculos esqueléticos ou cardíacos.

    O gatilho para a multiplicação da bactéria pode ser uma batida, uma briga, um trauma ou até mesmo uma ferida no local. Nunca abra ou necropsiar um bovino com suspeita de claudicação, pois isso aumentará a contaminação do solo por Clostridium chauvoei, aumentando a chance de novos casos da doença.

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    Bovinos jovens e gordos afetados por claudicação.

    FIQUE DE OLHO NOS CASOS TRISTEIS NO RIO GRANDE DO SUL

    Tiago Galina, professor de parasitologia da Unipampa, chama a atenção dos pecuaristas do estado, principalmente dos pampas, para o aumento da infestação de carrapatos e possíveis casos de tristeza parasitária (anaplasmose e babesiose) em bovinos.

    Embora este ano tenha ocorrido apenas uma estiagem prolongada e intensa na região, com as primeiras chuvas os ovos dos carrapatos sobreviventes se transformaram em larvas e já “emergiram” no gado.

    Segundo o professor, o risco de tristeza nessa condição meteorológica aumenta, pois os animais ficaram muito tempo sem contato com carrapatos, diminuindo sua “resistência” aos agentes da plasmose, principalmente carrapatos até os 18 meses de idade.

    Em caso de presença de carrapatos, isolamento, febre e abate do animal, chame imediatamente seu veterinário de plantão para analisar a possibilidade de ser tristeza parasitária, e se for o caso trate-a com rapidez e eficácia, pois com tristeza ninguém dorme.

    BOA SORTE COM SEU REBANHO E ATÉ O PRÓXIMO MÊS!

    Envie suas notícias sobre a presença de surtos ou surtos recentes dos mais variados tipos de doenças em bovinos de corte para o seguinte endereço de e-mail: [email protected]

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    Fonte: Portal DBO