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Queda no preço do milho deve embalar demanda do setor de carnes no Brasil,…

    Queda no preco do milho deve embalar demanda do setor

    Por Roberto Samora

    SÃO PAULO (Reuters) – A queda dos preços do milho no Brasil para os níveis mais baixos em quase três anos deve finalmente dar algum fôlego em 2023 para os setores de aves e suínos, que ainda contam com a recuperação do consumo brasileiro no segundo semestre e recorde de exportações do setor de frango este ano, avaliou o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

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    O milho — principal matéria-prima das rações, que junto com a soja responde por cerca de 70% do custo de produção do frango — acumula uma redução de aproximadamente um terço nos preços nos principais mercados do Brasil, já que o país espera colher uma safra recorde este ano.

    Isso deve aliviar empresas de alimentos como a BRF, que registraram perdas consecutivas em 2022, em grande parte devido ao custo exorbitante das matérias-primas para ração.

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    Com esse cenário, a indústria brasileira de carnes deve manter seus preços sob controle e espera tranquilamente que a maior safra de cereais do Brasil comece em junho, enquanto os produtores podem ser forçados a vender, pois lidam com um déficit de capacidade. de armazenamento de grãos agravada neste ano por uma safra histórica de soja.

    “A indústria não tem pressa de comprar milho. A produção e as exportações (de carne) vão aumentar este ano, mas ninguém está desesperado… Hoje está melhor para os compradores de grãos, finalmente estamos recuperando um pouco do que foi perdido no passado”, disse Ricardo Santin, presidente da ABPA, associação que reúne os maiores produtores de carne do país, como BRF, Seara, da JBS, e Aurora.

    Os preços do milho estão perto de quebrar a barreira dos 60 reais a saca em Campinas (SP), segundo o indicador Cepea/Esalq, registrando queda de mais de 28% no acumulado de 2023, enquanto em 2022 as agroindústrias tiveram picos de mais de 100 reais/saca em março, após o início da guerra na Ucrânia.

    Santin lembrou que nos piores momentos da oferta, a indústria da carne chegou a pagar ágio pelo milho contratado para exportação para reter o grão no mercado brasileiro – além de ser o maior exportador de carne de frango, o Brasil também é um dos líderes nas exportações globais de cereais.

    O presidente da ABPA disse que o setor vê agora os preços do milho abaixo de 60 reais/saca no Centro-Oeste, principal produtor nacional, mas também não acredita em reduções mais acentuadas. “Sabemos que o milho não deve voltar em patamares muito superiores, o que é bom para toda a cadeia, mantém o produtor com apetite para plantar, e para a gente conseguir ter um pouco de equilíbrio no custo.”

    Segundo consultores privados, com a confirmação de uma safra recorde próxima a 130 milhões de toneladas, o Brasil ainda poderá exportar volumes históricos em 2023, superiores a 45 milhões de toneladas.

    Também colabora com a situação atual do mercado o fato de os frigoríficos terem estocado mais milho. “Devido a especulações no passado, as empresas fizeram uma compra um pouco antes.”

    Esse “ajuste de custos”, apontou Santin, restabelece o equilíbrio do setor, permitindo a estabilidade dos preços das carnes de aves e suínos aos produtores, que ainda não conseguiram repassar ao varejo todo o aumento das despesas passadas, que incluíram maiores embalagens e custos de energia.

    “Quando há redução no custo de produção, o setor consegue manter os preços estáveis ​​para atender o que a população precisa… a boa notícia da inflação é que ela não vai subir, pelo menos da nossa parte”, disse Santin .

    VENTOS FAVORÁVEIS

    Se a indústria de carnes vê uma situação melhor em termos de custos, do lado da demanda também há expectativa de recuperação do consumo doméstico no segundo semestre, enquanto as exportações de carne de frango têm projeções recordes. EU

    “O vento começa a soprar na nossa direção, não dá para dizer que é uma tempestade perfeita favorável, mas o vento também começa a soprar para o produtor que foi resistente, porque teve gente que perdeu 1 real por quilo”, disse Santin, citando períodos de maior custo.

    “A situação é muito mais positiva em 2023, mais do que isso, vemos no caso das aves, suínos e ovos, dois vieses positivos, uma recuperação do mercado interno, que entendemos que acontecerá no segundo semestre… e mais exportações”, disse.

    Santin mencionou que as exportações brasileiras, no caso de aves, estão sendo impulsionadas pelos casos de gripe aviária que limitam a produção e exportação dos países produtores –enquanto o Brasil não tem registro da doença–, além da forte demanda de países como A China.

    Santin citou dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que indicam que as exportações brasileiras de carne de frango crescerão 8% em 2023, enquanto o segundo exportador mundial, os Estados Unidos, avançará apenas 0,9%, e o terceiro maior exportador (europeu União) terá uma queda de 2,6%.

    Na carne suína, o recente surto de peste suína africana na China deve ser mais uma vez uma oportunidade para o Brasil. Ele disse que a doença levou ao descarte precoce de porcas, o que pode resultar em uma queda na produção chinesa de até 10%.

    “Isso é mais do que toda a nossa produção”, resumiu.



    Fonte: Noticias Agricolas