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Publicação sobre a palmeira Juçara mostra a relevância e os benefícios da espécie

A Embrapa Florestas está lançando a publicação “Juçara (Euterpe edulis M.): importância ecológica e nutricional”, que traz detalhes, benefícios e produtos gerados por essa importante e apreciada palmeira brasileira. O objetivo deste trabalho, segundo a autora principal e pesquisadora da Embrapa Florestas Rossana Catie Bueno de Godoy, é mostrar os diferentes aspectos relacionados à espécie, como sua ocorrência, características, produtos gerados, composição nutricional, etapas de processamento da palma produtos de coração e polpa de palma. juçara, bem como citando a atualização da legislação sobre o assunto. A publicação é destinada a produtores, manipuladores de alimentos e aqueles que trabalham com a conservação de espécies.

A palmeira juçara (Euterpe edulis Martius) é típica da Mata Atlântica do Brasil e áreas adjacentes, e ocorre desde o estado do Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul, atingindo também o nordeste da Argentina e o sudeste do Paraguai. Seus frutos são amplamente consumidos por dezenas de espécies de aves e mamíferos, alguns deles vulneráveis ​​à extinção. Como produtos da Juçara, além de seus frutos, de onde se extrai uma saborosa polpa, está o famoso palmito juçara, exaustivamente explorado. Devido à extração predatória de seu palmito, a palmeira Juçara é hoje oficialmente considerada uma espécie vulnerável à extinção.

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Similaridade com açaí

A polpa da juçara tem sabor e cor muito semelhantes ao do açaí, o que dificulta ao consumidor a distinção entre uma espécie e outra na hora da compra. “No mercado interno, geralmente não se sabe quando a polpa da juçara é vendida como açaí, e muitas vezes o produto comercial é uma mistura entre as polpas das duas espécies. Isso porque seu processamento acaba ficando mais próximo dos consumidores de São Paulo e Rio de Janeiro do que da região Norte”, explica o pesquisador. Essa vantagem logística se soma ao fato de que a produção da polpa de juçara, em algumas regiões do Sul e Sudeste, ocorre no primeiro semestre do ano (março a maio), ao contrário da polpa de açaí, cuja colheita se concentra no segundo semestre Do ano. ano (70% a 80%).

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dados desorganizados

“O consumo interno e externo de polpa de açaí só vem aumentando, e a região Norte fornece 98% do que é consumido no Brasil”, diz o pesquisador. De fato, os dados de produção dessa espécie aumentam a cada ano. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab, 2021), de 2010 a 2020, a produção de açaí saltou de 314 para 5.363 toneladas. Dados sobre a produção de polpa de juçara são difíceis de organizar, “exigindo um trabalho efetivo de instituições estatais, associações, cooperativas e outros representantes”, diz Godoy. Segundo a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de SC (Epagri), estima-se que sejam processados ​​anualmente de 150 a 200 mil kg de frutos de juçara (equivalente a 500-600 mil tigelas de açaí de 300 g). No Vale do Ribeira-SP, a produção anual estimada varia de 665 a 1.746 kg de polpa de juçara (Conab, 2020). No litoral do Rio Grande do Sul (Maquiné, Caraá e Três Cachoeiras) a produção estimada é de 28,5 mil kg de celulose.

Polpa lisa e saudável

A polpa da juçara pode ser consumida diretamente ou utilizada no preparo de fermentados, néctares, sucos, geleias, iogurtes, sorvetes e produtos desidratados. “Tem um sabor um pouco mais suave que o açaí e vai muito bem em sobremesas e em blends para fazer drinks. Além disso, esse fruto possui maior capacidade antioxidante em sua composição, com maior teor de antocianinas, quando comparado ao açaí do norte, que é outra espécie. E esses compostos são muito interessantes, pois inibem os efeitos nocivos dos radicais livres e também podem ajudar a reduzir doenças inflamatórias. Então, assim como o açaí, produto que já faz parte da nossa alimentação, a Juçara, por esses fatores, tem grandes chances de se tornar cada vez mais importante e presente na nossa alimentação”, acredita Catie Godoy.

Legislação de produção

A publicação publicada também aborda a legislação referente ao processamento do palmito juçara, bem como a produção da polpa, que segue as mesmas instruções estabelecidas para o açaí. “Trazemos nesta publicação, principalmente atualizações de legislação, que é algo dinâmico na área de alimentos, e é sempre necessário estar atento à legislação, para ver se o que está sendo feito está adequado”, afirma Catie Godoy.

Espécie em extinção

A utilização da palmeira Juçara para alimentação, com foco na obtenção do palmito, ocorre desde a colonização do Brasil, atingindo seu auge extrativista no século XX. Para obter o palmito, é necessário cortar os indivíduos adultos, o que significa que o palmito juçara não volta a crescer após o corte. Segundo o pesquisador da Embrapa Florestas, Carlos Eduardo Sícoli Seoane, a proibição do corte do palmito Juçara foi estabelecida gradativamente, tendo em vista o enorme declínio populacional em todas as regiões de sua ocorrência natural, desde a década de 1970.” Diante disso, iniciaram-se as tentativas de regulamentação, infelizmente sem sucesso. Em 2013, a palmeira Juçara entrou na lista de espécies ameaçadas de extinção, sendo oficialmente considerada uma espécie vulnerável à extinção, e o corte do palmito de suas ocorrências naturais foi proibido em todo o Brasil”, afirma Seoane.

sistemas agroflorestais

Enquanto a extração de palmito juçara de populações naturais é proibida, é permitida a produção de palmito juçara a partir de plantios, como é o caso do palmito proveniente de sistemas agroflorestais (SAFs). Estes têm sido desenvolvidos junto às comunidades tradicionais do Vale do Ribeira-SP, visando a recuperação ambiental e o uso sustentável da espécie. Desde 2016, a Embrapa Florestas realiza um trabalho de pesquisa, desenvolvimento e inovação para gerar renda para agricultores familiares, quilombolas agrícolas, agricultores tradicionais e caiçaras, restaurando e preservando a Mata Atlântica.

O SAF, o cultivo combinado de colheitas e árvores, tem sido praticado por comunidades tradicionais há milênios em todos os continentes habitados. “No entanto, assim como nos SAFs ao redor do mundo, esses SAFs apresentam um gargalo produtivo quando a sucessão agroflorestal transita para a fase arbórea, justamente a mais perene e interessante para a restauração ecológica. Entendemos que o redesenho do SAFS, otimizando as cadeias produtivas agroalimentares, pode gerar paisagens restauradas, justas e geradoras de renda, em um mosaico de áreas conservadas e áreas produtivas em recuperação”, explica Seoane.

O trabalho é coordenado pelos pesquisadores da Embrapa Florestas Carlos Eduardo Seoane e Luis Froufe e é realizado em parceria com a Associação dos Produtores Agroflorestais de Barra do Turvo e Adrianópolis-Cooperafloresta, Associação dos Agricultores Familiares de Cajati – AAGFAM, Fundação Florestal de São Paulo , Instituto de Pesquisas Ambientais de São Paulo, Universidade Estadual Paulista – UNESP e Coordenação de Desenvolvimento Rural Sustentável – CDRS.



Fonte: Agro

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