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Produtores de leite à beira da falência após tempestade perfeita

    "Tempestade perfeita" ameaça falência de produtores no setor do leite

    Crise no setor lácteo ameaça pequenos produtores no Paraná

    Um cenário desafiador para a produção de leite no estado

    Medidas paliativas são anunciadas, mas o setor do leite continua em risco

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    Sumário

    1. Crise no segmento lácteo

    1.1. Produção de leite no Paraná

    1.2. Impacto da tempestade perfeita

    1.3. Medidas paliativas do governo

    2. Perigo para as propriedades

    2.1. Risco para os pequenos produtores

    2.2. Projeções de queda nos preços

    2.3. Tendências de consumo

    3. Reestruturação necessária

    3.1. Urgência de reestruturação na cadeia de produção

    3.2. Exemplos do setor da avicultura e suinocultura

    4. Produtores se reinventam

    4.1. Exemplo de medidas adotadas por produtores

    4.2. Busca por alternativas para resistir à crise

    Crise no segmento lácteo é intensificada pela falta de estrutura dos pequenos produtores| Foto: Departamento de Comunicação/Sistema Faep/Senar-PR

    Com 4,4 bilhões de litros por ano, o Paraná é o segundo maior produtor de leite do Brasil, respondendo por quase 13% da produção nacional em 2022. Mas a consolidação paranaense no campo está ameaçada pelo risco de debandada dos pequenos produtores impactados pela “tempestade perfeita” que atinge o setor do leite no estado.

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    Desde o início do ano, o setor do leite amarga prejuízos diante de preços pagos, que sequer cobrem os custos de produção em um cenário que é considerado o pior dos últimos 20 anos.

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    A dificuldade foi potencializada, segundo a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), pela redução do consumo interno e a explosão na importação de lácteos de países como Argentina e Uruguai, forçando a queda no preço. Atualmente, o preço pago pelo setor do leite pelo litro produzido no estado é de R$ 2,20, em média, mas o custo de produção ultrapassa os R$ 2,40.

    “Sempre importamos leite, mas na casa dos 3% ou 4%, neste ano saltamos para 10%, 12%. Valorizamos a boa convivência com nossos vizinhos e parceiros comerciais mas o aumento das importações tem prejudicado nossos produtores”, considera a técnica Nicolle Wilseck, do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema Faep/Senar.

    As medidas paliativas anunciadas pelo governo federal amenizaram as perdas, pontualmente, mas uma parte dos benefícios só terá efeitos práticos no setor do leite no primeiro bimestre de 2024.

    No último dia 18, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) editou um decreto que modifica as condições para utilização dos créditos presumidos de PIS/Pasep e de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), concedidos para quem integra o Programa Mais Leite Saudável do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

    Essa redução vale para indústrias, empresas e cooperativas para a compra do produto in natura mas a medida só entra em vigor em 90 dias. O objetivo, segundo o governo, é “fomentar a produção de leite in natura e promover o desenvolvimento da cadeia produtiva leiteira do Brasil”.

    70% das propriedades no Paraná estão em risco

    O temor no campo é principalmente com os pequenos produtores que representam 7 em cada 10, das 87 mil propriedades destinadas à bovinocultura de leite no estado do Paraná. “Temos avaliado que a tecnificação é o que vai segurar os produtores. Infelizmente, a tendência é que os menores deixem o segmento”, lamenta Nicolle Wilseck.

    Outro balde de água fria nesta semana é a projeção de queda de 5,33% nos preços para outubro, segundo o Conseleite-Paraná, que é uma associação que reúne representantes de produtores rurais e de indústrias de laticínios que processam a matéria-prima.

    “Se esperava uma estabilidade. No entanto, mais uma vez a projeção para queda nos preços. Pela resolução o litro de leite pago ao produtor é de R$ 2,20, mas têm relatos de produtores recebendo R$ 1,80 enquanto o custo de produção está, em média, a R$ 2,42 por litro no Paraná”. compara.

    O cenário que se espera para os próximos meses é de, ao menos, uma estabilidade nos preços e a esperança está em um aumento do consumo dos lácteos com a injeção do 13º salário na economia e as festas de final de ano. Por outro lado, há uma queda sazonal resultado das férias escolares, quando não há consumo nas unidades educacionais.

    “São dois cenários controversos que impactam diretamente no setor. Com altas temperaturas, as pessoas consomem menos o café com leite e os queijos e vinhos,que são mais procurados no inverno. Considerando isso, esperamos um cenário de queda ou de estabilidade nos próximos meses”, projeta Nicolle.

    A técnica ainda lembra que o segmento já vinha sendo castigado há pelo menos três anos, com dificuldades provocadas pelo aumento de custo da produção e a elevação do preço das commodities.

    Setor de lácteos precisa de reestruturação

    Para a técnica da Faep, Nicolle Wilseck, a produção de leite no Paraná precisa passar por uma reestruturação de toda a cadeia. “É possível observar que a produção em escala diminui custos produtivos e é a tendência”, pondera.

    Das 87 mil propriedades leiteiras no Paraná, segundo o IBGE, 57 mil comercializam para a industrialização. “Isso significa que um terço da produção está nas mãos da informalidade, pessoas que produzem para subsistência, para o queijo de consumo ou venda [informal]. A tendência é que esses produtores sejam mais afetados.”

    Nicolle ressalta que o setor precisa se organizar como fizeram os segmentos da avicultura e da suinocultura no estado com a integração à indústria. “A estruturação depende da cadeia, de como ela vai se organizar mas já temos exemplos positivos do que dá certo, como o pool nos Campos Gerais”, destaca.

    O pool recolhe três milhões de litros por mês para destinação a sete cooperativas. Deste total, 90% são comercializados para empresas terceiras. “Essa organização de coleta em grandes volumes é tendência a ser copiada.”

    Produtores se
    reinventam diante de cenário caótico

    A Faep relata que produtores estão se adaptando e buscando a reestruturação. Um dos exemplos é de Itapejara d’Oeste, no Sudoeste do Paraná, onde está a maior bacia leiteira estadual em volume. O bovinocultor Douglas Oliveira busca alternativas para resistir e passou a processar 15% da produção em um laticínio próprio, como leite pasteurizado de pacote, mas as medidas vão além.

    “Comecei a reduzir o custo. Antes, a gente dava caroço de algodão para os animais, agora não. Isso baixou um pouco a gordura do leite, mas o custo diminuiu. Também reduzimos a frequência de visita do veterinário e tivemos que demitir um funcionário”, detalha Oliveira, que conta com 89 vacas em lactação.

    Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]

    Crise no setor lácteo do Paraná: pequenos produtores em risco

    Com 4,4 bilhões de litros por ano, o Paraná é o segundo maior produtor de leite do Brasil, com quase 13% da produção nacional em 2022. No entanto, a consolidação paranaense no campo está ameaçada, em meio à “tempestade perfeita” que atinge o setor do leite no estado.

    Desde o início do ano, o setor do leite enfrenta prejuízos decorrentes de preços pagos que não cobrem os custos de produção. Esse cenário é considerado o pior dos últimos 20 anos. Como resultado, a dificuldade foi agravada pela redução do consumo interno e pelo aumento das importações de lácteos de países como Argentina e Uruguai, forçando a queda no preço. Atualmente, o preço médio pago pelo litro de leite produzido no estado é de R$ 2,20, enquanto o custo de produção ultrapassa os R$ 2,40.

    Apesar das medidas paliativas anunciadas pelo governo federal, as perdas no setor do leite só terão efeitos práticos no primeiro bimestre de 2024. Além disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva editou um decreto que modifica as condições para utilização dos créditos presumidos de PIS/Pasep e de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), concedidos para quem integra o Programa Mais Leite Saudável do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). No entanto, essa medida só entrará em vigor em 90 dias.

    O temor no campo gira em torno dos pequenos produtores, que representam 70% das 87 mil propriedades destinadas à bovinocultura de leite no estado do Paraná. A projeção de queda de 5,33% nos preços para outubro é mais um motivo de preocupação, visto que o litro de leite pago ao produtor é de R$ 2,20, mas há relatos de produtores recebendo apenas R$ 1,80, enquanto o custo de produção está em média a R$ 2,42 por litro no Paraná.

    Com a expectativa de estabilidade nos preços nos próximos meses, a esperança está em um aumento do consumo dos lácteos com a injeção do 13º salário na economia e as festas de final de ano. No entanto, há uma queda sazonal resultado das férias escolares, quando não há consumo nas unidades educacionais.

    O setor de lácteos enfrenta a necessidade de reestruturação, como enfatiza a técnica da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Nicolle Wilseck. Segundo ela, a produção em escala pode diminuir os custos produtivos, e cerca de um terço da produção está nas mãos da informalidade, pessoas que produzem para subsistência, consumo ou venda informal. Portanto, é essencial que o setor se reorganize, se inspirando nos exemplos positivos de integração à indústria vistos em outros segmentos agrícolas no estado.

    Produtores de leite estão se adaptando e buscando reestruturação para enfrentar o cenário desafiador. As medidas tomadas incluem a produção em laticínios próprios e a redução de custos. No entanto, o setor de lácteos do Paraná continua enfrentando desafios significativos, e é fundamental para sua sobrevivência que ações efetivas sejam tomadas em direção à reestruturação e sustentabilidade a longo prazo.

    Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo

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