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Produtividade da soja cresce até 20% em consórcio de capim com crotalária

    Produtividade da soja cresce ate 20 em consorcio de capim

    Pesquisa da Embrapa Agropecuária Oeste (MS) realizada em seis municípios do Mato Grosso do Sul, e validada por produtores rurais, mostra que o consórcio de capim forrageiro com crotalária (leguminosas de cobertura) resulta em aumento de produtividade de até 20% em a safra de soja

    Além disso, aumenta a quantidade e a qualidade da biomassa produzida pelas plantas e promove a fixação biológica de nitrogênio (FBN) no solo, combinando vantagens econômicas e ambientais.

    A inclusão de leguminosas no sistema também é uma alternativa para a produção de palha e, no caso da crotalária (dependendo da espécie), há a possibilidade de pastoreio em sistemas integrados. “O BNF, fornecido pelas leguminosas, impacta positivamente os custos de produção no médio prazo”afirma o pesquisador Rodrigo Arroyo Garcia.

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    As crotalárias utilizadas na pesquisa foram C. juncea, C. ochroleuca e C. spectabilis. As gramíneas forrageiras foram Brachiaria ruziziensis, Brachiaria brizantha (cv. Xaraés) e Panicum maximum (cultivares Tamani e Zuri).

    Outra vantagem foi a expressiva produção de biomassa para sistema de produção consorciada, ultrapassando 7.000 kg por hectare (kg/ha) na entressafra, próximo a cerca de 8.000 kg/ha para capim solteiro. Além da quantidade, a qualidade da biomassa também é relevante. Em alguns experimentos, a crotalária contribuiu com mais de 2 toneladas por hectare em cerca de cem dias.

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    Segundo o investigador Luís Armando Zago Machado, os dados foram obtidos em sistemas de produção com diferentes finalidades e diferentes condições edafoclimáticas, “desde parcelas de renovação de pastagens e implantação de sistemas integrados, até áreas com longa história de cultivo de soja/milho”explica.

    Os seis municípios onde foram realizados os experimentos foram: Dourados, Naviraí, Rio Brilhante, Nova Andradina, Vicentina e Ponta Porã. “Em Dourados, Naviraí e Rio Brilhante, o consórcio de capim forrageiro com crotalária foi uma alternativa para diversificar o sistema de produção de grãos na entressafra da soja. Em outros municípios, o consórcio era uma prática adicional para a renovação dos pastos”acrescenta o analista Gessí Ceccon.

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    Produtividade da soja cresce até 20% em consórcio de capim com crotalária 2

    Nos municípios onde foi implantado o sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP), a produção de biomassa foi menor do que nas lavouras tradicionais, mas Zago explica que “A amostragem das plantas foi feita com antecedência, pois houve pastejo na sequência. Além disso, as condições químicas do solo não eram ideais, pois a correção havia acabado de ser realizada.”🇧🇷

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    Combinação de espécies

    O produtor deve ficar atento ao uso de sementes de qualidade. No caso das leguminosas, sementes de baixo vigor “resultam em plantas dominadas por gramíneas já em estágios iniciais, inviabilizando o consórcio”, diz Ceccon. Garcia explica que a crotalária é uma espécie de dias curtos, então quanto mais tarde essas leguminosas forem semeadas na entressafra, menor o potencial de produção de biomassa.

    A escolha da espécie para cultivo depende do objetivo. C. spectabilis não é recomendado para pastejo, pois é tóxico para o gado. No caso da ocorrência de nematoides, há uma grande diferença entre as espécies de crotalária. “Em geral, C. spectabilis é mais eficiente, seguida por C. ochroleuca e C. juncea. Por sua vez, C. spectabilis é mais suscetível ao mofo branco”pondera Zago.

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    implantação de soja

    Durante a entressafra, os animais controlam o forrageamento pisoteando ou alimentando-se. C. ochroleuca e C. juncea possuem baixa capacidade de rebrota, o que facilita a implantação da soja em sucessão. Zago chama a atenção para o cultivo em consórcio voltado apenas para a produção de biomassa na entressafra da soja, “pois o crescimento excessivo de plantas forrageiras, como algumas cultivares de Brizantha e Panicum, pode dificultar sua implantação.”

    Para controlar o crescimento da forragem e evitar a produção de sementes de leguminosas, a indicação é a poda mecânica da parte aérea, com roçadeira, triton ou rolo faca, cerca de cem dias após a semeadura.

    Os pesquisadores afirmam que “Os maquinários existentes e as tecnologias já adotadas pelo produtor rural, independentemente do tamanho da propriedade e do nível de investimento, são adequados, e eventuais pequenos ajustes possibilitam a utilização do consórcio nas áreas produtivas avaliadas no Mato Grosso do Sul ”🇧🇷

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    Produtores comprovam bons resultados na prática

    O gerente técnico do Grupo Agropecuária Palmares, Franklyn Guimarães, conta que o Grupo trabalha com agricultura há mais de 30 anos, na região de São Gabriel do Oeste, MS, e em Itiquira, MT. No total, são quatro propriedades de 8.500 hectares, 2.500 hectares, 2.200 hectares e 1.400 hectares.

    Em São Gabriel do Oeste, antes da introdução da pesquisa pela Embrapa Agropecuária Oeste, o sistema de produção utilizado era o da sucessão soja/milho e soja/braquiária. Atualmente, o consórcio entre Crotalaria Jjuncea e Crotalaria Oochroleuca com Brachiaria ruziziensis é adotado em 700 hectares na entressafra.

    Segundo Guimarães, em 2022 foi plantada a primeira safrinha com tecnologia da Embrapa, mas já foi possível observar bons resultados na melhoria do solo, com aporte de nitrogênio pelo BNF. “Os resultados parciais da solução tecnológica apontam para uma tendência de aumento de área na próxima safra de soja. Recomendo a outros produtores”enfatiza.

    Por Sílvia Zohe Borges/ Embrapa Agropecuária Oeste

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    Fonte: Noticias Agricolas