É difícil encontrar alguém que não queira carne vermelha assada na grelha, não é mesmo? Não é à toa que o churrasco é popular não só entre os brasileiros, mas também é o prato preferido dos estrangeiros quando visitam nosso país. Mas afinal, posso consumir carne vermelha durante a gravidez?
Estudos comprovam que a carne vermelha deve fazer parte da dieta. Para a professora Lorena Fonseca, do Departamento de Alimentação e Nutrição da UFMT, durante a gravidez a alimentação da mulher deve ser nutricionalmente balanceada para garantir o consumo de todos os nutrientes necessários manutenção da saúde da mãe e para o desenvolvimento e crescimento do feto. Nesse caso, você deve incluir no cardápio alimentos vegetais, como frutas; as hortaliças e leguminosas; cereais como arroz; leguminosas, como feijão; e alimentos de origem animal, como ovos; O leite; e carnes brancas e vermelhas. “Esses alimentos devem ser a base da dieta da gestante, não sendo recomendado a exclusão de nenhum deles.”, avisa Lorena.
A capitã da Polícia Militar de Mato Grosso, Raissa Helena Borges, grávida de seis meses, espera seu primeiro filho, ligará para André. Durante a semana sua dieta é baseada em legumes e verduras. Mas, essa dieta é quebrada no fim de semana quando ela vai visitar seus sogros.
“Delicio-me com pratos feitos de carne ao molho, rosbife e o mais especial, o famoso churrasco. É quando eu mato aquela vontade de comer carne vermelha”, diz Raissa, sem esconder sua felicidade em um sorriso largo. Ela disse que adota uma dieta livre e que a única orientação do ginecologista é moderar a quantidade para não ganhar muito peso.
Mitos e verdades sobre a carne vermelha
Muitas vezes, a população vive um dilema diante do bombardeio de informações, principalmente nas redes sociais, com ideias contraditórias sobre carne vermelha e nutrição. Para rebater os ataques, a Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB) lançou uma campanha mostrando os benefícios da carne vermelha para a saúde humana, principalmente durante a gestação.
A peça publicitária destaca que a carne vermelha é um alimento fundamental e vital para a saúde humana, principalmente na fase fértil da mulher. “Se somos essas pessoas inteligentes hoje com tantas ações positivas, devemos isso à carne vermelha.”, destacou o pecuarista Nabih Amin El-Aouar, presidente da ACNB.
A empresária Daniele Delgado, prestes a dar à luz o quarto filho, come carne vermelha, cozida ou assada, todos os dias da semana. “Na primeira gravidez tive dificuldades em comer carne vermelha, depois de ter ferritina baixa (início da anemia) intensifiquei o consumo e consegui voltar ao normal sem usar medicação.”, destacou Daniele.
A nutricionista Lorena Fonseca chama a atenção das gestantes para um cuidado especial com o consumo de carne mal cozida, pois ela não atinge a temperatura interna para eliminar microrganismos que podem causar doenças, como o protozoário causador da Toxoplasmose, doença que pode ser transmitida para o feto, levando a aborto e danos neurológicos. “Por isso, deve-se sempre consumir carnes bem assadas e bem cozidas e higienizar vegetais crus com hipoclorito de sódio.”, avisa Lorena.
Essa recomendação já foi adotada na dieta da estudante de jornalismo Jéssica Ferraz, que está no quarto mês de gravidez, esperando seu segundo filho. “Adoro comer carne vermelha, cozida, assada, frita, e faz parte da minha alimentação diária, como quase todos os dias. Mas, por conselho médico, eu simplesmente não como carne mal passada”, diz Jéssica.
A professora Lorena Fonseca, do Departamento de Alimentação e Nutrição da UFMT, também destaca que as necessidades nutricionais durante a gravidez são aumentadas quando comparadas a uma mulher não grávida da mesma faixa etária. “Por exemplo, a necessidade nutricional diária de ferro para mulheres adultas é de 18 mg e para mulheres grávidas é de 27 mg (IOM, 2001). O ferro desempenha diversas funções em nosso organismo, como a síntese de glóbulos vermelhos (glóbulos vermelhos) e o transporte de oxigênio no organismo. A ingestão insuficiente de ferro pode levar à deficiência de ferro, causando anemia.”, destacou Lorena.
Lorena informou ainda que além da suplementação de ferro ser essencial durante a gravidez (sempre recomendada pelo nutricionista ou médico), é muito importante garantir o consumo diário de alimentos fontes de ferro. Dentre esses alimentos podemos destacar as carnes vermelhas, principalmente miúdos (fígado e vísceras), aves, suínos e peixes.
“Esses alimentos contêm ferro heme, que é melhor absorvido pelo organismo. Legumes e vegetais folhosos verde-escuros, como feijão e lentilha, também são ricos em ferro, mas contêm ferro não-heme, um tipo de ferro com baixa biodisponibilidade, e por isso é recomendado consumi-los em associação com alimentos que sejam fontes da vitamina. C, que é capaz de melhorar a biodisponibilidade do ferro não-heme”, garantiu o professor da Faculdade de Nutrição da UFMT.
recomendações
Por isso, recomenda-se o consumo de carne vermelha durante a gravidez, pois esse alimento é fonte de nutrientes importantes, como ferro, vitaminas do complexo B, zinco e proteínas. No entanto, recomenda-se a escolha de cortes magros em preparações grelhadas ou assadas devido ao alto teor de gordura saturada presente nas carnes. Uma alimentação nutricionalmente balanceada deve ser variada ao longo dos dias, assim, o consumo de carnes vermelhas deve ser intercalado com o consumo de carnes brancas e outras fontes de proteína ao longo da semana.
Lorena Barbosa Fonseca é Professora Adjunta II da Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Doutora em Saúde Pública pela UFMT, Mestre em Ciências da Nutrição pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e graduada em Nutrição pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).
Por: Márcio Moreira – AGRONEWS BRASIL
