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Observatório da FGV Bioeconomia lança relatório de descarbonização em…

O Observatório do Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da Fundação Getulio Vargas (FGV) acaba de lançar o painel de descarbonização em

matriz de combustíveis leves. O objetivo é acompanhar trimestralmente a dinâmica do consumo de combustíveis no Brasil, com especial atenção para a análise e compreensão dos efeitos da bioenergia na redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE). Entre os resultados, as emissões de GEE na matriz de combustíveis leves atingiram 27,30 milhões de toneladas de CO2eq no terceiro trimestre de 2022, apresentando um crescimento de 6,52% em relação ao montante emitido no mesmo período de 2021 (25,63 milhões de toneladas de carbono equivalente), devido ao aumento do consumo de combustíveis leves no Brasil e à maior participação da gasolina na matriz.

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O estudo revela ainda que no terceiro trimestre daquele ano, 416,06 bilhões de MJ foram consumidos por veículos leves, representando um aumento de 5,74% em relação ao consumo de energia registrado no mesmo período de 2021, ou seja, apesar do ganho de eficiência energética ambientais na produção de biocombustíveis, o aumento do consumo e a diminuição da participação das renováveis ​​na matriz nacional promoveram o crescimento das emissões de GEE no terceiro trimestre de 2022.

Por outro lado, as emissões de GEE evitadas pela presença da bioenergia melhoraram 3,46% no terceiro trimestre daquele ano. Como resultado, 9,06 milhões de toneladas de CO2eq deixaram de ser lançadas na atmosfera. Para ter o mesmo resultado em termos de emissões evitadas de GEE, seria necessário plantar 22.100 hectares de árvores nativas.

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“O Brasil tem uma condição diferenciada no setor de transporte pela relevante participação da bioenergia e pela oferta de biocombustíveis com pegada de carbono auditada. A análise desenvolvida no estudo permitirá o monitoramento periódico das emissões de GEE neste setor, identificando ganhos de eficiência ambiental na produção de biocombustíveis, os impactos de políticas públicas e a adoção de estratégias empresariais diferenciadas neste mercado”, explicam os autores do relatório de descarbonização na matriz de combustíveis e pesquisadores do Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da FGV, Luciano Rodrigues, Fernanda Valente e Sabrina Matos.

Certificação e intensidade carbônica de biocombustíveis

A intensidade média de carbono (IC) do etanol anidro comercializado no terceiro trimestre de 2022 atingiu 26,48 gCO2eq/MJ, registrando uma queda de 1,19% na comparação com o IC verificado no mesmo período do ano anterior. No caso do etanol hidratado, o índice registrado, na mesma base comparativa, chegou a 28,54 gCO2eq/MJ, com redução de -0,94% na comparação com o valor registrado no mesmo período do ano passado.

Essa redução no IC dos biocombustíveis está relacionada ao ganho de eficiência energética ambiental observado pelas empresas que recertificaram sua produção. Até o final do trimestre, cerca de 65 unidades produtivas haviam realizado uma nova certificação de produção. Desse total, 46 empresas apresentaram ganhos de eficiência energético-ambiental e, consequentemente, redução da intensidade carbônica do biocombustível produzido.

Vale ressaltar que, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), 284 unidades produtoras de etanol foram certificadas até o final do terceiro trimestre de 2022. Essas empresas são responsáveis ​​por cerca de 90% da produção nacional produção de biocombustível.

Participação energética dos combustíveis no Brasil

O relatório mostra ainda que, apesar do ganho de eficiência energético-ambiental dos biocombustíveis, a intensidade média da matriz de combustíveis leves (emissões de GEE por gasolina e etanol) piorou 0,74% no terceiro trimestre de 2022. IC da matriz de combustíveis leves atingiu 65,62 gCO2eq/MJ no trimestre deste ano, ante 65,14 gCO2eq/MJ no mesmo período do ano passado.

Essa condição se deve à queda da participação energética do etanol na matriz nacional. Em 2022, a participação de mercado dos biocombustíveis na energia total consumida pelos veículos leves totalizou 36,43% no terceiro trimestre, apresentando leve queda na comparação com o índice apurado no ano anterior (37,45%).

O aumento da participação da gasolina na matriz no terceiro trimestre de 2022 foi causado pela perda de competitividade do biocombustível e pela menor oferta de cana-de-açúcar para moagem até o período avaliado. A deterioração da competitividade do etanol deveu-se à redução dos preços da gasolina e, principalmente, às mudanças tributárias observadas no início do terceiro trimestre, que reduziram parcialmente a diferenciação tributária entre os referidos combustíveis fósseis e renováveis.

Intensidade média de carbono (gCO2eq/MJ) nas unidades federativas

Entre os estados brasileiros, a variação da intensidade média de carbono dos combustíveis leves é bastante elevada. Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e São Paulo

são os Estados com maior presença de bioenergia e com menor quantidade de emissões de GEE provenientes da queima de um megajoule de energia por veículos leves.



Fonte: Noticias Agricolas

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