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O papel da Embrapa no desenvolvimento do trigo no Brasil

    O papel da Embrapa no desenvolvimento do trigo no Brasil

    Ganhos de eficiência, redução de custos de produção, rentabilidade e expansão da área agrícola são alguns dos resultados gerados pela Embrapa em cinco décadas de existência.

    São 124 cultivares de trigo, 21 de cevada, 16 de triticale, 4 de aveia e 3 de centeio disponibilizadas para a agricultura e pecuária desde a criação do Embrapa Trigo, centro de pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que ser concluído no dia 26. e abril 50 anos de existência. O programa de melhoramento genético de cereais de inverno conduzido pela Embrapa tem sido decisivo para o crescimento das lavouras de inverno nos mais diversos ambientes do país e demonstra a contribuição da empresa para que o Brasil tenha alcançado produtividades recordes nos últimos anos.

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    No trigo, foram desenvolvidas cultivares para os mais diversos usos, como a fabricação de pães, massas, biscoitos e bolachas, além do trigo para alimentação animal na forma de grãos ou forragem em conserva. Atualmente, de cada dez cultivares de trigo que estão no mercado, sete possuem germoplasma da Embrapa.

    Com a contribuição da pesquisa, a produtividade média do trigo cresceu 5 vezes nas lavouras brasileiras. Na safra de 2022, a produtividade variou de 3.000 kg/ha (cultivo irrigado) a 10.000 kg/ha (irrigado), resultado do desenvolvimento de cultivares com ampla adaptação, estabilidade de rendimento e resistência a doenças, possibilitando a consolidação e expansão do cereal de inverno no país, além da redução do uso de defensivos e aumento da lucratividade do produtor.

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    No início dos anos 2000, a produção de trigo atendia a 30% da demanda nacional. Na safra de 2022, a produção atendeu a 83% da demanda. Em um cenário de contínuo crescimento de área e manutenção dos índices de produtividade nas lavouras, a autossuficiência em trigo pode ser alcançada nos próximos anos.

    Do gado ao grão

    A Embrapa Trigo foi criada em 28 de outubro de 1974, em Passo Fundo, RS. Nessas cinco décadas, pesquisas voltadas para a intensificação do uso da terra e a sustentabilidade da produção de cereais de inverno fizeram a história da agricultura brasileira, avançando da Região Sul para as novas fronteiras agrícolas do país.

    A criação desse centro de pesquisa revolucionou a paisagem rural da Região Sul na década de 1970, com a substituição gradual de extensas lavouras de pecuária, em solos ácidos e cobertos por capim-barbeiro, por lavouras de grãos e cultivo de pastagens para abastecimento da pecuária. . “A criação da Embrapa Trigo teve como objetivo reduzir a dependência externa brasileira do trigo. As importações oneram os cofres públicos e a escassez desse cereal ameaça a segurança alimentar da população”, diz o pesquisador Gilberto Cunha.

    Segundo ele, nas primeiras tentativas de se produzir trigo no sul do Brasil, seja importando sementes ou aproveitando as trazidas pelos imigrantes europeus, principalmente quando se tratava de trigo de inverno, as lavouras acabaram dizimadas, seja por doenças, toxicidade do solo ou falta de frio para completar o ciclo.

    Com a missão de viabilizar soluções tecnológicas para o desenvolvimento sustentável do agronegócio de trigo e outros cereais de inverno no Brasil, a Embrapa Trigo dedicou-se inicialmente à criação de um programa de melhoramento genético, além da introdução de linhagens de trigo trazidas do Centro Internacional de Melhoramento de Milho e Trigo (CIMMYT), com sede no México, onde também foram treinados os primeiros pesquisadores que chegaram à Embrapa.

    Superada a adaptação genética, cultivares brasileiras de trigo começaram a ser desenvolvidas visando o aumento da produtividade, evoluindo para o uso racional de recursos, competitividade em qualidade tecnológica e geração de renda nos diversos elos da cadeia. Atualmente, as pesquisas estão alinhadas com as novas tendências de consumo, promoção da saúde e preservação do meio ambiente.

    Marcos de pesquisa

    A Embrapa Trigo é uma empresa referência na história do plantio direto no Brasil. As primeiras lavouras com plantio direto na palha, adaptação de máquinas e capacitação de agricultores começaram no norte do Rio Grande do Sul, onde está localizada a Unidade. Nos últimos anos, novos problemas associados ao manejo do solo exigiram uma revisão das práticas em uso, levando ao novo conceito de sistema de plantio direto, que tem uma visão mais ampla envolvendo, além do mínimo revolvimento do solo e semeadura na palha, também a cultura rotação e cultivo permanente do solo, sistema colheita-semeadura, em associação com outras práticas de conservação do solo e da água que têm sido amplamente difundidas junto com a assistência técnica e a extensão rural.

    O programa de controle biológico de pulgões em trigo ainda é reconhecido como um caso de sucesso pela comunidade científica mundial. Criado em 1978, por meio de uma parceria entre pesquisadores da Embrapa Trigo e da Universidade da Califórnia, o trabalho baseou-se na introdução de inimigos naturais nas lavouras de trigo brasileiras, especialmente uma espécie de vespa capaz de parasitar o pulgão, principal praga do trigo na década de 1990. 1970.

    Os parasitóides foram criados em larga escala no laboratório de entomologia da Embrapa Trigo e soltos no campo. A redução no uso de inseticidas chegou a 855 mil litros por ano. Ainda hoje, os danos causados ​​por pulgões não são significativos, mostrando que o controle biológico de pulgões em trigo ainda é ativo no ambiente. Agora as pesquisas estão voltadas para o monitoramento de pulgões e desenvolvimento de cultivares com resistência genética a vírus transmitidos por insetos.

    Para atender o crescente mercado de proteína animal, foram desenvolvidas as primeiras cultivares de trigo de duplo propósito, disponibilizadas de forma inédita pela Embrapa Trigo em 2002, com o objetivo de ampliar a oferta de forragem para um rebanho de 25 milhões de cabeças existente na Região Sul. Com ciclo mais longo, o trigo biuso permite a alimentação dos animais em épocas de escassez de forragem, possibilitando o pastoreio no outono e inverno, com posterior colheita do grão ou silagem.

    A tecnologia resultou no aumento da produção média de leite de diversas propriedades da agricultura familiar, passando de 10 kg de leite/vaca/dia para mais de 20 kg de leite/vaca/dia. Technology deu início a novas linhas de pesquisa voltadas para o forrageamento animal com o lançamento das cultivares de trigo, triticale, centeio, aveia e cevada.

    Qualidade ao gosto do consumidor

    Com o fim da intervenção estatal na compra do trigo no início da década de 1990, o setor passou a sofrer pressão por atributos de qualidade de acordo com os parâmetros utilizados no mercado internacional. Assim, acompanhando o aumento da produtividade das lavouras brasileiras que configuraram novos cenários para a cultura, foi necessário adequar o sistema de produção às exigências do consumidor.

    O desenvolvimento de cultivares, até então dominadas por trigos moles, foi rapidamente substituída por trigos panificadores e melhoradores, com qualidade tecnológica equivalente a grãos importados da Argentina ou do Canadá. Até hoje, a crescente demanda por produtos industrializados com características específicas para consumo humano (macarrão amarelo, pão branco, biscoito crocante, papinhas e espessantes) e para ração animal (maior teor de proteínas, fibras e aminoácidos) tem norteado a seleção de cultivares que será usado nos campos.

    novas fronteiras

    O avanço da soja para o Centro-Oeste do Brasil levou consigo o trigo. O programa de melhoramento genético do trigo para o Cerrado foi intensificado na Embrapa na década de 1980, com a oferta das primeiras cultivares alguns anos depois. O foco das pesquisas na época era o sistema de produção, como ele se encaixava na rotação de culturas da região, zoneamento climático, identificação de possíveis pragas e doenças na região tropical, disponibilidade de maquinários e insumos.

    Em 2012, a Embrapa instalou o Núcleo Avançado Trigo Tropical em Uberaba, MG, onde uma equipe de pesquisadores e auxiliares desenvolve ações de melhoramento genético, manejo e transferência de tecnologia para o trigo tropical.

    Outro importante apoio está na Embrapa Cerrados, em Planaltina, DF. Com apoio de pesquisas e um setor produtivo mais bem organizado, o trigo expandiu-se rapidamente e tem o cultivo recomendado para os estados de SP, MG, MS, MT, BA, GO, DF. Novas fronteiras nas regiões Norte e Nordeste do Brasil estão sendo exploradas por pesquisas em parceria com produtores, indústria de moagem e institutos federais de pesquisa. Um levantamento da Embrapa Territorial mapeou 2,7 milhões de hectares na região do Cerrado que podem ser cultivados com trigo, sem a necessidade de abrir novas áreas.

    No Rio Grande do Sul, hoje o maior produtor de trigo do país, novas fronteiras também estão sendo abertas para o cereal. O avanço da soja na metade sul do estado abriu espaço para a triticultura, seja para produção de grãos ou como forragem para engorda do gado no inverno. Sistemas de drenagem em áreas de várzea, em rotação com arroz e milho, estão sendo desenvolvidos em parceria com a Embrapa Clima Temperado, assim como modelos de ILPF com cereais de inverno são avaliados em conjunto com a Embrapa Pecuária Sul.

    Segurança alimentar

    O melhoramento genético tem buscado mitigar o problema de qualidade nutricional do trigo, aumentando a concentração de proteína e um balanço mais adequado de aminoácidos no grão. Os principais avanços estão associados à menor concentração de Ácido Fítico, o que implica em farinhas de trigo com maior concentração de Fósforo, Magnésio e Manganês, reduzindo assim o uso de aditivos durante o processamento dos alimentos. “Alimentos de qualidade e uma oferta capaz de atender o mercado brasileiro e internacional é o que move a Embrapa Trigo rumo ao futuro”, conclui o Gerente Geral da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski.

    Números

    Hoje, a Embrapa Trigo conta com uma equipe de 178 funcionários, trabalhando em sua sede em Passo Fundo, RS; na unidade de Coxilha, RS; na Embrapa Cerrados e no Núcleo Avançado Trigo Tropical, em Uberaba, MG.



    Fonte: Noticias Agricolas