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O feriado impactou os preços da soja?

    O feriado impactou os precos da soja

    Os preços da soja em Chicago, nesta curta semana de dois feriados (segunda-feira, nos EUA; e quarta-feira, no Brasil), recuaram um pouco, após ensaiarem uma tentativa de recuperação na semana anterior. Com isso, o bushel fechou quinta-feira (08) cotado a US$ 14,70, pelo primeiro mês cotado, contra US$ 14,72 da semana anterior.

    Há três razões principais para a pressão baixista em Chicago: a proximidade da nova safra nos EUA, onde se projeta um possível recorde de produção (teremos o novo relatório de oferta e demanda do USDA no próximo dia 12/09); a decisão do governo argentino de implementar a chamada “troca do produtor” ou “troca da soja”, que provocou um aumento nas vendas de soja naquele país; e a nova queda nas importações chinesas de soja em agosto.

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    Quanto à produção norte-americana, o USDA indicou que, até 04/09, a safra de soja do país permaneceu em 57% entre bom e excelente, com o mercado esperando 56%. Lembrando que no ano passado o índice também foi de 57%. Por outro lado, 10% das lavouras estavam em fase de maturação, contra 14% na média histórica.

    Por sua vez, os embarques de soja dos EUA, na semana encerrada em 1º de setembro, atingiram 495.845 toneladas, dentro das projeções do mercado.

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    Com relação ao câmbio na Argentina, o governo local criou um novo tipo de câmbio, este voltado para os produtores de soja do país, visando a venda de seus estoques, a fim de aumentar as exportações do país. Esse incentivo, que começou na última segunda-feira (05/09), deve durar até 30/09. Assim, até o final do mês, os produtores poderão exportar soja a uma taxa de câmbio de 200 pesos por dólar, valor bem acima da taxa oficial, que é de 139 pesos. Até o final de agosto, os agricultores da Argentina haviam vendido quase 52% da safra 2021/22, que foi de 44 milhões de toneladas de soja. No primeiro dia do novo câmbio, cerca de um milhão de toneladas da oleaginosa foram vendidas, um recorde. Essa nova realidade no país vizinho está fazendo com que os preços da soja em Chicago caiam, e essa pressão deve continuar nas próximas semanas, dependendo do volume comercializado pelos produtores argentinos. Do lado das indústrias exportadoras, os preços pagos ao produtor subiram 41,1% entre os dias 1 e 5 de setembro, ou seja, em dois dias úteis. No segundo dia do novo câmbio, as vendas de soja no interior da Argentina atingiram o maior volume em cinco anos e meio. Assim, em dois dias de “troca da soja” o produtor local vendeu 2,13 milhões de toneladas, contra apenas 667 mil toneladas em toda a semana anterior (cf. Bolsa de Rosário). Vivenciando uma crise econômica contínua e profunda, marcada por alta inflação, o governo argentino tenta aumentar suas reservas em dólares para cumprir os termos de um acordo de dívida de US$ 44 bilhões com o Fundo Monetário Internacional. E as exportações do complexo soja argentino são fundamentais para isso. No entanto, como a medida afetou apenas a soja, os demais setores agrícolas argentinos criticaram fortemente a medida.

    E no caso da China, suas importações de soja, em agosto, caíram 24,5% em relação ao mesmo mês de 2021. Suas compras chegaram a 7,17 milhões de toneladas do grão no mês passado. Este é o menor volume para o mês de agosto desde

    2014, tendo sido também um volume inferior ao importado em julho, que atingiu 7,88 milhões de toneladas. Com a alta dos preços da soja em Chicago, em alguns momentos, os chineses deixaram de importar, pois suas margens de moagem continuam fracas, depois de ensaiar uma recuperação. Em 05/09, a indústria de moagem chinesa perdeu US$ 74,80 para cada tonelada moída de soja. Entre janeiro e agosto, a China importou 61,33 milhões de toneladas da oleaginosa, queda de 8,6% em relação ao mesmo período do ano passado.

    No Brasil, com o câmbio operando em torno de R$ 5,20 por dólar, a queda em Chicago acabou pressionando os preços domésticos da soja, deixando o mercado com pouco movimento. A média gaúcha, no balcão, fechou a semana a R$ 173,78/saca, enquanto os principais mercados do estado operaram a R$ 171,00/saca. Nos demais mercados nacionais, os preços variaram entre R$ 160,00 e R$ 167,00/saca.

    O mercado já começa a ficar atento ao novo plantio nacional. Nesse sentido, Mato Grosso indica que a safra futura, que começa a ser semeada em setembro, poderá chegar a 41,5 milhões de toneladas, se o clima colaborar. Esse volume seria 1,6% superior ao colhido na safra passada. A área total a ser plantada alcançaria 11,81 milhões de hectares, um aumento de 2,9% em relação ao ano anterior. (cf. Imea)

    Em termos nacionais, a futura safra brasileira de soja deverá atingir algo entre 148 e 151 milhões de toneladas, se o clima for positivo.

    A análise é do Centro Internacional de Análise Econômica e Estudos do Mercado Agrícola – CEEMA



    Fonte: Agro