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Mercado recebe Lula com alta do dólar e queda das ações da Petrobras por…

    Mercado recebe Lula com alta do dolar e queda das scaled

    Por Paula Arend Laier e Luana Maria Benedito e Anthony Boadle

    BRASÍLIA (Reuters) – O mercado brasileiro reagiu com o dólar e os juros futuros em alta e as ações em queda no primeiro pregão após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em meio às conhecidas promessas de priorizar questões sociais e combater as desigualdades, enquanto estendia as isenções de combustível e suspendia as privatizações.

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    Esta tarde, o dólar subiu 1,5%, a 5,3610 reais, enquanto o Ibovespa, referência da bolsa local, caiu 3,3%, com as ações preferenciais da Petrobras recuando 6,4%. No mercado futuro, a taxa do contrato DI para janeiro de 2024 subiu para 13,53%.

    Em discursos de posse em Brasília, no domingo, Lula voltou a prometer que o combate à fome e às desigualdades seria a marca de seu terceiro mandato. O presidente também repetiu as críticas à regra do teto de gastos, que chamou de “estupidez”, e prometeu revogá-la, mesmo estando comprometido com um governo fiscalmente responsável.

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    Lula também afirmou que resgatará o papel das instituições estatais, dos bancos públicos e das empresas estatais no desenvolvimento do país, afirmando que especialmente o BNDES e as empresas que promovem o crescimento e a inovação, como a Petrobras, terão papel fundamental neste novo ciclo.

    As declarações do presidente não são novidade e, como destacou a XP Investimentos em nota a clientes anteriormente, reforçam as diretrizes econômicas anunciadas durante a campanha eleitoral. Mas também não trazem alívio aos negócios, já que a sinalização, principalmente fiscal, continua negativa.

    “A ideia de que o governo terá uma postura desenvolvimentista, com maior participação do Estado na economia, pode afetar negativamente o saldo fiscal nos próximos anos”, disse o analista Luis Novaes, da Terra Investimentos.

    Nesta segunda-feira, Lula instruiu ministros a revogar medidas de privatização de estatais tomadas pelo governo anterior de Jair Bolsonaro, incluindo estudos para vender a Petrobras.

    No domingo, ele já havia assinado um decreto que prorroga a isenção do combustível, medida aprovada pelo antecessor com o objetivo de baratear os preços às vésperas da eleição, mas que vai privar o Tesouro de R$ 52,9 bilhões anuais de receita.

    O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, havia dito que a isenção não seria prorrogada, mas depois o senador Jean Paul Prates (PT-RN), indicado à presidência da Petrobras, afirmou que a prorrogação iria adiante, criando uma primeira divergência na área econômica.

    Na visão do sócio e estrategista da Meta Asset, Alexandre Póvoa, o mercado está percebendo que, ao contrário de Antonio Palocci em 2003, Haddad não conseguirá ser um escudo para um Lula muito mais agressivo e intervencionista do que era há 20 anos.

    “Primeiro, uma infeliz declaração (de Lula) que chama de ‘estupidez’ o teto de gastos. Depois ele já contradiz Haddad na questão da recarga dos combustíveis, importante para as contas públicas”, listou.

    Póvoa também destacou a declaração de Haddad de que Lula quer esperar a nova diretoria da Petrobras tomar uma decisão sobre os combustíveis. “Parece que eles vão querer forçar a queda dos preços dos combustíveis para poder devolver o imposto.”

    O ministro da Fazenda também disse nesta segunda-feira que não aceitará um resultado fiscal deste ano que não seja melhor do que a atual previsão de déficit de R$ 220 bilhões, e prometeu uma gestão fiscal confiável. “Não estamos aqui para aventuras”, disse ele, tentando acalmar o nervosismo do mercado.

    “Duas coisas são claras: o novo governo é mais populista e gastador e parece haver algum conflito entre os desejos de Lula e Haddad”, observou o sócio da Nexgen Capital. Felipe Izac.

    Ele acrescentou que a possibilidade de Haddad acabar aceitando “lápis” de Lula preocupa muito, principalmente na questão fiscal. A desidratação do PEC, citou, havia dado início ao bom humor do mercado, mas no domingo esse sentimento se inverteu.

    “O mercado já começou o ano com um balde de água fria.”

    Lula, que tirou milhões de brasileiros da pobreza durante seus dois primeiros mandatos, de 2003 ao final de 2010, criticou Bolsonaro por permitir que a fome voltasse ao país e chorou durante seu discurso a apoiadores no domingo, ao descrever o aumento da pobreza.

    O presidente passa seu primeiro dia de mandato reunido com mais de uma dezena de chefes de estado que compareceram à sua posse.

    Os encontros começaram com o rei da Espanha e continuaram com os presidentes sul-americanos, incluindo os líderes de esquerda da Argentina, Chile e Bolívia, além de representantes de Cuba e da Venezuela, e o vice-presidente da China, Wang Qishan.

    Em uma de suas primeiras decisões no domingo, Lula instruiu seu gabinete a rever a decisão de Bolsonaro de colocar alguns de seus documentos do governo sob sigilo de 100 anos.

    Em seu discurso de posse no Congresso, Lula disse que não busca vingança, mas que todos os crimes cometidos no governo Bolsonaro serão responsabilizados no devido processo legal.

    Bolsonaro viajou para a Flórida 48 horas antes do final de seu mandato, uma ausência que o isola de qualquer risco legal imediato após perder sua imunidade presidencial, disseram especialistas jurídicos, enquanto ele enfrenta investigações sobre sua retórica antidemocrática e a maneira como lidou com isso. com a pandemia de Covid-19.

    (Reportagem adicional de Gabriel Araujo)

    ((Edição Editorial São Paulo))



    Fonte: Noticias Agricolas