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Leite A1 vs A2: Quais diferenças?

    Leite A1 e A2: quais as suas principais diferenças?

    Sumário

    1. Introdução

    2. Caseína

    2.1 Proteínas do soro

    2.2 Proteínas do leite

    3. Diferenças entre o leite A1 e A2

    3.1 Histórico

    3.2 Modificações na sequência de aminoácidos

    3.3 Efeitos no peptídeo BCM-7

    4. Intolerância x alergia

    5. Análise genética

    6. Mercado brasileiro de leite A2

    6.1 Potencial de investimento

    6.2 Certificação de origem e rastreabilidade

    7. Considerações finais

    Introdução

    Tem sido pautas de discussões frequentes atualmente as reações causadas pelo consumo de leite, seja relacionado a alergias ou sensibilidade a produtos lácteos e por isso muito se fala em leite A2, mas para entendermos melhor sobre isso, precisamos primeiro compreender quais as diferenças existentes entre o leite A1 e o leite A2 e o ao que se refere as suas respectivas terminologias.A1 e A2 são genes responsáveis pela produção de uma das variantes da caseína a beta-caseína, considerada a principal proteína do leite, sendo formada por um conjunto de aminoácidos que se diferenciam pela forma de construção da mesma.

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    Considerações Finais

    Diante disso, sabemos que o leite A2 se refere aquele leite produzido por animais que dispõem do gene A2A2 em sua conformação genética, essa identificação dos genes pode ser realizada por análises laboratoriais que irão avaliar materiais biológicos desses animais. É um tipo de leite recomendado para pessoas com sensibilidade ao peptídeo BCM-7 por ser um produto com o processo digestível facilitado. Quanto à comercialização, sabemos que é um nicho de mercado que ainda representa muito pouco do leite total produzido e vendido no país, mas que apresenta possibilidade da especialização do rebanho nacional para que a produção aumente. Entretanto, é algo que requer investimento e tempo, logo, é interessante que exista demanda suficiente para consumir toda oferta. Hoje, já existem produtores que estão apostando no aumento da oferta desse leite e já iniciaram a seleção de animais no rebanho.

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    Tem sido pautas de discussões frequentes atualmente as reações causadas pelo consumo de leite, seja relacionado a alergias ou sensibilidade a produtos lácteos e por isso muito se fala em leite A2, mas para entendermos melhor sobre isso, precisamos primeiro compreender quais as diferenças existentes entre o leite A1 e o leite A2 e o ao que se refere as suas respectivas terminologias.

    A1 e A2 são genes responsáveis pela produção de uma das variantes da caseína a beta-caseína, considerada a principal proteína do leite, sendo formada por um conjunto de aminoácidos que se diferenciam pela forma de construção da mesma.

    Nesse texto iremos discutir sobre as principais diferenças relacionadas ao leite A1 e A2, como também a disponibilidade de análises genéticas para identificação de animais positivos para o gene A2A2 e como se comporta o mercado do leite A2. 

     

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    Caseína

    Já é sabido que o leite é a secreção da glândula mamária de mamíferos e tem sua porção líquida composta basicamente por água e a matéria seca também conhecida como extrato seco composta por sólidos. Dentre esses sólidos estão presentes as proteínas que podem ser divididas em dois grupos:

    • Proteínas do soro: alfa lactobumina e a betalactoglobulina que correspondem a 20% da proteína total;
    • Proteínas do leite: Caseínas (alfa s1, alfa s2, kappa e beta-caseína) que correspondem a 80% da proteína total.

    O gene responsável pela produção de beta-caseína que compõe em torno de 30% da proteína do leite é o CSN-12. Existem 13 variações genéticas para esse tipo de proteína, mas as mais encontradas em bovinos leiteiros são as variações A1 e A2.

    Portanto, definimos que os termos A1 e A2 para se caracterizar o tipo de leite é advindo do tipo de variação da beta-caseína presente no mesmo.

    Diferenças entre o leite A1 e A2

    Historicamente a beta-caseína A2 é a forma original de proteína, pois está presente no rebanho bovino desde a sua domesticação há milhares de anos, a forma A1 surgiu devido a uma mutação genética em torno de 5 a 10 mil anos atrás. 

    A diferença dessas duas variantes se dá devido a uma mudança na sua sequência de nucleotídeos no momento da construção da cadeia de aminoácidos da beta-caseína, a sequência é modificada produzindo o aminoácido histidina no alelo A1 e prolina no alelo A2, ambos se ligam a leucina.

    Entretanto, é importante destacar que o leite A1 é semelhante ao leite A2 em termos nutricionais, ou seja, considerando proteínas, gorduras, vitaminas, carboidratos e minerais, apresentando diferença apenas na posição do aminoácido. 

    Em virtude dessa modificação na sequência de aminoácidos, no momento da quebra dessa proteína, ocorre a liberação de uma cadeia de aminoácidos que é por sua vez um peptídeo, conhecida com beta-casomorfina-7 (BCM-7). É esse peptídeo que causa reações adversas nos seres humanos, sendo considerada um fator oxidante e predisponente ao desenvolvimento de alergia a proteína do leite. 

    Esquema demonstrando a diferença na posição do aminoácido do leite a1 e a2

    Esquema demonstrando a diferença na posição do aminoácido. Fonte: Revista Leite Integral 

    No caso de leite contendo somente a variante A2, a hidrólise enzimática não ocorre, ou quando ocorrer produz o peptídeo (BCM-9) o qual não apresenta nenhum efeito clínico nos seres humanos, ou seja, é um alimento de melhor digestão.

    Intolerância x alergia

    É importante entendermos a diferença entre intolerância a lactose e alergia às proteínas do leite de vaca (APLV): 

    • Intolerância à lactose: se refere a incapacidade do organismo em digerir o açúcar presente no leite, a lactose, geralmente por problemas enzimáticos;
    • Alergia às Proteínas do Leite de Vaca (APLV): nesse caso o que acontece é uma resposta anormal do sistema imune, que desencadeia uma reação a substâncias normais e comuns ao ser humano, nesse caso, a proteína do leite e seus derivados. 

    Sendo assim, o consumo de leite A2 não será efetivo contra a intolerância a lactose, mas poderá ajudar pessoas com reações alérgicas a proteína do leite, especificamente ao peptídeo BCM-7.

    Análise genética

    Existem animais (A1A1) que produzem somente o leite A1, os animais (A1A2) produzem o leite A1A2 e animais com gene (A2A2) vão produzir respectivamente o leite A2, conforme mostrado na imagem abaixo.

    Relação do genótipo do animal e do tipo de leite produzido.

    Relação do genótipo do animal e do tipo de leite produzido. Fonte: Revista Leite Integral 

    Para se saber qual a variante da beta-caseína os animais produzem é necessário realizar a análise do seu perfil genético, ou seja, pelo teste de genotipagem, que analisa tecidos biológicos desses animais.

    Existem laboratórios do Brasil que realizam esse teste a um custo entre R$35,00 e R$65,00 por animal. Além disso, existe o kit de testagem rápida que identifica animais positivos para o gene A2A2 através de uma gota de leite, e pode ser realizado na própria fazenda, cada teste custa em torno de R$ 40,00 e testa um animal.

    Pessoa fazendo teste rápido que identifica animais positivos para o gene A2A2

    Realização do teste rápido que identifica animais positivos para o gene A2A2. Fonte: Scienco

    Várias frequências genotípicas foram descritas em raças utilizadas na pecuária leiteira e uma curiosidade é que de um modo geral as raças zebuínas apresentam maior frequência do genótipo A2A2 do que as taurinas. Resultados nacionais de rebanhos zebuínos leiteiro encontraram frequências gênicas do alelo A2 variando de 89 – 100%.

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    Mercado brasileiro de leite A2

    O Brasil é destaque na produção de leite, estando em 6º lugar no ranking mundial com produção anual de aproximadamente 35 milhões de toneladas, e tem grande potencial de investimento no mercado de leite A2A2 selecionando e estabelecendo o rebanho com enfoque no gene de interesse.

    Esse nicho de mercado ainda representa muito pouco do leite comercializado, cerca de 100 milhões de reais por ano em torno de 1% de toda a renda com leite de vaca. São poucos os produtores no país e a produção ocorrem em fazendas verticalizadas, e com programas de rastreabilidade.

    Existem também, criado em 2019 pela Integral Certificações, o selo VACAS A2A2 que garante a origem e rastreabilidade do leite A2 através de certificação de terceira parte. A Confederação Da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) assinou um acordo de cooperação em conjunto com a Integral Certificações para que o processo de certificação seja mais transparente e robusto.

    Selo de certificação de vacas A2A2

    Selo de certificação de vacas A2A2. Fonte: Revista Leite Integral

    Leite de caixinha do tipo A2

    Exemplos de leite tipo A2A2 comercializados no Brasil, demonstrando o selo de certificação na embalagem.  Fonte: Piracanjuba

    A maior empresa que comercializa leite A2 no mundo se chama A2 Milk Company, fundada em 2000 na nova Zelândia. Além do país de origem, atua nos mercados do Reino Unido, EUA e da China, comercializando leite fluído, iogurte, leite em pó sorvete e fórmulas infantis.

    Considerações finais

    Diante disso, sabemos que o leite A2 se refere aquele leite produzido por animais que dispõem do gene A2A2 em sua conformação genética, essa identificação dos genes pode ser realizada por análises laboratoriais que irão avaliar materiais biológicos desses animais. É um tipo de leite recomendado para pessoas com sensibilidade ao peptídeo BCM-7 por ser um produto com o processo digestível facilitado. 

    Quanto à comercialização, sabemos que é um nicho de mercado que ainda representa muito pouco do leite total produzido e vendido no país, mas que apresenta possibilidade da especialização do rebanho nacional para que a produção aumente. 

    Entretanto, é algo que requer investimento e tempo, logo, é interessante que exista demanda suficiente para consumir toda oferta.

    Hoje, já existem produtores que estão apostando no aumento da oferta desse leite e já iniciaram a seleção de animais no rebanho.

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    Marcos Dornelas - Equipe leite

    Laryssa Mendonça

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    A importância de entender as diferenças entre o leite A1 e o leite A2 tem sido amplamente discutida nos dias atuais, devido às reações causadas pelo consumo de leite, como alergias ou sensibilidade a produtos lácteos. Neste texto, iremos abordar detalhadamente essas diferenças, bem como a disponibilidade de análises genéticas para identificar animais que produzem leite A2 e o comportamento do mercado em relação a esse tipo de leite.

    Antes de adentrarmos nas diferenças entre o leite A1 e o leite A2, é importante entendermos o que é a caseína. O leite é composto basicamente por água e por uma parte sólida chamada de extrato seco, que inclui as proteínas. Existem dois grupos principais de proteínas no leite: as proteínas do soro, como alfa lactobumina e a betalactoglobulina, que correspondem a 20% do total de proteínas, e as proteínas do leite, como as caseínas (alfa s1, alfa s2, kappa e beta-caseína), que correspondem a 80% do total de proteínas.

    O gene responsável pela produção da beta-caseína, que é responsável por cerca de 30% das proteínas do leite, é conhecido como CSN-12. Existem 13 variações genéticas desse gene, mas as mais comuns em bovinos leiteiros são as variações A1 e A2. Portanto, os termos A1 e A2 são utilizados para caracterizar o tipo de leite de acordo com a variação da beta-caseína presente.

    Historicamente, a beta-caseína A2 é a forma original da proteína, presente no rebanho bovino desde a domesticação dos animais há milhares de anos. Já a forma A1 surgiu devido a uma mutação genética ocorrida há cerca de 5 a 10 mil anos. A diferença entre essas duas variantes está na sequência de nucleotídeos que compõem a cadeia de aminoácidos da beta-caseína. No alelo A1, a sequência é modificada produzindo o aminoácido histidina, enquanto no alelo A2 é produzido o aminoácido prolina. A quebra dessa proteína gera um peptídeo chamado beta-casomorfina-7 (BCM-7), que é o responsável pelas reações adversas em seres humanos, como alergias e sensibilidades.

    No caso do leite que contém apenas a variante A2, essa hidrólise enzimática não ocorre, ou quando ocorre, produz o peptídeo BCM-9, que não causa efeitos clínicos nos seres humanos. Portanto, o leite A2 é considerado mais facilmente digerível.

    É importante diferenciar a intolerância à lactose da alergia às proteínas do leite de vaca. A intolerância à lactose ocorre devido à incapacidade do organismo em digerir o açúcar presente no leite, enquanto a alergia às proteínas do leite de vaca é uma resposta anormal do sistema imunológico, que desencadeia uma reação às substâncias presentes no leite. O consumo de leite A2 pode ajudar pessoas com reações alérgicas à proteína do leite, especificamente ao peptídeo BCM-7.

    Para identificar os animais que produzem leite A2, é necessário realizar análises genéticas, como o teste de genotipagem, que analisa tecidos biológicos dos animais. Existem laboratórios no Brasil que oferecem esse tipo de teste a um custo relativamente baixo por animal. Além disso, existem kits de testagem rápida que identificam animais positivos para o gene A2A2 através de uma gota de leite, o que permite realizar o teste na própria fazenda.

    Diferentes frequências genotípicas foram encontradas em raças de gado leiteiro, sendo que as raças zebuínas geralmente apresentam maior frequência do genótipo A2A2 em comparação com as raças taurinas. No Brasil, rebanhos zebuínos leiteiros apresentam frequências gênicas do alelo A2 que variam de 89% a 100%.

    O mercado brasileiro de leite A2 ainda é relativamente pequeno em comparação com o mercado total de leite. Atualmente, representa cerca de 1% da renda gerada pelo leite de vaca, o que corresponde a aproximadamente 100 milhões de reais por ano. No entanto, há um grande potencial de crescimento e investimento nesse mercado, e já existem produtores que estão apostando no aumento da oferta de leite A2, selecionando animais com o gene A2A2 em seus rebanhos. Além disso, foram criados selos de certificação que garantem a origem e a rastreabilidade do leite A2, o que aumenta a confiança do consumidor.

    A maior empresa que comercializa leite A2 no mundo é a A2 Milk Company, fundada em 2000 na Nova Zelândia. Além do mercado doméstico, possui presença nos mercados do Reino Unido, EUA e China, comercializando diversos produtos derivados do leite A2.

    Em suma, o leite A2 é produzido por animais que possuem o gene A2A2 em sua conformação genética. Esse tipo de leite é recomendado para pessoas com sensibilidade ao peptídeo BCM-7, pois apresenta uma digestão facilitada. Embora ainda represente uma pequena parcela do mercado total de leite, o leite A2 possui um grande potencial de crescimento e investimento no Brasil. A identificação dos animais que produzem leite A2 pode ser feita por meio de análises genéticas, e já existem selos de certificação que garantem a origem e a rastreabilidade do leite A2.
    Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo

    Perguntas com respostas:

    1. Quais são as principais diferenças entre o leite A1 e o leite A2?
    – A diferença entre o leite A1 e A2 está na sequência de aminoácidos da proteína beta-caseína, sendo que o leite A1 produz um peptídeo chamado BCM-7, que pode causar reações adversas, enquanto o leite A2 não produz esse peptídeo.

    2. Em quais casos o consumo de leite A2 pode ser benéfico?
    – O consumo de leite A2 pode ser benéfico para pessoas com sensibilidade ao peptídeo BCM-7, que é encontrado no leite A1 e pode causar reações alérgicas.

    3. Como saber se um animal produz leite A1, A2 ou ambos?
    – É necessário realizar a análise do perfil genético do animal por meio de testes de genotipagem, que analisam tecidos biológicos dos animais.

    4. Qual é a frequência genética do gene A2 em raças de bovinos leiteiros?
    – As raças zebuínas, em geral, apresentam uma maior frequência do genótipo A2A2 em comparação às raças taurinas. Resultados nacionais encontraram frequências variando de 89 a 100%.

    5. Qual é a situação do mercado brasileiro de leite A2?
    – O mercado de leite A2 ainda representa uma pequena parcela do leite comercializado no Brasil, cerca de 1%. Porém, existe potencial de investimento nesse segmento, com produtores já selecionando animais para aumentar a produção de leite A2.

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